Os clientes exigem coberturas que contemplem pronto atendimento a sinistros e custos acessíveis; e as seguradoras exigem planos de Gerenciamento de Risco;
a demanda por seguros aumenta e, com o crescimento do roubo de cargas, o seguro pode ficar mais caro.
Entre outros assuntos, profissionais da área de corretagem de seguros falam, nesta matéria especial, sobre as exigências dos clientes que procuram serviços de seguradoras de cargas; a tendência de aumento da demanda por seguros, devido ao crescimento dos índices de roubo de carga; e a falta de segurança nas estradas brasileiras.
exigências dos clientes
Quando perguntados sobre as exigências dos clientes no momento de contratar uma seguradora de cargas, há um consenso entre os entrevistados: deve-se obter o maior número possível de informações sobre a seguradora. “É importante solicitar à corretora informações sobre a seguradora, tais como classificação no ranking, mix da carteira, prazo médio de pagamento das indenizações de sinistros de transportes, enfim, ter elementos para identificar o seu foco”, afirma Odalí Bonfim, diretor comercial da Gera Seguros (Fone: 11 3966.1220).
Por sua vez, Airton da Silva Junior, diretor comercial da Maxium Corretora de Seguros (Fone: 11 5561.7980), empresa que tem 95% do seu movimento voltado para o seguro de transporte internacional, analisa as exigências com base nos valores das taxas. “Com a forte concorrência, as taxas oferecidas pelas seguradoras estão praticamente niveladas. Com isso, os segurados estão procurando contratar os seguros de transporte, nacional ou internacional, através de corretoras especializadas no segmento, para garantir uma assessoria de qualidade que atenda às suas necessidades, porém as empresas de médio e grande porte geralmente optam por seguradoras de primeira linha e muitas vezes preferem as multinacionais”, salienta. Para Silva Junior, essencial mesmo são as condições obtidas nas seguradoras, como: mercadorias seguradas, limite máximo de indenização e Gerenciamento de Risco.
Na opinião de Sergio Casagrande de Oliveira, vice-presidente da Apisul (Fone: 51 2121.9000) em São Paulo, o cliente busca basicamente a tranqüilidade de que o que está contratando seja mesmo o que irá receber no momento que precisar.
Nesta questão, o diretor-presidente da APR Seguros (Fone: 0800 7712077), Tuca Ramos, analisa que o grande problema é que a maioria dos clientes procura apenas o preço e se esquece, ou está mal informada, sobre o que realmente necessita para que sua operação tenha uma cobertura aceitável. “Por esse motivo, o corretor que atua nesta área deve ter um conhecimento muito abrangente da operação do cliente, como também noções de logística, tecnologias de rastreamento e, logicamente, dos seguros que podem estar sendo aplicados na operação em questão”, diz.
Já Adilson Neri Pereira, diretor da Porto Seguro de Ramos Elementares, Transporte e Porto Aluguel (Fone: 0800 727 0901), resume as exigências dos clientes em: coberturas que contemplem as necessidades, pronto atendimento a sinistros e custos acessíveis.
As exigências das seguradoras
Plano de Gerenciamento de Riscos: essa é a principal exigência das seguradoras para as transportadoras asseguradas. Segundo detalha Bonfim, da Gera Seguros, o Gerenciamento de Risco envolve informações sobre o motorista, o histórico do veículo, tecnologias utilizadas pelas transportadoras e seleção das empresas de monitoramento, ou seja, exigências corretas para transporte de alto valor agregado.
E as exigências, segundo Ramos, da APR, também dependem do grau de risco das operações, além de envolverem uma consulta ao Serasa para verificar a situação da empresa transportadora.
Já Casagrande, da Apisul, parte do princípio de que o óbvio faz a diferença: “não é mais admissível, por exemplo, viagens em que não tenha sido checada a real conservação do veículo ou a habilitação do motorista”. Ele ainda diz que medidas simples de Gerenciamento de Risco geram resultados positivos, e compara as seguradoras a qualquer outra atividade econômica. “As seguradoras vivem de resultados e para isto buscam sempre exigir e adotar medidas que lhe auxiliem na manutenção de um bom coeficiente de sinistros”, afirma.
Segundo Silva Junior, da Maxium, os Seguros de Responsabilidade Civil (RCTR-C/RCF-DC) contratados pelos transportadores têm um alto índice de sinistros, principalmente o RCF-DC, que prevê cobertura de roubo. Por isso, cada Questionário de Análise de Risco enviado para as seguradoras é analisado de forma cada vez mais criteriosa pelos analistas, levando em consideração, basicamente, as principais mercadorias transportadas, percursos e Gerenciamento de Risco utilizado. “Muitas vezes, as seguradoras não aceitam o transporte de mercadorias consideradas ‘muito visadas’ pelas quadrilhas especializadas, como pneus, medicamentos e eletroeletrônicos, elas impõem limite de valor para os embarques e exigem cada vez mais um forte Gerenciamento de Risco”, declara.
Dicas de segurança
1. A empresa deve ter tecnologia adequada para desempenho e acompanhamento das operações;
2. Os motoristas devem ser muito bem treinados e precisam estar em condições físicas e psicológicas para atuar no transporte;
3. O veículo tem de estar em boas condições de utilização, tanto na parte mecânica quanto na de segurança (alarmes, travas e rastreamento). Os documentos também devem estar em ordem;
4. Seguir um Plano de Gerenciamento de Riscos, que determina a rota a ser seguida e os locais onde possam ser realizadas as paradas e pernoites, além do local de estacionamento do veículo. Qualquer atraso ou alteração de percurso deve ser comunicado à empresa contratante ou à gerenciadora de risco;
5. Verificar o itinerário e a incidência de roubo de carga na região;
6. Nunca dar carona;
7. Não parar em acidentes, seguir em frente e acionar a polícia ou a empresa concessionária da rodovia;
8. Manter sigilo sobre as informações referentes ao embarque. Não conversar com estranhos durante as paradas ou comentar próximo a desconhecidos a respeito da carga transportada;
9. Eliminar rotinas não planejadas, como: abastecer depois do carregamento em postos não autorizados, paradas desnecessárias e chegar antes do horário combinado para carga ou descarga das mercadorias;
10. Os motoristas, ajudantes e proprietários dos veículos devem estar devidamente cadastrados nas gerenciadoras de risco para evitar a atuação de “falsos carreteiros ou ajudantes”;
11. Evitar viagens noturnas;
12. Providenciar, periodicamente, revisões mecânicas e elétricas no veículo transportador.
As estradas brasileiras
Um sério problema para corretoras, seguradoras, transportadoras e clientes é a falta de segurança nas estradas brasileiras. De acordo o SETCESP – Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo e Região, de janeiro a setembro de 2007 foram registradas 4.624 ocorrências de roubo de cargas no Estado, sendo 54,89% delas na capital, 20,37% na Grande São Paulo, 16,69 nas rodovias e 8,05% no interior.
Para Casagrande, da Apisul, as áreas mais críticas estão em grande parte na região Sudeste, nos trechos de ligação entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais. Ele ainda faz um alerta: “trafegar em horário noturno, seja em que rodovia for, torna-se extremamente perigoso. As dificuldades de uma pronta resposta eficaz nestes horários é, sem sombra de dúvida, algo mais dificultoso”. Em relação aos acidentes, acredita que há inúmeras rodovias em péssimas condições, de conhecimento de todos e à espera do investimento do PAC e da infra-estrutura nacional.
Ramos, da APR, complementa, citando o Quadrilátero da Maconha, no Nordeste, e o Triângulo Mineiro, como trechos de grande incidência de roubos de carga. “Além disso, normalmente as principais áreas de riscos encontram-se no raio de 150 km das grandes metrópoles, como São
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