“Precisamos planejar o Porto de Santos para os próximos 50 anos e, com certeza, a utilização do modal hidroviário será de fundamental importância”. O presidente da Codesp, José Roberto Serra, dimensionou dessa forma a importância da proposta Perspectiva de uma Bacia Hidroviária do Porto de Santos, apresentada na última terça-feira (2) pelo engenheiro da Docas de Santos José Antonio Marques Almeida, o Jama, durante reunião do Comitê de Logística da Codesp.
Jama, que também é vereador em Santos pelo PDT e diretor do site PortoGente, buscou, com a proposta, encontrar alternativas viáveis de escoamento de cargas para o porto santista que, assim como os demais complexos brasileiros, não utiliza adequadamente os rios ao seu redor para movimentar mercadorias e aumentar sua área de operação, como ocorre em portos estrangeiros, especialmente na Europa. Essa nova possibilidade de expansão agradou ao presidente da Codesp.
“Estamos discutindo essa viabilidade do modal hidroviário. O único problema é que não sabemos ao certo quais são as possibilidades de embarcações, disponibilidade de áreas, restrições ambientais e necessidades de dragagem para o uso dos rios da Baixada Santista. Mas, em 2009 essa expansão será discutida a ponto de conseguirmos, ainda no ano que vem, a maturação necessária para o estudo de um projeto deste porte”, explicou José Roberto Serra.
Entretanto, o presidente da Codesp fez questão de frisar que a Autoridade Portuária não conseguirá, de forma isolada, tocar o projeto adiante e, para isso, será necessária uma efetiva participação dos municípios e de seus recém-eleitos prefeitos. Sem modificações em planos diretores e estudos específicos de cada rio, a Docas não conseguirá dimensionar a abrangência do modal hidroviário e a proposta irá para o fundo de uma gaveta.
“O levantamento preliminar feito pelo Jama mostra que precisaremos de US$ 10 bilhões para que isso tudo seja realidade. Vamos falar com as prefeituras e exigir desdobramentos disso”, disse Serra, que em seguida fez uma revelação. “Só pelo fato de nós temos anunciado a apresentação dessa proposta, quatro empresas nos procuraram para manifestar interesse em explorar o modal hidroviário em Santos. Ou seja, há demanda”.
Quem também aprovou o debate sobre o modal hidroviário no Porto de Santos foi o gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da Carbocloro, Teodoro Chiarantano Pavão. A empresa tenta há dez anos tirar do papel um projeto de utilização dos rios Casqueiro, Cascalho e Cubatão para movimentação de sal. As vantagens apontadas são a diminuição de 22 para 11 km na distância percorrida pela carga entre o Porto de Santos e Cubatão e a redução de caminhões em circulação nas estradas.
“Ficamos felizes de ver que as autoridades entenderam que o caminho é esse. Além de ganhos econômicos, vamos ter ganhos sociais e ambientais. A nossa parte está sendo feita, o projeto só não saiu do papel ainda porque alguns testes que fizemos, como a batimetria dos três rios, venceram e precisaram ser refeitos. No começo de 2009, a nossa hidrovia deve entrar na pauta do Governo do Estado e, depois dele aprovar o projeto, ela entra em operação em um ano”.
Para o engenheiro civil Luiz Alberto Franco, ex-chefe dos serviços de dragagem do Porto de Santos e hoje colunista do PortoGente, “a proposta é viável, mas o que tem que ser priorizado são pequenas obras que tornem isso palpável. Pequenos terminais como os da Carbocloro são de grande ajuda para a navegação fluvial se tornar realidade na Baixada Santista”.
Presente na reunião do Comitê de Logística, o assessor técnico da Agência Metropolitana de Desenvolvimento da Baixada Santista (Agem) e ex-prefeito de Bertioga, Luiz Carlos Rachid, encampou a idéia. “A Agem já está no processo. Temos todo o interesse nisso, pois o Porto de Santos tem que ser pensado de maneira regional, incluindo Bertioga, Praia Grande, enfim, mais do que somente as cidades portuárias. Só assim o porto será metropolitano”.
Fonte: PortoGente – www.portogente.com.br
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.