Para as empresas farmacêuticas, foco em eficiência e produtividade operacional é estratégia de longo prazo

Segundo dados do IBGE, pelo fato de o Brasil ser um país continental e com taxas de crescimento econômico e PIB per capta históricas mais elevadas nas cidades do interior do que nas capitais, o potencial crescimento de vendas da indústria farmacêutica tem sido deslocado para estas regiões.
Em contrapartida, com o aumento histórico da participação de genéricos nas vendas totais, maior competição de mercado e crise econômica, os preços de vendas sofreram enorme pressão nos últimos três anos e, por outro lado, o custo logístico aumentou significativamente, reduzindo as margens da indústria. “O grande desafio do setor é tonar suas operações as mais eficientes possível, através de aumento de produtividade em seus processos e, consequentemente, reduzindo seus custos logísticos em relação à venda líquida.”
A avaliação é de Fabio Bussinger, sócio-diretor do IFGO – Instituto Farma de Governança Operacional (Fone: 21 3798.9121).
Ainda segundo ele, no setor farmacêutico no Brasil, nos últimos 15-20 anos, o custo operacional, apesar de importante, era um fator secundário de resultados de margem das empresas, em função do grande aumento de demanda de mercado em consequência da mobilidade socioeconômica, crescimento demográfico e aumento de gastos governamentais com saúde, ou seja, era mais relevante para o resultado das empresas o atendimento integral desta demanda crescente do que o custo gerado por tal atendimento.
“Isso gerou significativa distorção ao longo do tempo no setor, impactando na competitividade das empresas, uma vez que o maior ‘driver’ de atendimento à demanda crescente foi uma significativa expansão de infraestrutura de capacidade instalada, mas com baixa eficiência/produtividade destes ativos. Como custos operacionais passaram a ser um fator decisivo de competitividade e resultados financeiros das empresas, principalmente as que comercializam genéricos e genéricos de marca, o foco em eficiência e produtividade operacional se tornou um tema estratégico de longo prazo do setor, e empresas que entenderem tal movimento e investirem mais rapidamente em processos de Governança Operacional e Logística, buscado aumento de produtividade, serão mais beneficiadas, e estarão melhor preparadas no médio/longo prazos, quando da recuperação econômica no Brasil, e consequentemente com retomada de aumento de demanda”, analisa Bussinger.

BCO Farma
Neste contexto, o sócio-diretor do IFGO fala do BCO Farma, uma ferramenta de benchmarking de indicadores de eficiência e produtividade de processos operacionais da indústria farmacêutica, dentre eles manufatura, garantia de qualidade, Supply Chain, utilização de recursos energéticos e inventário. “Os dados do BCO Farma têm auxiliado os executivos e gestores a identificar processos onde possuem maior ou menor competitividade relativa dentre os participantes do painel, focando recursos, sempre limitados, na otimização de processos de menor eficiência relativa.”
Os objetivos e metas dos processos operacionais eram, antigamente, definidos de forma empírica, e/ou com base somente em histórico interno das empresas, porém a experiência prática após dois anos de medições indica que para uma determinado processo aumentar 10% de produtividade para uma empresa pode ser um grande desafio, por já estar entre as empresas de melhor performance deste processo específico, enquanto para outras empresas um aumento de 10% trará aumento marginal de competitividade de mercado, por estar muito abaixo da média das empresas.
“Os participantes do BCO Farma informam seus dados operacionais todos os meses de forma remota, através de página Web, sendo o banco de dados criptografado e com certificação digital. Além disso, as empresas são identificadas por códigos alfanuméricos, e não nominalmente, garantindo total confidencialidade. A cada bimestre todos os participantes recebem relatório com 24 indicadores de produtividade atualizados com resultados year-to-date, média do último bimestre e média do ano anterior completo, sendo capaz de analisar evolução histórica e tendências”, completa Bussinger.
Ele continua: “No painel de indicadores temos dados relacionado à logística das empresas, principalmente produtividade das operações dos armazéns de materiais e distribuição, além de comparativo de nível de inventário das empresas (Days on hand), podendo cada empresa buscar constantemente aumento de eficiência de operação dos armazéns com base em referências concretas ‘best in class’ do mercado”.

Papel do IFGO
O Instituto Farma de Governança Operacional tem como missão o aumento de competitividade local e Internacional das empresas farmacêuticas com operações no Brasil, através de fornecimento de informações estratégicas de benchmarking, melhora dos processos de Governança Operacional e educação executiva para os diversos profissionais da indústria.
Analisando os dados de produtividade geral das empresas do painel BCO Farma, houve um aumento médio de 8% em 2016 versus 2015, praticamente compensando toda inflação de salários dos funcionários das áreas operacionais das empresas, uma vez que o aumento sindical foi em torno de 7% no ano de 2016.
“Lançamos, em conjunto com Sindusfarma – Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo e ABIQUIFI – Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica e de Insumos Farmacêuticos, em 2016, o primeiro programa de certificação em Governança Operacional Farma, e a segunda turma teve início em abril. Entre os executivos e profissionais certificados e inscritos para esta 2ª turma, temos quase 80 pessoas de 24 diferentes empresas do setor, o que demonstra grande aderência ao projeto, bem como atendimento de demanda de formação executiva de qualidade para processos de gestão operacional”, completa .