Criadores de aves e suínos do Nordeste iniciaram as negociações para importar milho da Argentina. Com os altos preços do frete no mercado interno, em razão do escoamento da safra de soja, os criadores voltaram a encontrar no país vizinho produto mais barato e em maior quantidade. A última vez em que foram reportadas aquisições expressivas do grão argentino foi na safra 2003/2004.
Na Paraíba, os negócios já foram concretizados e compreendem um navio de 20 mil a 30 mil toneladas. No Ceará, a expectativa é que a decisão seja tomada na próxima semana. O presidente da Associação Cearense de Avicultura, João Jorge Reis, informou que até lá o contrato deve ser fechado. O produto chegaria a Fortaleza por R$ 31/saca CIF.
Segundo cálculos da associação, o grão obtido via leilão de VEP – Valor de Escoamento do Produto da Conab – Companhia Nacional de Abastecimento chegaria a R$ 42/saca no dia 31 de março. De acordo Reis, a dificuldade é reunir recursos para a importação da Argentina, uma vez que é preciso lotar um navio, com, no mínimo, 30 mil toneladas. "O preço final está muito convidativo", afirma. O produto levaria 30 dias para chegar ao Estado.
Realizados desde janeiro, os leilões de VEP deixaram de atrair progressivamente o interesse dos compradores. Na oferta mais recente, do dia 24 de março, apenas 1,9 mil toneladas (3,5%) das 53,2 mil toneladas de Mato Grosso colocadas à venda foram negociadas. Contudo, a companhia segue realizando as ofertas. "Trabalhamos com regras que nos são impostas", justifica o analista de mercado da Conab, Thomé Guth.
Os prêmios e os preços são definidos conforme a portaria interministerial 568. Os valores são estabelecidos por uma equação que leva em consideração, entre outros fatores, a paridade de importação. Entretanto, com o alto frete pago para escoar o produto internamente, o valor não está valendo a pena para os consumidores nordestinos. Guth ainda pondera que, se o custo de logística fosse mais baixo, os compradores do Nordeste buscariam o produto no mercado interno.
A CNA – Confederação Nacional da Agricultura discorda das importações. "Isto é anticoncorrencial e terá um impacto negativo para o setor. O mercado vai estar abastecido com produto de fora quando a safrinha chegar", avalia Gustavo Prado, assessor técnico da comissão de cereais, fibras e oleaginosas.
Para ele, a situação mostra que os preços praticados pela Conab não estão corretos. "A CNA vai intervir e negociar com o governo para que as importações não aconteçam", diz.
Fonte: Agência Estado
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