Obras paradas e infraestrutura precária encarecem até 40% do custo de transportes de cargas

O sistema rodoviário tem sofrido não somente com a crise econômica do país, mas também com a precariedade das estradas e a promessa de duplicação de rodovias. Apesar da importância das estradas no desenvolvimento econômico, pouco valor se tem dado a elas. “O desprezo com a infraestutura é uma constante. A especulação de possíveis cortes no orçamento e a suspensão de contratos de supervisão de obras pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), incluindo a BR-381 acendeu ainda mais o alerta para o nosso setor”, comenta Vander Costa, presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg).

De acordo com dados do setor, de 12 a 15 mil caminhões estão parados em Minas Gerais. A estimativa é de que desde o início do ano o número de demissões tenha aumentado 35% em média. Já o Ministério dos Transportes aponta 25,3 mil postos de trabalho nas empresas de transporte e logística somente no primeiro bimestre de 2016. O número representa um terço dos resultados de 2015 quando 76,4 mil pessoas perderam suas vagas no setor.

Dados divulgados pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) no início do ano já apontavam a redução em 11,8% os valores destinados pelo Governo Federal a investimentos para infraestrutura de transporte pelo Projeto de Lei Orçamentária de 2016, redução decorrente dos cortes orçamentários definidos para promover o ajuste fiscal. A mesma entidade também detectou em pesquisa que apenas 11% das estradas brasileiras são pavimentadas, fator que reduz a eficiência do transporte, compromete a segurança dos usuários e encarece em até 40% o custo do transporte.

“Os empresários do setor têm visto o faturamento minguar enquanto a crise política e econômica deixa o país estagnado. É lamentável essa postura do governo. Qualquer leigo sabe que investimento em infraestrutura é a melhor maneira para dar um alento à economia e ajudar o país a voltar a crescer”, afirma Vander Costa.

Segundo o dirigente, essa mudança de planos fez os empresários que investiram em equipamentos amargarem ainda mais prejuízos. Esse investimento se deu na esperança de que as obras como a da BR-381 fossem melhorar a rota entre Belo Horizonte e o Espírito Santo. “Muitos empresários investiram e agora ficarão no prejuízo. Trata-se de mais um crime de responsabilidade do governo, ao começar obras e não terminá-las”, enfatiza Costa.

A sobrecarga da rodovia produz lentidão, buracos e risco de acidentes, gerando prejuízo para os transportadores. “Uma estrutura que já era ruim, com a paralisação de investimentos e obras, vai ficar caótica”, afirma o diretor do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Setcemg), Ulisses Cruz.

“Com as obras paradas, ou seja, com bloqueios na pista, mas sem avanço nas obras, nos restou mais tempo de viagem, mais consumo de combustível, mais consumo de pneus e de componentes de suspensão”, conclui o diretor.