Enquanto o poder público tenta resolver a questão dos estacionamentos de caminhões no Porto de Santos, a iniciativa privada sai na frente e começa a pensar na qualidade e na segurança de caminhoneiros que atuam no transporte de produtos no cais santista. Na última semana, uma central de triagem e estacionamento particular começou a funcionar em um terreno na retroárea do complexo marítimo, em Cubatão.
A iniciativa é da Raízen, empresa criada a partir de uma parceria entre o grupo sucroalcooleiro Cosan e a multinacional do setor energético Shell e que se tornou a principal fabricante de etanol de cana-de-açúcar do País, uma das maiores distribuidoras de combustíveis do Brasil e a maior exportadora individual de açúcar de canal no mercado internacional. No Porto de Santos, movimenta granéis líquidos – etanol (exportação) e combustíveis derivados de petróleo (importação).
O novo pátio de triagem e estacionamento de caminhões da empresa foi instalado numa área de 22 mil metros quadrados na Estrada de Pilões, no bairro Fabril. E oferece uma estrutura básica para caminhoneiros. “Queríamos dar uma atenção aos motoristas e caminhões, tirá-los da frente do terminal, manter o motorista e a carga em segurança. Não queríamos ficar aguardando o poder público e resolvemos tocar o assunto”, explica o gerente de operações de Transporte da companhia, Eduardo Lucena.
O executivo conta que a implantação deste centro foi motivada pela falta de organização na recepção aos motoristas no Porto. “Havia uma desorganização muito grande e condições ambientais não adequadas para esses trabalhadores. Queríamos uma operação melhor desenvolvida”, explicou.
Para resolver o problema, o novo centro de triagem conta com um espaço para o estacionamento de 100 veículos de carga, além de vestiário e refeitório. A estimativa é de que passem pela instalação caminhões-tanques capazes de transportar 1,6 bilhão de litros de produtos por ano.
O local ainda terá uma área administrativa, com escritório e espaço para cursos de capacitação profissional, e vigilância 24 horas por dia. “Estamos criando uma estrutura de agendamento, para definir os melhores caminhos e fazer a melhor operação”, afirmou Eduardo Lucena.
A intenção é que o caminhoneiro possa aguardar no centro de triagem o momento de carregar ou descarregar no Porto. “A ideia é que também as transportadoras contratadas possam levar os motoristas para descansar em algum lugar da região, seja em hotel ou imóvel alugado, enquanto outro funcionário pode carregar o caminhão e deixá-lo pronto, no pátio, para a partida do caminhoneiro”, diz o representante da Raízen.
Ao todo, com a instalação do centro, reformas para implantação de outras áreas e a infraestrutura necessária para operar, a Raízen deve investir cerca de R$ 4 milhões neste ano.
Reivindicação da categoria
Na semana passada, um grupo de caminhoneiros autônomos fez uma passeata pelas ruas de Santos, reivindicando a criação de vagas de estacionamento em áreas próximas ao Porto.
A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) afirma que, atualmente, os caminhoneiros contam com seis locais para estacionamento e estudam outro local, na Avenida Augusto Barata. Os caminhoneiros, que ocupam um terreno na Zona Noroeste, conseguiram ser atendidos pela Prefeitura, que, juntamente com a Codesp, busca resolver a questão.
Fonte: A Tribuna/SP