Um processo criado na montadora Toyota nos anos 80 promete otimizar os fluxos também no setor de logística. Por meio da chamada filosofia Lean, Operadores Logísticos estão buscando uma entrega mais eficiente, principalmente na indústria farmacêutica, onde a agilidade está intimamente ligada à manutenção da integridade do produto a ser recebido pelo consumidor. A Temp Log, especializada em logística farmacêutica, é uma das empresas que encontrou na metodologia a solução para melhorar os processos, definir padrões e ter uma maior visibilidade e planejamento da capacidade diária produtiva de todo o time. A meta, agora, é reduzir em até 50% o seu lead time, ou seja, o tempo total de entrega, desde o recebimento da Nota Fiscal até o destino final.
“É o seu processo que faz com que o tempo final das atividades seja muito menor. E é exatamente essa a vantagem do Lean, uma vez que ele ajuda a eliminar desperdícios, diminuir estoques e reduzir o tempo final através de fluxo contínuo. Tudo isso, por meio da adoção de um padrão, pois a logística farmacêutica por si só já exige que as empresas tenham sistema de gestão da qualidade e, com isso, é natural que os processos já estejam definidos, porém muitas vezes não há uma padronização da micro atividade”, destaca o diretor comercial da Temp Log, Ricardo Canteras.
Segundo ele, é fundamental que haja um olhar mais crítico para cada tarefa, pois é o cuidado em cada etapa da operação, incluindo a aceleração de atividades, que vai garantir o resultado final esperado. Na logística farmacêutica, as ações ajudam a evitar a degradação de medicamentos e a consequente perda de eficácia, diante do ganho de tempo, que impede, por exemplo, o excursionamento de temperatura.
“Quando vai montar uma caixa, você pode iniciar colocando os elementos refrigerados ou o plástico bolha. Você sempre faz testes para ver o método mais rápido e quando descobre onde há maior agilidade, adota aquele como o padrão e treina toda a sua equipe. O Lean fala de utilizar ferramentas visuais para ajudar nessa padronização. Esse acompanhamento de cada fase leva à redução de custos, pois eliminamos tudo o que não agrega valor ao cliente final”, explica Canteras, que caracteriza o Lean como disruptivo por causar uma transformação operacional na empresa.
A grande dificuldade, menciona o diretor da Temp Log, está em realmente mudar o conceito de fluxo em lote para individual, sendo necessário reduzir a movimentação de cargas, operadores e de recursos. “É totalmente diferente do modelo de solicitação de carga para o armazém, de ressuprimento, de reendereçamento, de curva ABC. Tem uma série de desafios na parte de layout do armazém, de fluxo de operação não só da carga, mas da informação de sistema. Tem que estar pronto para refazer o que faz hoje com outro olhar, visão e modo”.
Em contrapartida aos desafios, o Lean traz outra grande vantagem: transformar o conceito de problema em algo positivo. É dessa forma que a ferramenta ajuda na melhoria contínua. “Existem relatórios que vão identificar o motivo do problema e possibilidades de solução, visando que não ocorra mais”, aponta Canteras. Na Temp Log, o Lean foi implantado no primeiro semestre deste ano e a mudança já começou. Até o momento, as principais melhorias observadas pela Operadora Logística com a implantação do Lean foram melhor disposição visual do armazém, melhor fluxo e controle de movimentação dos produtos no galpão e redução dos movimentos. “Os nossos operadores estão andando menos, se desgastando menos para produzir a mesma coisa que produziam antes do Lean. Estimamos ganhar de 30% a 50% de redução no tempo total. Mas, vale lembrar que todos os stakeholders envolvidos numa companhia são parte fundamental da implementação do Lean. É impossível implementar 100% sem envolver fornecedores e clientes.”