Obra sinaliza retomada da Hidrovia Tietê-Paraná

O governo estadual pretende iniciar em outubro a construção de atracadouro de espera da eclusa de Bariri. O valor do contrato com o Consórcio Ster-ETC, vencedor de licitação feita pelo Departamento Hidroviário (DH), ligado à Secretaria Estadual de Logística e Transporte, é de R$ 42 milhões.

O investimento demonstra que a retomada do transporte na Hidrovia Tietê-Paraná é questão de tempo. Há quase um ano e meio houve suspensão das atividades de navegação para o transporte de cargas.

Por meio da assessoria de imprensa, o DH relata que recebeu informações do Operador Nacional do Sistema (ONS) de que o órgão iniciará as operações para transferência de água dos reservatórios localizados na montante de Três Irmãos e Ilha Solteira. A ação permitirá o restabelecimento do nível necessário para retomada da navegação na Hidrovia Tietê-Paraná até fevereiro do ano que vem.

Caso não houvesse a certeza de que a hidrovia poderá ser utilizada em curto prazo, dificilmente o governo estadual autorizaria a realização da instalação do atracadouro de espera da eclusa de Bariri. Pelo contrato, o Consórcio Ster-ETC tem até outubro de 2016 para entregar a obra.

O serviço consiste na construção de sistema que permite acelerar as manobras necessárias para os comboios ultrapassarem o desnível da barragem, com sensível redução no tempo de viagem.

Estudo

Na opinião do consultor e engenheiro naval Joaquim Carlos Teixeira Riva, ex-diretor de Hidrovias e Desenvolvimento Regional da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), a água não pode ser usada somente para a geração de energia elétrica.

“É preciso que haja o remanejamento do sistema para que tenhamos o uso múltiplo das águas”, diz. “Não podem deixar que a navegação morra em prol da geração de energia elétrica.”

Riva elaborou estudos para que haja redução de 1% a 2% da geração de energia para o Sudeste. A água que iria “sobrar” seria destinada aos reservatórios de Três Irmãos e Ilha Solteira, locais onde houve comprometimento do transporte.

Uma das cidades que mais sofreram com a paralisação do transporte hidroviário foi Pederneiras.

O vice-prefeito e secretário de Desenvolvimento Econômico de Pederneiras, Juarez Solana de Freitas (PV), estima que 300 empregos tenham sido eliminados na região diretamente pela interrupção do transporte.

“As empresas estão ansiosas para que o transporte na hidrovia volte a ser realizado”, comenta. “Mas precisamos de projetos que garantam a manutenção do uso da hidrovia de forma constante.