O porto de Santos vai entrar em 2021 com a projeção de novos arrendamentos que vão gerar R$ 4,8 bilhões em investimentos, além de mais R$ 2 bilhões em novos acessos rodoferroviários. Além disso, estarão em andamento obras que movimentam investimentos de R$ 1,5 bilhão.
Tudo isso antes de seu processo de desestatização, que está em fase de estudos.
O porto já teve a conclusão de outras quatro obras em 2020, todas recém-inauguradas. Entre elas, a construção de uma pera ferroviária (desvio usado para mudar a direção de uma composição), que aumentou o transporte de celulose por meio de trens. Os investimentos somaram R$ 1,057 bilhão.
A SPA, que administra o porto, ainda estima outros R$ 387 milhões nas avenidas perimetrais.
Os investimentos em ferrovias vão ganhando força. A projeção é que os trens subam de 33% a 40% o share de participação no transporte de cargas no porto de Santos, segundo Diogo Piloni, secretário nacional de Portos.
“Isso está na linha do que é o planejamento do PDZ (Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto de Santos). Ele tem alguns pilares, e um deles é a questão da utilização mais massiva do transporte ferroviário para o porto”, afirmou Piloni.
Fernando Biral, diretor-presidente da SPA, afirmou que o investimento no modal ferroviário otimiza o espaço disponível no porto, que fica colado na cidade de Santos.
“Quanto mais caminhão em movimento circulando pela cidade, [mais] prejudica a qualidade de vida da população. O transporte ferroviário tem todas as vantagens. É uma adaptação custosa, herdamos um porto totalmente desenhado para movimentação rodoviária, precisa fazer muitos investimentos”, afirmou.
Os investimentos em ferrovias devem multiplicar a movimentação atual de cargas, segundo Bruno Stupello, diretor de Desenvolvimento de Negócios e Regulação da SPA.
“A capacidade ferroviária de escoamento de cargas para Santos deve chegar a 120 milhões de toneladas. Hoje, o porto tem capacidade de 50 milhões de escoamento de ferrovia, por isso a necessidade urgente do acesso ferroviário”, disse Stupello.
A DPWorld, um dos maiores terminais do porto, investiu, em parceria com a Suzano, R$ 700 milhões na construção da pera ferroviária, de um armazém com 35 mil toneladas de capacidade estática, na expansão do cais de 653 m para 1.100 m e em novos dois viadutos.
Fábio Siccherino, diretor comercial e de relações institucionais da DPWorld, apontou que a construção do desvio ferroviário contribui para reduzir o custo logístico do terminal. “É fundamental. Além do fator de sustentabilidade, tem a questão do meio ambiente e torna o produto mais competitivo no exterior”.
Patricia Lascosque, superintendente de Portos da Suzano, afirmou que a empresa possui 90% de suas vendas destinadas ao mercado internacional, com estrutura logística que abastece mais de 80 países, razão pela qual decidiu investir no porto de Santos.
“Todo o projeto foi pensado para conciliar eficiência e tecnologia com sustentabilidade. A ampliação possibilitou, por exemplo, que o terminal pudesse operar ao mesmo tempo até dois navios dedicados às operações de celulose”, disse Patrícia.
A DPWorld Santos pode receber até quatro navios simultâneos. O empreendimento possui um armazém de 35 mil metros quadrados, com capacidade estática para mais de 150 mil toneladas de celulose.
Já entre os futuros arrendamentos previstos para antes da desestatização do porto, estão dois licitados em 2020 e arrematados pela Eldorado e pela Bracell, com previsão de obras em 2021, em investimentos de R$ 380 milhões.
Entram na lista mais dois arrendamentos de granel líquido com consultas públicas já realizadas, no momento em análise pelo TCU (Tribunal de Contas da União), com estimativa de obras que chegam a R$ 1 bilhão.
Ainda estão previstos outros dois leilões de contêineres, sendo um de terminal portuário e outro retroportuário, e um de granel sólido mineral, em estudos preliminares, mais um que já foi qualificado no PPI. Esses quatro, somados, chegam a R$ 3,4 bilhões em investimentos.
A SPA também prevê investimentos de R$ 2 bilhões em acessos rodoferroviários.
Aí se incluem o retropátio do Valongo e Alemoa, a terceira linha do Valongo, a pera na região de Outeirinhos, as novas linhas do pátio do Macuco, o retropátio da Prainha, o viaduto da entrada de Santos, dos viadutos entre o canal 4 e a Ponta da Praia, as passarelas da margem direita do porto e outros.