Cerca de 40 milhões de pessoas podem ter sido afetadas pela pane no sistema de transmissão de dados da Telefônica, que teve início na tarde de quarta-feira (2) e terminou apenas às 20h30 de ontem (3), mais de 24 horas após seu início, atingindo usuários de internet em todo o Estado de São Paulo. O cálculo de pessoas prejudicadas é do presidente da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), Leão Carvalho. "O que está acontecendo é pior do que cair um meteoro no Estado. Estamos em uma época de comunicação que não pode ficar fora do ar, porque as pessoas ficam perdidas", afirmou.
A rede de comunicação da Prodesp dá suporte a praticamente todos os serviços da administração pública do Estado. Serviços online do Poupatempo, delegacias, hospitais, redes de educação, Tribunais de Justiça, entre outros, foram seriamente afetados, disse Carvalho. Segundo ele, a Telefônica Empresas, prestadora do serviço de internet banda larga, terá de responder por possível quebra de contrato, que prevê multas de acordo com o grau de interrupção do serviço.
Em nota na noite de ontem, a Telefônica disse que havia sido normalizado o funcionamento de seus serviços de transmissão de dados na Capital paulista, assim como nos demais municípios da Grande São Paulo, nas cidades do Vale do Paraíba e do litoral. Porém, à noite, o problema ainda persistia em outros municípios do interior do Estado. A empresa não informou as causas do superapagão.
Por conta da crise desencadeada ontem na cidade, Leão Carvalho disse que a credibilidade da relação comercial foi afetada e que a Telefônica não será mais a única fornecedora do Estado. "Na licitação de 2011, quando acaba o contrato com a Telefônica, mais de uma empresa será prestadora de serviço".
A Intragov da Prodesp, que tem cerca de 12 mil linhas de comunicação fornecidas pela Telefônica, permite o acesso de diferentes órgãos do governo de São Paulo a seus sistemas informatizados. No começo da tarde de ontem a Prodesp divulgou que 50% dessas 12 mil linhas estavam indisponíveis.
"Evento raro"
No fim da tarde, a Telefônica havia divulgado nota à imprensa, assinada pelo presidente da empresa, na qual classificava a pane como “um evento técnico complexo e raro, que vem exigindo o trabalho ininterrupto de toda a equipe de técnicos e engenheiros da operadora, além de especialistas internacionais vinculados aos fabricantes dos equipamentos."
Prefeitura
A Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município (Prodam) informou que a Prefeitura também foi atingida pela pane. Em uma medição feita às 17h30, a autarquia registrou oscilação entre 40% e 70% de suas unidades sem comunicação. Entre elas estavam as Secretarias de Educação, de Finanças, Saúde, Esporte, o acesso ao Portal da Prefeitura e os serviços online, como o Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) e 10% das 31 subprefeituras.
Ligações por minuto
Além dos serviços públicos, a pane na web atingiu também usuários domésticos que utilizam o Speedy, serviço de banda larga da concessionária.
A Telefônica explora serviços de internet banda larga em 407 municípios do Estado e conta com 2,2 milhões de assinantes. A empresa não quis dar detalhes sobre quantos usuários teriam sido afetados, mas informações de funcionário que não quiseram se identificar dão conta de que mais da metade dos clientes ficaram sem conexão de internet. No dia de ontem, a cada cinco minutos, o call center da empresa recebia mil reclamações. O problema, segundo as fontes, estaria no roteamento de backbone da companhia. O backbone, tradução de "espinha dorsal", é uma rede principal por onde passam dados de todos os clientes da Telefônica: empresas, governos e usuários domésticos do Speedy.
Serviços parados
Polícia Civil e Militar, Corpo de Bombeiros, Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Detran e Poupatempo de São Paulo ficaram sem sistema. As pessoas que chegam às delegacias para registrar boletins de ocorrência foram orientadas a voltar depois. Para casos de flagrante, testemunhas e detidos tiveram de aguardar até o sistema voltar. No caso das unidades do Poupatempo, só funcionaram os serviços de emissão de primeira via do RG e de atestado de antecedentes criminais. Outras expedições, como CPF, carteira de trabalho e seguro desemprego chegaram a ser feitas à mão pelos funcionários.
Fonte: www.dcomercio.com.br
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