Porto Meridional é nova alternativa à movimentação de cargas na região Sul do País

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O setor portuário está prestes a ganhar um novo empreendimento. No entanto, não se trata apenas de mais um complexo marítimo para a movimentação das cargas, que passam pelo País. Na verdade, estamos falando de um projeto bicentenário, que está em discussão desde 1826. Isso mesmo, após muitos conflitos de cunho político, vai sair do papel o Porto onshore de Arroio do Sal, concebido para atender as demandas da região norte do Rio Grande do Sul, especialmente Porto Alegre, Caxias do Sul e Serra Gaúcha, além do agronegócio.

Atualmente, o estado conta apenas com o Porto de Rio Grande. A ausência de outro complexo marítimo na região faz com que aproximadamente 12 milhões de toneladas de cargas migrem para Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Ao evitar essa fuga, é possível garantir a redução do elevado custo logístico atual e a perda de impostos. Além disso, um estudo apresentado pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), em parceria com a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, sobre o risco climático nos portos públicos brasileiros, aponta Rio Grande como um dos mais propensos a sofrer com as mudanças climáticas.

O cenário deixa clara a necessidade de novas alternativas, mostrando a relevância do chamado Porto Meridional, que será 100% privado e deverá entrar em operação em cerca de três anos. Os investimentos devem chegar a R$ 6 bilhões – destinados a obras de infraestrutura e a construção de berços e terminais especializados – e a movimentação anual esperada é de 53 milhões de toneladas, divididas entre contêineres, granéis líquidos e sólidos, fertilizantes e Gás Liquefeito de Petróleo.

Em publicação feita no Diário Oficial da União (DOU) no início de 2020, o Ministério da Infraestrutura (Minfra) declarou que o projeto está em total compatibilidade com as diretrizes do Planejamento e Políticas do Setor Portuário. No mês passado, a Autoridade Marítima também deu parecer positivo em relação à segurança da navegação e ao ordenamento do espaço aquaviário, não se opondo à construção do complexo marítimo.

Detalhes do empreendimento foram apresentados no final da tarde desta terça-feira, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) pelo presidente da DTA Engenharia, João Acácio Gomes de Oliveira Neto. A empresa foi contratada para desenvolver os projetos de engenharia básica e executiva, e a obtenção do financiamento (funding) para concretização da obra. Isso inclui enrocamentos (conjunto de grandes pedras ou blocos de concreto, que servem de quebra-mar para a obra construída), dragagem, píeres, pontes de acesso, e acessos rodoviários, dutoviários e futura ferrovia.

“É um projeto de relevante interesse público. Sua concepção envolve a mais moderna engenharia portuária mundial para receber navios classe New Panamax, e que irá impulsionar o desenvolvimento sustentado do Rio Grande do Sul, criando empregos, distribuindo renda, valorizando o ser humano e o meio ambiente, e alavancando a economia local”, destacou João Acácio. O encontro, a convite do senador Luiz Heinze, contou com a presença de empresários e demais autoridades da região.

O estímulo ao turismo da região de Torres e municípios litorâneos adjacentes, e ainda às serras gaúchas de Canela, Gramado e Bento Gonçalves, é outra vantagem, já que o projeto também contempla a construção de um Terminal Marítimo de Passageiros. O local contará com dois berços para a atracação de navios de cruzeiros. “Há quase 200 anos fala-se da viabilidade de implantação de um porto marítimo no norte do estado na região de Torres. Esse sonho começa a sair do papel e a DTA sente-se orgulhosa de ter sido escolhida para participar desta meta ambiciosa”, completou João Acácio.