Paraná quer virar ‘hub’ logístico da América do Sul

O interesse da China em investir no Paraná fez com que, após comitiva paranaense passar uma semana no país, representantes da gigante chinesa China Communications Construction Company (CCCC) já marcassem visita ao Brasil. Representantes da holding estarão no Estado hoje e amanhã. O objetivo é avançar nas tratativas para a construção do corredor ferroviário bioceânico, orçado em R$ 8 bilhões. O corredor, diz o governador Ratinho Jr. (PSD), fará do Paraná o “hub” logístico da América do Sul.

Projetos semelhantes de corredores bioceânicos já foram discutidos outras vezes. Nenhum saiu do papel. Ratinho Jr. lista por que acredita que desta vez o projeto vingará. Ele argumenta que o traçado proposto, saindo do Paraná, passando por Paraguai, Argentina, até o Chile, é o mais curto. E argumenta que o Estado está numa posição geográfica capaz de atender 70% do setor produtivo da América do Sul. O governador diz ter demanda pela nova rota de escoamento, já que, das dez maiores cooperativas agrícolas da América Latina, seis estão no Paraná. Ratinho Jr. conversou com o Valor logo após reunião com embaixadores do Chile e do Paraguai. Segundo ele, os quatro países envolvidos têm interesse no corredor.

As maiores obras do projeto seriam no Paraná e no Paraguai. No último, toda linha férrea ainda precisa ser construída. Seriam 600 km, orçados em R$ 7 bilhões. Em solo paranaense é necessária a ampliação da Ferroeste, no trecho de 140 km entre Cascavel e Foz do Iguaçu.

Ratinho Jr. cita que o presidente Jair Bolsonaro quando recebeu o presidente do Chile, Sebastián Piñera, defendeu o corredor. Além disso, o tema já vem sem tratado com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, desde a transição. Há possibilidade de a parte do projeto ser financiada com recursos da usina binacional Itaipu, o que depende de negociação com o Paraguai.

O governador do Paraná argumenta também que a própria China tem muito interesse econômico no projeto, em grande parte pela demanda por comida pelo país asiático. Ratinho Jr. ressalta que o Paraná e a China já mantêm boa relação comercial. O mercado chinês é o principal destino das exportações paranaenses (44% do total exportado em 2018).

A China não está interessada apenas no corredor, segundo o governador. Também estão em discussão investimentos em portos e a concessão de rodovias no Estado a companhias chinesas.

Fonte: Valor