A frase acima, de José Geraldo Vantine, define o papel alcançado pelo palete PBR na cadeia de abastecimento do Brasil. Mesmo considerando os problemas existentes, são vários os seus benefícios.
O palete Padrão Brasil – PBR nasceu da iniciativa de um grupo de profissionais dentro da ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados em 1988, quando foi criado o GPD – Grupo de Palete de Distribuição. Este Grupo desenvolveu, durante dois anos, 16 diferentes projetos de paletes até chegar no modelo denominado PBR.
“O PBR surgiu com o objetivo de padronizar a cadeia de distribuição logística, permitindo a mecanização desde a saída da produção, passando pelos caminhões e depósitos e chegando no ponto de venda e, assim, otimizar o tempo e os custos da movimentação”, explica José Geraldo Vantine, diretor da Vantine Consultoria e um dos criadores do PBR.
Mas, passados vários anos de sua criação, o PBR enfrenta problemas dos mais diversos tipos, como atestam algumas dos representantes das empresas credenciadas pela ABRAPAL – Associação Brasileira de Fabricantes de Palete PBR (ver box) para a sua produção.
Por exemplo, José Ricardo Braulio, coordenador da José Braulio Paletes, acredita que, hoje, a maior dificuldade encontrada é a matéria-prima, já que a madeira de pinus e eucalipto está cada vez mais difícil de ser negociada e com forte pressão de preços, devido à exportação em alta e com preços muito atrativos. “Além do preço da matéria-prima, um outro problema encontrado é a inconstância do mercado, que possui picos imprevisíveis e indeterminados, às vezes criando gargalos na produção, dificultando nosso prazo de entrega”, diz ele.
Já para Marcelo Canozo, diretor da Fort Paletes, um dos maiores problemas está relacionado com a concorrência “pirata” que se encontra no mercado de paletes PBR no Brasil. De acordo com ele, atualmente, segundo dados da ABRAPAL, existe em operação no Brasil aproximadamente 60 fabricantes “piratas”, ou seja, fabricam paletes PBR, porém não são credenciados pela ABRAS.
“Isto desmoraliza o setor, uma vez que os preços praticados por esses chamados ‘piratas’ são totalmente anticompetitivos, pelo fato deles não possuírem nenhuma espécie de custo que o fabricante credenciado possui, como, por exemplo, manutenção da qualidade (todo fabricante credenciado é inspecionado anualmente pelo IPT- SP), responsabilidade social, pagamento de tributos, responsabilidade quanto à segurança dos paletes, etc.”, diz ele.
Neste contexto, Antonio Valdir Zelenski, gerente comercial da Matra do Brasil, lembra que, no palete “pirata”, somente o dimensional é igual ao PBR (1000 x1200mm), o que faz com que o comprador esteja pagando mais caro por um palete “pirata”. “Por exemplo, um palete PBR custa em torno de R$ 30,00 e utiliza 0,065 m3 de madeira. Já um palete ‘pirata’ custa em torno de R$ 23,00 e utiliza, em média, 0,048 m3 de madeira. Veja que interessante: o palete PBR custa R$ 461,54 por m3 e o palete ‘pirata’ custa R$ 479,17 por m3. Ou seja, paga-se 3,82% mais caro por um palete que não atende às especificações técnicas, tem vida útil mais curta e oferece riscos com segurança, além de prejuízos que podem ir desde acidentes com vidas humanas até o desabamento total de uma estrutura porta-paletes”, alerta Zelenski.
Por outro lado, Canozo, da Fort Paletes, aponta outro problema muito grave, “poderíamos até quantificar como o maior”, que é o comércio ilegal de paletes PBR usados. De acordo com ele, esse comércio tem movimentado volumes expressivos a nível de Brasil, o que vem interferindo na venda do paletes PBR novo. “O grande problema legal dos paletes usados é saber sua origem não comprovada. É muito simples: o palete PBR é um ativo na empresa e, por isso, ninguém faz doação, portanto como pode existir no mercado um volume tão grande de paletes usados à venda? Vale a pena o usuário/comprador refletir”, destaca o diretor da Fort Paletes.
Já o gerente comercial da Matra informa que 70% do parque de paletes PBR em circulação encontra-se sucateado, uma vez que não há reposição de unidades novas no pool nacional.
Além deste problema de comércio ilegal de paletes PBR, João Alberto Gewehr, diretor da Madeireira e Ferragem São João, também aponta o decorrente dos paletes fora das especificações. “Ou seja, não há critério do tempo útil. Até hoje ainda não ficou claro quando um palete usado deve ser retirado de circulação. Ainda observamos grandes redes de supermercados e indústrias condenando paletes e, quando os mesmos são retirados de circulação, não são destruídos, caindo em mãos de ‘picaretas’ que apenas efetuam alguns reparos sem as devidas especificações técnicas e retornam o palete ao mercado, infectando o estoque nacional”, diz ele.
Neste contexto, também cabe a observação de Zelenski, da Matra do Brasil. Segundo ele, também há problemas no retorno e na manutenção dos paletes. “Por ocasião da coleta, são entregues em torno de 40% de paletes ‘piratas’, one-way e quebrados, o que eleva o custo operacional das indústrias, que são obrigadas a reformar paletes e baixar de seus ativos os paletes ‘piratas’ e one-way”, destaca.
Já para Alexandre Rodrigues, da Ripack Embalagens, a qualidade dos paletes fornecidos/produzidos no mercado – na grande maioria – é o principal problema do PBR, pois este palete, “ao contrário do que muitos pensam, não é um simples palete, e possui normas e exigências que, se não cumpridas, pode comprometer seu desempenho e afetar a relação custo x beneficio”.
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.