Portapaletes: bom momento do mercado incrementa o uso

E também leva à aplicação das estruturas – nos seus mais diversos tipos – em vários segmentos, além de promover o desenvolvimento de novos incrementos, novos “modelos”. Mas, para que a funcionalidade seja plenamente alcançada, vários tópicos devem ser levados em conta na hora da escolha.

O mercado de estruturas para armazenagem (verticalização) apresentou um crescimento em torno de 15% em 2010 e estamos acreditando na manutenção deste número em 2011. “Dentro deste cenário, as estruturas portapaletes são a mais utilizadas, em função da flexibilidade na utilização e do menor custo de investimento.”

Com esta avaliação, Paulo José Ribeiro do Vale, gerente de negócios da Águia Sistemas de Armazenagem (Fone: 42 3220. 2666), abre esta matéria especial sobre as estruturas portapaletes.

Análise semelhante, a respeito das características das estruturas, faz Breno Buch, supervisor comercial da Mecalux do Brasil (Fone: 0800 7706.870).

De acordo com ele, estas estruturas são as mais versáteis. Podem ser utilizadas nos mais diversos tipos de aplicações e produtos. “Pelo seu ótimo custo/benefício e por sua imensa capacidade de adequação aos mais variados segmentos, podemos dizer que o sistema portapaletes é o carro chefe deste mercado e acreditamos que dificilmente perderá esta posição.”

Quem também faz um balanço deste segmento é Andréia Patricia Souza de Oliveira, vendedora da AL&DD Comércio de Produtos Metalúrgicos (Fone: 11 4023. 4205), para quem a tendência do mercado é de crescimento continuo.

Segundo ela, as vendas tendem a aumentar visando a vários mercados, desde um pequeno lojista até as multinacionais. Isto porque, segundo Andréia, todos necessitam de espaço e qualidade de armazenagem. “Sabendo-se que a logística eficiente pode representar um diferencial de uma empresa, há uma busca constante em aperfeiçoamento desse segmento”, complementa.

Também otimista está Fernando Montenegro, diretor comercial da MetalShop Indústria e Comércio (Fone: 81 3452.6500). Segundo ele, o mercado de portapaletes, após um período morno em 2009/2010, está bastante aquecido em 2011 – o desenvolvimento constante e consistente do Brasil é, sem dúvida, um dos grandes fatores para esse aquecimento. As indústrias, em sua grande maioria, têm tido a necessidade de elevar seus estoques por conta da alta demanda e, em consequência, seus Operadores Logísticos e transportadores seguem a mesma tendência. Os atacadistas e varejistas, com o aumento do número de lojas e novos modelos de loja, o atacarejo, também necessitam de novas áreas para armazenar grande quantidade de produtos. A soma desses fatores – destaca Montenegro – tem refletido numa grande quantidade de projetos,orçamentos e contratações. “Em virtude desse cenário, esperamos um crescimento em torno de 40%”, completa.

Marcos André Passarelli, diretor de operações da Ulma Handling Systems (Fone: 11 3711.5940), também considera que o mercado de estruturas portapaletes está muito aquecido devido ao excelente momento econômico pelo qual o Brasil passa. As estruturas de armazenagem apresentam tendência de grande procura, o que indica a disposição da economia em armazenar produtos. “Em outras palavras, bens e riqueza.”

Ainda segundo Passarelli, neste momento deve-se observar as boas soluções para evitar especificações inadequadas à realidade da logística da empresa e evitar decisões por impulsos, comprometendo o desempenho da empresa na produção de riquezas. “Por isso, recomenda-se a consulta a especialistas na área de manuseio e movimentação de materiais, particularmente a especialistas em automação de armazéns, caso a solução necessite de muitos movimentos nos fluxos de entrada e de saída, principalmente na função de separação de pedidos. Não se admite, na atual conjuntura, outras formas que não levem em conta a agilidade na busca, acuracidade das informações com profundidade na análise dos problemas e das soluções na logística.”

Na prática – continua o diretor de operações da Ulma –, infelizmente tem-se constatado uma quantidade relativamente grande de soluções imediatistas, que por vezes acabam por travar o desenvolvimento da logística dos usuários que optaram por especificar o tradicional, sem analisar com mais profundidade as reais necessidades atuais e futuras.

 
Novas aplicações

Como se pode notar, o otimismo é o mote nas respostas dos representantes das empresas que atuam no segmento de estruturas portapaletes ouvidos pela Logweb.

Diante disto, e também como uma forma de também provocar um aquecimento do mercado, quais são as novas aplicações para estruturas portapaletes?

Andréia, da AL&DD, informa que a cada dia se faz maior o número de empresas que optam pelo uso de portapaletes. Muitas as utilizam não só para armazenagem, mas, também, para exposição do material aos seus clientes.

Hoje, continua a vendedora da AL&DD, um mercado que tem tido grande expansão é o de vendas pela internet. Os clientes visam, além da qualidade e credibilidade, à comodidade quando efetuam esse tipo de compra. Mas essas empresas necessitam fazer com que o produto chegue aos seus clientes em um tempo hábil e com qualidade garantida. Como seu público alvo está nas grandes cidades, precisam obter espaços onde o metro quadrado é de valor muito elevado. Então, optando pelo uso de portapaletes, a empresa que atua pela internet conseguirá aumentar seu número de produtos para pronta entrega sem ter de fazer investimento elevado em imóveis.

“Das novidades da Mecalux, podemos destacar um equipamento de movimentação em portapaletes convencionais lançado há pouco tempo, e que é um transelevador (robô) para armazéns já existentes. Estes transelevadores são a solução para automatizar estantes convencionais de até 15 metros de altura. Dispõem de um sistema de extração trilateral integrado e substituem totalmente as máquinas trilaterais alimentadas por baterias que necessitam de manipulação com operador a bordo”, acrescenta Buch, da Mecalux do Brasil.

Ele cita, ainda, outra novidade da sua empresa: o Movirack (bases móveis). “Trata-se de um sistema de armazenagem de alta densidade sobre estruturas móveis. Com o Movirack consegue-se compactar as estantes e aumentar a capacidade de armazenagem sem perder o acesso direto a cada palete. As estantes ficam sobre bases móveis guiadas que se deslocam lateralmente; assim, são suprimidos os corredores e no momento necessário abre-se somente o de trabalho. É o operário quem dá a ordem de abertura automática através de uma ordem a distância ou, de forma manual, pressionando um interruptor.”

Montenegro, da MetalShop, também aponta outra novidade: um caso interessante que surgiu nesse ano foi um sistema tipo portapaletes convencional com planos metálicos para armazenagem de amostras de minerais, ou seja, armazenagem de “pedras” em caixa. Outro caso de destaque foi a armazenagem de motos também em portapaletes convencionais.

MetalShop aposta na automatização
A pernambucana MetalShop, considerada líder na produção de sistemas de armazenagem no Nordeste, aposta da automatização da fábrica e acaba de adquirir dois robôs de solda, os primeiros da indústria metal-mecânica de Pernambuco, com expectativas de incrementar a produtividade em 90%.
O braço mecânico de seis eixos reproduz com perfeição todos os movimentos da mão humana com precisão cirúrgica. Do tamanho de um homem, o equipamento ocupa um espaço de 30 m² – apenas um décimo do necessário anteriormente para realizar a mesma atividade. O robô, de fabricação alemã, é o mesmo utilizado na indústria automobilística e faz parte da linha de produção de fábricas como a Audi e a Volkswagen. “Nós pretendemos adquirir outros seis robôs nos próximos dois anos para outras aplicações, ampliando o processo de automatização da fábrica”, afirma o diretor administrativo-financeiro da MetalShop, André Montenegro.

Como escolher

Diante das peculiaridades das estruturas portapaletes e de seus tipos – portapaletes convencional, para corredores estreitos, para transelevadores, autoportante, deslizante, drive-trough, drive-in, estrutura dinâmica, cantilever e push-back, segundo metodologia utilizada pela FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – como escolher a mais adequada? Como definir o tipo mais adequado para cada aplicação?

Para Montenegro, da MetalShop, muitos fatores precisam ser considerados na escolha do equipamento correto a ser utilizado. “Se desejamos seletividade, velocidade e facilidade no acesso a cada palete individualmente, o equipamento mais recomendado é o portapaletes convencional. Quando o assunto é grande volume com blocagem compacta, a melhor opção é o drive-in. Se falarmos de controle do FIFO com grandes volumes, necessitaremos de um drive-in dinâmico e temos, também, os pequenos volumes que simples estanterias resolvem o problema, ou seja, cada caso tem que ser bem estudado levando em conta a real necessidade de cada cliente.”

“Para a definição da estrutura a ser utilizada para a verticalização do estoque devem ser observados diversos fatores, como pé-direito disponível, tipo de equipamento para movimentação, altura e peso do palete/carga, tipo do produto a ser armazenado, necessidade de FIFO – First In/First Out (primeiro a entrar, primeiro a sair); valor disponível para investimento; etc.”, explica Vale, da Águia.

Por seu lado, Andréia, da AL&DD, ressalta que a estrutura portapaletes é utilizada em vários segmentos e, para definir qual é o mais adequado para aplicação, é necessário verificar qual a real necessidade do cliente; o espaço que será destinado ao projeto; a finalidade que ele almeja verticalizando; qual material ele irá armazenar; as dimensões e o peso do material que ele irá armazenar; e se nessa estrutura ele pretende utilizar paletes ou não.

“Por ser uma estrutura onde se têm 100% de acessibilidade, normalmente é mais aplicada em operações com significativo mix de produtos e de fracionamentos (pickings), porém, o sistema portapaletes é muito versátil e não existe uma regra ou limitante para aplicação deste sistema”, completa o supervisor comercial da Mecalux.

Finalizando, Passarelli, da Ulma, informa que na escolha de estruturas portapaletes há que se considerar a necessidade da frequência de acesso com flexibilidade, dependendo da quantidade de SKUs, uso racional da área construída por questões de corredores largos devido ao uso de empilhadeiras, formas adequadas de manuseio e movimentação dos materiais, privilegiando as operações de picking.

E o diretor de operações da Ulma faz uma advertência: se não forem observadas as reais necessidades das funções logísticas, via de regra podem exigir percursos longos, agregando custos, além de inviabilizar a operação.

Também devem ser levados em conta a densidade de armazenagem de acordo com a operação e os produtos, quantidades de unidades de carga envolvidas, bem como as características dos produtos, do mercado e da política de serviço a ser adotada. “São muitas variáveis importantes a serem analisadas. Portanto, não basta apenas a simples escolha do sistema de armazenagem disponível no mercado, desprezando estas importantes variáveis.”

Passarelli continua: há que se recorrer a especialistas com reconhecida experiência prática de ampla visão, para análise correta da abrangência das operações, antes de se escolher a estrutura adequada e todos os periféricos necessários ao perfeito funcionamento do sistema.