O ano começou de forma conturbada e com muita cautela. O segmento de transporte rodoviário de cargas foi muito atingido pela crise econômica mundial e alguns setores do transporte passaram todo o ano com algumas dificuldades, principalmente os que operam com comércio exterior. No Brasil, a questão da política econômica adotada pelo Governo Federal acabou proporcionando uma melhor distribuição de renda e, assim, o mercado interno absorveu parte do que anteriormente era destinado ao mercado externo.
A análise agora é de Flávio Benatti, presidente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística – NTC&Logística (Fone: 11 2632.1500).
Ele continua: “durante o ano, o setor cobrou do governo para que acontecesse uma renovação de frota e adequação na infraestrutura, sendo essa a única forma de conseguir a recuperação. Os principais gargalos do TRC são de infraestrutura, tanto portuária, quanto ferroviária e hidroviária, e essa defasagem faz com que projetos logísticos não possam ser desenvolvidos”.
Benatti destaca, ainda, que o setor também espera que o RNTRC – Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas possa melhorar o setor, cumprindo a regulamentação da Lei nº 11.442. Com a exigência do responsável técnico e do curso de formação para o autônomo, a Associação tem a esperança de que se vai separar o joio do trigo. “Esperamos que, assim, possamos ter um quadro dos agentes que operam o setor de transporte rodoviário de carga no país.”
Outro fator a ser comemorado pela entidade é a recuperação econômica. “Começamos o ano desesperançados, mas a economia foi se recuperando e esperamos que ano que vem seja melhor. Acredito que vamos entrar em 2010 em um processo de recuperação, o que poderá melhorar a performance do setor”, destaca, otimista, o presidente da NTC&Logística.
Ainda sobre o próximo ano, Benatti fala que a entidade tem como projeto primordial fortalecer ainda mais a sua área técnica para que se torne uma referência de informações para o setor, além de ser uma eficiente guardiã do setor no país, defendendo e lutando para desenvolver o setor e os profissionais.
“Fora o trabalho exercido pela entidade, acredito que, com o recadastramento do RNTRC, teremos uma visão mais clara do setor e, com a proximidade dos eventos esportivos sediados no Brasil, o governo investirá mais em infraestrutura e na multimodalidade, auxiliando no desenvolvimento do setor de transporte de cargas”, complementa, destacando que esses investimentos vão desde a logística em transportar os materiais para a construção de novos estádios até o investimento em portos, nas estradas e na logística durante os eventos. Ele acredita que ambos os eventos serão muito benéficos ao país e ao setor de transporte de cargas.
Já falando sobre o PAC, Benatti diz que, na sua concepção original, o Programa prevê investimentos de R$ 58,3 bilhões no setor de transportes, entre 2007 e 2011. Deste total, R$ 24,3 bilhões virão da iniciativa privada.
Os maiores investimentos são nos setores de rodovias (R$ 33,4 bilhões) e ferrovias (R$ 7,9 bilhões). Os investimentos no setor rodoviário envolvem 45.337 km de rodovias: recuperação de 32.000 km, adequação e duplicação de 3.214 km e construção de 6.878 km. No caso das ferrovias, está prevista a construção de 2.307 km. O PAC envolve ainda melhorias em 12 portos, 20 aeroportos, construção da eclusa de Tucuruí e 67 portos de navegação interior.
De maneira geral, o PAC tem enfrentado problemas que têm gerado grande atraso na sua execução. Faltavam, por exemplo, projetos executivos para as obras. Há grandes dificuldades com a obtenção de licenças ambientais e dificuldades nas desapropriações. Ou ainda problemas com o controle do TCU, que tem encontrado irregularidade em muitas obras.
“O problema mais grave parece ser a falta de competência do governo para gerenciar todos estes projetos”, analisa o presidente da NTC&Logística.
Assim – ainda de acordo com ele –, muitas obras com conclusão prevista para 2008 e, principalmente, para 2009 ainda não foram entregues. Espera-se que muitas delas sejam inauguradas no primeiro semestre de 2010, por se tratar de ano eleitoral. No final de 2008, o balanço mostrava apenas 9% das obras concluídas, 3.343 km de rodovias pavimentadas e 53 km de ferrovias construídas.
Recente, levantamento da revista Veja mostra atrasos maiores ou menores em relação ao cronograma na maioria das obras. Algumas estavam mais adiantadas e praticamente poderiam cumprir o cronograma, como o trecho norte da Ferrovia Norte-Sul, que não está sendo feita pelo governo, mas pela Vale do Rio Doce. Em situação semelhante estava a conclusão da eclusa de Tucuruí, obra que está sendo realizada pela Eletrobrás.
Das obras tocadas pelo governo, estavam em boa situação a ampliação do cais do porto do Rio Grande, a construção do arco rodoviário do Rio de Janeiro e a BR 101 Nordeste.
“Mantido o ritmo atual, muitas obras previstas para 2010, 2011 e 2012 só serão inauguradas muitos anos depois, como a BR 230 PA (2022), BR 364 Acre (2015), BR 319 (2015), BR 163 PA (2038), Ferrovia Norte Sul trecho sul (2028), Ferrovia Transnordestina (2043), terminais fluviais da Amazônia (2022), Porto de Suape (2022), Porto de Itaqui (2057), Porto de Itaguaí (2098), Hidrovia Paraguai/Paraná (2047), Aeroporto de Guarulhos (2022), Aeroporto de Vitória (obra parada), Aeroporto de Goiânia (2013), Aeroporto de Macapá (obra parada) e Aeroporto de Brasília (na estaca zero). Depois deste balanço, o governo acelerou o andamento de algumas obras, como é o caso da Transnordestina”, completa o presidente da NTC&Logística.
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