Quando do uso de cintas, todo cuidado é pouco

Verificar certificados de qualidade dos acessórios, fatores de segurança, cantos vivos, tipos de laçamento e amarração, além de realizar inspeção de rotina periodicamente nas cintas e nas ferragens, são pequenas ações que fazem toda a diferença na operação de içamento de cargas.

Às vezes, o que parece pequeno detalhe pode gerar uma grande diferença no processo como um todo. Isso vale para cintas de amarração e elevação de cargas: se não houver atenção especial aos detalhes que envolvem carga e cinta, a conseqüência poderá ser realmente grande, incluindo prejuízos materiais.

Primeiramente, é importante prestar atenção aos certificados de qualidade emitidos pelos fabricantes ou fornecedores dos acessórios.
O engenheiro André Carrion, supervisor técnico comercial da Gunnebo Industries (Fone: 11 4055.9800), explica que os laudos de conformidade técnica e os certificados técnicos garantem a qualidade do processo utilizado na fabricação dos produtos controlados pelas organizações regulamentadoras, assim como o atendimento das especificações técnicas requeridas nas normas vigentes no país.

Cláudio Miller, gerente de vendas da Tecnotextil (Fone: 13 3229.6100), acrescenta que tanto o laudo de conformidade técnica quanto os certificados de qualidade validam o produto, garantindo para o usuário que os materiais estão dentro dos padrões de segurança exigidos. “As cintas de elevação e amarração seguem as especificações recomendadas pela Comunidade Européia – EN 1492-1/2 para elevação e EN 121/95 para amarração. As cintas de elevação têm Fator de Segurança (FS) de 7:1 e as de amarração de 2:1 para a capacidade a que são destinadas”, diz.
Por sua vez, Ednaldo da Purificação Silva, gerente de vendas da Spanset do Brasil (Fone: 24 3360.4595), considera essencial que as empresas e os usuários tenham acesso a todas as informações, assim como a um plano de carga para um transporte seguro. Ele diz que a rastreabilidade, em caso de acidentes ou incidentes, é a garantia do produto; e que a etiqueta identifica a capacidade, o fabricante e seu código de fabricação. “Infelizmente, por uma questão exclusiva de preços, existem empresas que ainda utilizam e adquirem os conjuntos de amarração sem conhecer a procedência”, informa.

Silva também adianta que a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, por meio do Comitê Brasileiro de Têxteis e do Vestuário, o CB-17, está finalizando as normas para elevação de Cargas – parte 1 – Cintas planas; Elevação de Cargas – parte 2 – Cintas tubulares; Amarração de Cargas – parte 1 – Cálculo de tensões; e Amarração de Cargas – parte 2 – Cintas de amarração.
No caso de acidentes, ele considera ser fundamental levar em conta as questões: como ocorreu o acidente; qual a responsabilidade; qual o custo para as empresas; e qual o custo para a sociedade.

SEGURANÇA
Mas, o que querem dizer os números chamados de Fatores de Segurança (FS), ou melhor, o que são esses fatores?
Carrion, da Gunnebo, explica que fator de segurança é a relação entre a carga máxima de trabalho e a mínima carga de ruptura do material em ensaios normalizados. Por exemplo: Fator 7:1 – Cintas de Poliéster. Uma cinta com carga de trabalho máxima de uma tonelada deve atingir em ensaio no mínimo sete toneladas de carga. “Mas sua carga de trabalho depende da forma como a mesma está sendo utilizada. Diferentes formas de amarração, cargas de trabalho, ambientes e ângulos possuem limites de trabalho que devem ser seguidos conforme o produto e o fabricante”, ressalta.

Miller, da Tecnotextil, destaca que o fabricante que segue as normas internacionais garante a segurança e, com isso, evita o risco do rompimento das cintas, danos aos acessórios e, conseqüentemente, a possibilidade de acidentes. “Este é um item importante a ser considerado. A segurança na movimentação é fundamental. Um equipamento aquém das especificações põe em risco os colaboradores, a comunidade, o investimento e a imagem da empresa”, declara.

Já Silva, da Spanset, informa que o conjunto de amarração de cargas mais usual é o de 50 mm com resistência de 2.5 t e 5.0 t, respectivamente na utilização reta e no sistema envolvente. Neste sistema, o fator de segurança aplicado é o de 2:1.

Quanto às laçadas, Carrion, da Gunnebo, diz que a maneira de laçamento ou amarração da carga deve ser escolhida de acordo com a carga a ser movimentada. Ele informa que enforcando o acessório, a perda de carga é de cerca de 20%. Além disso, sobrecargas, temperaturas elevadas, cantos vivos, movimentos bruscos, torsão nas correntes, cintas e lingas diminuem as cargas de trabalho. Carrion alerta que as formas de amarração devem ser utilizadas de acordo com o tipo de acessório e as instruções de trabalho fornecidas pelo fabricante.

Miller, da Tecnotextil, diz que as formas mais usuais são o enlaçado (que corresponde ao basket na elevação de carga), a forma direta (vertical) e a envolvente (a fita sai da catraca e retorna na mesma catraca, envolvendo a carga).

Citando as amarrações diretas, conhecidas como amarração por atrito, que têm como objetivo fixar a carga no assoalho do caminhão, impedindo que ela se desloque, Silva, da Spanset, também revela que existe uma portaria que torna obrigatória a utilização de cabos de aço ou cintas têxteis no transporte de produtos siderúrgicos, porém, a considera muito vaga e sem embasamento técnico, ou seja, “existe a obrigatoriedade da amarração, mas as leis estão totalmente equivocadas e, se analisarmos, poderíamos afirmar que 90% destas amarrações não suportariam a carga em uma frenagem brusca, mesmo a baixa velocidade”, conta.

Silva também comenta sobre a Norma EN-121/95, que estipula os valores de amarração por atrito, os quais, somados com o número de amarrações, garantem a perfeita segurança para o transporte. “Cargas que são muito baixas (por exemplo, chapas de aço) ou muito altas, tendem a ser as mais difíceis para a amarração”, avisa.

O gerente de vendas da Spanset conta, ainda, que o ângulo de amarração reduz significativamente a capacidade de amarração do conjunto, sendo proibido o transporte quando a amarração tiver um ângulo inferior a 30º.
Como é possível notar, a capacidade das cintas depende do modo com que são utilizadas, e, além disso, existem alguns fatores que podem danificar os acessórios para amarração e elevação de cargas.

Carrion, da Gunnebo, considera que os problemas variam de acordo com o produto utilizado, “mas em todos os casos, o cumprimento do uso do produto de acordo com sua carga de trabalho especificado pelo fabricante é essencial para garantir a segurança dos usuários e da carga em processo de elevação ou movimentação”, assinala.

Por sua vez, Miller, da Tecnotextil, aponta como danificadores mais comuns a má fixação dos acessórios nos caminhões ou veículos de transporte e a utilização de terminais inadequados, principalmente com relação ao engate indevido do caminhão e à colocação da parte sintética da fita de amarração em cantos ou arestas sem proteção. Além disso, dá algumas dicas para proteção da cinta, que acabam ajudando também na proteção dos acessórios, como: conhecer o peso e o centro de gravidade da carga; observar as condições de embalagem ou de amarração da carga com dobrada atenção; verificar a existência de cantos vivos e preparar proteções para evitar danos à cinta; jamais exceder as especificações técnicas; usar ganchos com raio de apoio nunca inferior ao diâmetro de uma polegada de seção lisa e redonda; evitar movimentos bruscos; e nunca utilizar cintas danificadas.

Para Silva, da Spanset, os acessórios, fornecidos como parte integrante do conjunto, já devem ser dimensionados para a capacidade e finalidade a que se destinam. “E proteções para os cantos vivos devem ser utilizadas, já que permitem maior segurança e melhor amarração”, aponta.
Silva cita também que podem acontecer desgastes nas cintas por falta de proteção quando tencionadas, que ocorrem quando entram em contato direto com a carga, muitas delas em superfície áspera e/ou cortante. E aconselha analisar os acessórios, veri


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