Os problemas no transporte rodoviário de cargas

Com a modernização dos processos produtivos, as indústrias têm usado a logística como arma fundamental na conquista de mercado, e um dos principais elos dessa cadeia é o transporte rodoviário de cargas.
Porém, o setor tem enfrentado grandes problemas nos últimos anos, que vão desde a estratégia e a definição de posicionamento da empresa até a formação dos preços dos fretes, os quais sofrem fortemente os reflexos dos aumentos de insumos.
Quanto à estratégia, alguns segmentos, como as indústrias químicas, exigem que seus prestadores de serviços documentem seus processos (Certificações ISO) e assumam o compromisso com a preservação ambiental. Essa exigência separou as empresas em dois grandes grupos.
De um lado, estão as organizações que passaram a dar mais atenção à segurança no transporte de cargas, criando dispositivos para reduzir os riscos de perdas com vidas, cargas e prejuízos à natureza. São empresas que se preocupam com a renovação e a inovação, empregando equipamentos novos, implantando planos de manutenção preventiva, investindo em treinamentos de seus profissionais e utilizando recursos de ponta. Elas estão atentas, também, às condições dos pneus e à qualidade do diesel, instituindo, ainda, critérios rigorosos de contratação e seleção de pessoal.
De outro lado, estão aquelas empresas que não possuem este tipo de estrutura, mas que concorrem no mesmo mercado, praticando preços proporcionais ao baixo nível de segurança e qualidade que oferecem.
Quando se torna difícil repassar o aumento de insumos, alguns tomadores de frete encontram nessas empresas uma forma de redução de preços em curto prazo, correndo riscos. Porém, em médio e longo prazo, percebem que o risco não vale a pena.
Mas, até quando empresas com estrutura de qualidade e segurança vão suportar a sua manutenção? Até quando manter esse posicionamento? Como tratar os custos voltados à segurança? Estas são perguntas que fazem parte do dia-a-dia dos transportadores de carga.
Outro problema para o setor envolve os constantes aumentos dos custos dos insumos. Seu repasse, com conseqüente aumento nos preços dos fretes, gera muitos desgastes. Como se sabe, uma parte do preço final dos produtos que consumimos refere-se ao frete, e a alta de insumos afeta a formação de preços: pneus, peças de reposição, lubrificantes, etc. Em especial, o custo do óleo diesel, controlado pelo governo, em função do cenário internacional e dos interesses do mercado interno, tem grande impacto.
A carência de profissionais qualificados é outro obstáculo
ao desenvolvimento de soluções que possibilitem a
redução de custos e ganhos de qualidade. Quem vende
não consegue mostrar e convencer o comprador do que ele tem
para oferecer, apresentando os benefícios da empresa, e muitas
vezes, quem está comprando não tem um bom entendimento
e não consegue identificar as relações de custo
e qualidade/segurança envolvidos na proposta, onde grandes
oportunidades são desperdiçadas.
Há ainda outros problemas a se destacar, e que levariam a
extensas discussões, como: diferenças de fluxos, volumes
e tipos de embalagens, que dificultam o retorno com cargas; as condições
das estradas, que aumentam os custos de manutenção;
as altas taxas dos impostos (incluso pedágios); as altas
taxas de juros, que reduzem a capacidade de financiamento para renovação
de frota e modernização dos processos; as dificuldades
de controle em virtude da grande diversidade e quantidade de informações
e combinações dos agentes envolvidos.
Enfim, a solução para tudo isso não está
concentrada em determinada autoridade e/ou entidade do setor. A
solução está, também, em ações
pequenas, como a criação de estágios dentro
das empresas de transporte para a formação de motoristas
com qualidade, trazendo experiência e aumentando a oferta
de mão-de-obra qualificada. Está na definição
de uma política diferenciada para o diesel, que não
pode ser reajustado com a mesma freqüência que outros
combustíveis. Está na definição de uma
política de contratação de serviços
com parâmetros de comparação de preços
(para não se julgar uma mesma proposta com estruturas diferentes).
E, o mais importante, está na participação
dos profissionais do setor na busca destas soluções,
como, por exemplo, através de um fórum de discussões,
por canais abertos com autoridades e força política
para a implementação das reformas necessárias.

Sandro Norberto
Gerente de Negócios
Grupo Gafor


Comentários

Deixe um comentário