Para presidente do SETCESP, setor de transporte rodoviário de cargas passa por transformações

O setor de transporte de cargas no Brasil tem se transformado muito nos últimos tempos. Diversos motivos têm influenciado estas mudanças e algumas delas são o agravamento da crise econômica e o excesso de oferta que está no mercado. Com um ambiente muito severo de negócios, apenas as empresas mais organizadas e focadas nas suas segmentações conseguem se manter ativas.
“O movimento de fusões e consolidações vem crescendo também, e a entrada de multinacionais tende a trazer um efeito muito forte neste sentido. Todavia, existem muitas consolidações entre as empresas brasileiras e certamente teremos um mercado totalmente diferente em alguns anos.”
Esta análise do setor de transportes no Brasil é feita por Tayguara Helou, presidente do SETCESP – Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (Fone: 11 2632.1000) e vice-presidente regional da FETCESP – Federação das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo e Região.
Ainda segundo ele, as perspectivas para o TRC – Transporte Rodoviário de Cargas são muito difíceis, pois as empresas, os autônomos, as cooperativas e a carga própria disputam um mercado cheio de distorções. As operadoras com gestão mais eficiente e comprometimento com a qualidade de suas receitas financeiras, e não somente com a quantidade de carga transportada, se destacarão em médio prazo, mas muitas empresas estão sendo obrigadas a reduzir suas estruturas para se adequar ao severo ambiente de negócios do TRC. “Estamos para entrar em uma fase mais difícil ainda com a re-oneração da folha de pagamento, pois o aumento deste tributo certamente será uma pá de cal para muitas empresas do setor”, completa Tayguara.

Problemas
Além destes, o presidente do SETCESP aponta outros problemas enfrentados pelo setor.
O primeiro envolve as tarifas baixas. “O excesso de oferta e o agravamento da crise são os grandes responsáveis pela grande redução de tarifas, todavia esta baixa dos fretes tem se demonstrado muito perigosa, pois uma operação de transporte sem margem pode ser o motivo principal de acidentes e perdas muito severas para transportadores e embarcadores.”
O segundo problema é a indústria da ação trabalhista. De acordo com Tayguara, este tem sido um dos piores problemas do setor e nem os trabalhadores ganham mais com esta situação. “A empresa está de mãos atadas e não consegue mais remunerar e capacitar seus funcionários, pois se um empregado é promovido, por exemplo, e não desempenhar o seu papel de forma satisfatória naquela nova posição ele não pode voltar para o cargo antigo, então só resta a demissão. A própria demissão se tornou muito cara e com custos exorbitantes.” Hoje – continua Tayguara –, as empresas evitam ao máximo as contratações com receio das condenações abusivas, já que muitos escritórios de advocacia que defendem funcionários estão aliciando os mesmos para pedidos inexistentes, comprando as ações e discutindo anos com a empresa no judiciário e, no final das contas, recebendo valores muito maiores do que o acordado com o próprio trabalhador.
Outro problema é o roubo de cargas que está totalmente fora de controle. “Em algumas regiões do país, como, por exemplo, no Rio de Janeiro, muitas empresas estão sendo vítimas diárias das facções criminosas que, através do roubo de carga, se armam contra a sociedade brasileira, portanto este é um grave problema para todos os brasileiros.”
O quarto problema é a carga tributaria. Tayguara diz que o transporte é o segmento da economia mais taxado pelo fisco, 48% de tudo que uma transportadora fatura vai para o pagamento de impostos e taxas. “O TRC é o principal pivô para o desenvolvimento da sociedade, ele é responsável por levar empregos e trazer impostos; somos responsáveis pelo desenvolvimento da indústria, pois levamos a matéria prima para ser transformada e transportamos, depois, os produtos acabados até os diversos pontos de venda ou até a casa do consumidor final. Quando há uma carga tributária tão pesada em um setor importante como o nosso, acontecem duas situações problemáticas: 1 – o setor perde a capacidade de se inovar, prejudicando o nível de serviço para a produção interna; e 2 – encarecimento de tudo que é feito no Brasil, tirando a competitividade do mercado brasileiro.”
O presidente do SETCESP aponta, ainda, que a falta de infraestrutura é, também, um grave problema. Hoje há dois tipos de estradas no Brasil: as intransitáveis pela suas péssimas condições e as inviáveis que, em sua maioria, são privatizadas e possuem ótima infraestrutura, mas se tornam inviáveis do ponto de vista dos altos valores dos pedágios.
O sexto problema apontado por Tayguara envolve os graves transtornos com o abastecimento urbano das grandes cidades que, com o passar do tempo, restringiram a circulação dos veículos de carga sem o mínimo critério técnico. Isso causou o aumento do trânsito, pois, para conseguir cumprir com suas obrigações, os transportadores e os embarcadores optaram por veículos pequenos, ou seja, ou invés de usar o VUC – Veículo Urbano de Carga estão usando cinco pequenos caminhões para transportar a mesma quantidade de carga.
“As soluções para todos estes problemas vão de simples a muito complexas, mas com um pouco de força de vontade, visão técnica, neutra e livre de preconceito podemos, sim, encontrar soluções para todas estas questões”, completa Tayguara.
Sobre a relação embarcador/transportador, o presidente do SETCESP diz que a com grandes embarcadores nos dias de hoje é regular, pois estes buscam apenas a redução de custos, ignorando até mesmo as questões de segurança, pois tarifa baixa é o principal gerador de acidentes hoje em dia.

Prêmio Top do Transporte
Tayguara também aproveita para avaliar o Prêmio Top do Transporte, promovido pelas revistas Logweb e Frota&Cia. e que aponta as melhores transportadoras em vários segmentos através do voto do próprio embarcador.
“O prêmio Top do Transporte é uma iniciativa brilhante, pois premia as empresas organizadas e sérias que são reconhecidas pelos seus embarcadores, criando, desta forma, um local de referência para os transportadores e de consulta para os embarcadores.”