Profissional de logística se destaca com “boom” do e-commerce. Mas há novas exigências

As compras online se consolidam cada vez mais no Brasil. A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico estima que o faturamento das vendas no e-commerce chegue a R$ 79,9 bilhões em 2019, um crescimento de 16% em comparação a 2018.

Neste contexto, Patrícia Gomes, supervisora pedagógica do Centro Brasileiro de Cursos – Cebrac, explica que esse cenário pode contribuir para que os profissionais de logística ganhem cada vez mais espaço no mercado de trabalho, já que são responsáveis pela gestão do transporte, do armazenamento, das compras, da distribuição e da entrega de produtos.

De fato, a carreira de logística tem se mostrado promissora. Um estudo encomendado pela DHL, realizado com 350 companhias, nas cinco regiões do planeta, mostra que há, em média, seis vagas para cada profissional. Em relação aos salários, a profissão também é atrativa. Segundo o site Glassdoor, um gerente de logística tem salário médio de R$ 9.527.

Mas, de acordo com a supervisora pedagógica do Cebrac, para se destacar no mercado, é necessário ter qualificação. Lançado neste ano pelo Centro, o curso de logística registra 1,2 mil matrículas de janeiro até junho. Entre os conteúdos trabalhados em aula estão noções gerais e temas importantes do setor, como planejamento de operações e distribuição física, armazenagem e integração logística. Além disso, o program inclui as novidades no que se refere à gestão da cadeia de suprimentos, principalmente com relação ao e-commerce e à chamada indústria 4.0.

 

Área de atuação

O profissional de logística é responsável pelos recursos e materiais utilizados pela organização. Sua função é supervisionar e administrar o estoque, ou seja, garantir que os suprimentos armazenados sejam utilizados da melhor forma possível. Além disso, ele também elabora e supervisiona a movimentação de materiais e cargas nos Centros de Distribuição.

As possibilidades de trabalho são variadas, mas, tradicionalmente estes profissionais atuam em aeroportos, fábricas, empresas de transporte, canais de distribuição, portos, atacado e varejo e, entendendo as demandas atuais, também podem atuar no e-commerce. Assim, o aluno pode ocupar as posições de encarregado de almoxarifado, assistente de suprimentos, auxiliar de PCP (ênfase do curso), conferente, estoquista e empreendedor com e-commerce, entre outros.

Além disso, pode começar a carreira visando atingir cargos mais altos, como coordenador de almoxarifado, coordenador de compras, analista de logística, coordenador de PCP, coordenador de comércio exterior e gerente de logística.

 

E-commerce

Especificamente no setor de e-commerce, Francislaine Cristina Maciel, gerente de produtos pedagógicos do Cebrac, explica que, de maneira geral, a logística neste segmento concentra a armazenagem, expedição e entrega de materiais. Na prática, o profissional de logística possui a função de recebimento da mercadoria, conferência física e fiscal, armazenamento com a devida identificação, reposição de estoque, separação dos pedidos, preparação do produto – conferência, embalagem e etiquetagem –, envio para a transportadora, rastreamento e controle de entrega.

“O processo logístico e a função desse profissional no e-commerce desempenhada de forma correta garantem a fidelização do cliente. Cabe ao profissional de logística buscar as opções de melhor custo e eficiência para sempre melhorar o recebimento e a entrega das mercadorias, pois a maior dinâmica deste processo é sua otimização, o processo para surpreender o cliente e reduzir os custos operacionais”, comenta Franscislaine. Ou seja, neste segmento, o profissional de logística pode ocupar os cargos de conferente, estoquista, gerente, responsável pela rastreabilidade, gestor ou coordenador de logística.

Assim pode-se perceber que o profissional de logística é responsável por todo processo logístico no e-commerce, bem organizado e eficiente, e ele está diretamente ligado à condução de dois fatores que influenciam a decisão de compra e a satisfação do cliente: valor do frete e entrega no prazo. “O profissional se desdobra para dar conta de inúmeras atividades administrativas e, ao mesmo tempo, precisa garantir o crescimento do seu e-commerce. O conhecimento mais inerente à logística é o domínio das ferramentas de informática, pois a rastreabilidade, a confiabilidade das informações e programações são as bases que diferenciam as empresas com atividade no e-commerce.”

Francislaine também aponta os maiores erros do profissional de logística neste segmento: demora na entrega ou, pior do que isso, a não entrega do produto. “Situações como essas geram insatisfações aos clientes, comprometendo a credibilidade de alguns sites e impedindo-lhe de chegar ao ponto mais alto no comércio.”

Para evitar esse tipo de risco – segundo a gerente de Produtos Pedagógicos do Cebrac –, é necessário um planejamento adequado do profissional, considerando principalmente três aspectos: Gerenciamento dos estoques, Gerenciamento das entregas e Gerenciamento do ciclo de suprimentos. “Um erro constante no segmento de e-commerce é a confiabilidade do estoque, ou seja, se o processo de conferência não é eficiente, a suspensão de pedidos pode ser constante, gerando penalidades em plataformas de marketplace ou em expectativas diretas com os clientes. Outro erro é a não atualização com as inovações do mercado, pois, como a concorrência neste segmento é forte, quem não se atualiza em curto prazo pode ficar fora do nível de competitividade.”

O mercado brasileiro de logística vem crescendo ano a ano, em virtude de novas demandas, tecnologias, hábitos de consumo, crescimento do varejo virtual e a constante busca das empresas por um diferencial. A expectativa é que o setor continue expandindo nos próximos anos, aumentando as oportunidades para profissionais da área.

“As tendências destes profissionais são as mais otimistas – diz Francislaine –, pois as demais estruturas do negócio e-commerce, os softwares, vêm otimizando a empregabilidade humana, ou seja, as operações de venda, compra, precificação, função fiscal e tributária e gestão já estão acontecendo com número limitado de pessoas, indiferente ao volume de venda, porém o operacional, que consiste em conferir, armazenar, separar e despachar mercadorias, mesmo em estrutura informatizada e moderna, ainda tem necessidade explícita de seres humanos para gerir, operar e acompanhar os processos logísticos.”

A propósito da tecnologia na logística, Franscislaine diz que ela impacta de forma positiva no profissional. Ela exige habilidades como flexibilidade, capacidade de trabalhar em equipe, disponibilidade de horários, possibilidade de viajar e conhecimento de outros idiomas e informática. “Dessa forma, os profissionais dessa área devem conhecer as novidades a respeito do assunto, pois é uma maneira de se destacarem perante a concorrência. Isso certamente vai trazer benefícios ao cotidiano empresarial, como segurança na informação e possibilidade de rastreamento, entre outros benefícios. A empregabilidade e tecnologia são fatores de sobrevivência em alguns e-commerces, pois quanto maior o volume, maior é a necessidade de a operação ser eficiente e eficaz. A tecnologia auxilia muito a operação, inclusive na operação de ponta em que logísticas regionais passam a buscar ferramentas conceituais, ecológicas e eficientes. Há também o novo meio que vem se implantando na mobilidade de cargas, que é o uso de drones, ainda de alto custo e baixa demanda, mas com a tendência de expansão.”

Concluindo, Francislaine fala sobre a logística 4.0 e as qualificações que ela exige do profissional de um modo geral.

A logística 4.0 é definitivamente uma abordagem revolucionária para técnicas de fabricação. Dessa maneira, o conceito levará as empresas a um novo nível de otimização e produtividade. Não apenas isso, os clientes também desfrutarão de uma nova leva de produtos personalizados e voltados às suas necessidades. A logística 4.0 traz inúmeros benefícios para todos os envolvidos na Supply Chain, interligando clientes, indústrias, armazéns e transportadores para a troca de dados relevantes.

“O profissional deve estar sempre conectado e atendendo aos requisitos de velocidade, ganho de eficiência, redução de custos e disponibilidade de informações impostos pela indústria 4.0. De forma clara, o profissional deste segmento tem a necessidade de se manter atualizado para que possa conhecer quais as melhores tecnologias agregam ao seu segmento e qual a melhor forma de aplicar e otimizar as suas operações.”