Acompanhar os impactos da Reforma Tributária, os riscos geopolíticos gerados pelas eleições nos Estados Unidos e aprofundar o conhecimento sobre como a tecnologia pode gerar ainda mais eficiência às operações e ajudar a mitigar impactos ambientais. Estes e outros desafios que compõem o planejamento estratégico dos Operadores Logísticos deram o tom para os debates e ensinamentos proporcionados pela 8ª edição do Congresso ABOL, realizado em Ibiúna, interior de São Paulo.
No centro das discussões, a Reforma Tributária e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), tributo sobre o valor agregado que substituirá o ICMS e o ISS gradativamente, visto como uma “fantasia” pelo economista-chefe e sócio da Warren Investimentos, Felipe Salto. Ele afirma que a guerra fiscal vai continuar até 2032, quando as mudanças para o IBS entrarão efetivamente em vigor. A análise foi feita durante o evento, uma iniciativa da Associação Brasileira de Operadores Logísticos, entidade que tem como um de suas prioridades a regulamentação da atividade dos OLs no Brasil, oferecendo um ambiente de negócios mais ágil e menos burocrático e com segurança jurídica para a atração de investimentos.
Salto, que foi Secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, em 2022, é um dos mais contundentes críticos da Reforma e garantiu também que a alíquota será muito maior do que 26,5%, percentual estabelecido como uma “trava” para a alíquota-padrão acumulada com a da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). “Espero que seja aprovada uma contrarreforma para antes de esperarmos todo esse tempo para constatar que o IBS fracassará. O Comitê Gestor do IBS era, antes, chamado de Agência Centralizadora, nome muito mais fidedigno. Acabaremos com a federação.”
Inovação
O interesse cada vez maior das companhias por investimentos em tecnologia logística foi abordado pelo vice-presidente de Inovação e Estratégia do Grupo FCamara, Rodrigo Burgers.
De acordo com ele, estima-se que o mercado logístico representa hoje 12% do cenário global de transformação digital. Entre 2020 e 2023, houve um aumento de 58% nos investimentos e, até 2026, a previsão de crescimento é de 69%.
Burgers apontou ainda que, para ser definido um plano com horizontes mais bem desenhados, é importante as companhias considerarem o nível de maturidade de desenvolvimento das inovações e o impacto delas no setor. Assim como o apetite interno a riscos e o alinhamento com a estratégia da empresa.
Energia
A transição energética foi o tema trazido pelo gerente de projetos da Roland Berger, João Quintanilha, e pelo gerente de Meio Ambiente do Pacto Global, Rubens Filho. Para Quintanilha, o setor de transporte será cada vez mais pressionado como desbloqueador da demanda e da oferta de biocombustíveis no País.
Já Filho observa que o Brasil está navegando em mares muito interessantes quando o assunto é combustíveis alternativos, e que há duas grandes oportunidades no curto prazo, o G20 e a COP 30, momentos mais propícios para se mostrar narrativas e oferecer opções para cada modal. Além disso, ele entende que o País tem a chance de fortalecer o papel de exportador de hidrogênio e amônia verdes.
Sobre a regulamentação do mercado de carbono, ambos concordam que a medida não resolverá o problema e ainda haverá muita discussão. O destaque fica para o agronegócio, inicialmente excluído das obrigações previstas no futuro Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) e cuja parcela de emissões é a maior no Brasil.
Consumidor
Os impactos do novo perfil de consumo na logística, potencializado sobretudo após a pandemia, foram analisados pelo sócio-fundador do Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS), Leonardo Julianelli. “A transformação que estamos vivendo é mais profunda do que os movimentos econômicos da década de 90. É reflexo da chegada de um novo perfil de público, os centennials e millennials. A partir de 2010, eles se tornaram os principais motivadores da organização da cadeia de suprimentos”, disse.
Insights
Para as empresas filiadas à Associação, as palestras do sócio da Startse, Romeo Busarello, e do especialista em escutatória e escritor, Thomas Brieu, foram um diferencial na edição deste ano do Congresso ABOL. As preferências deixaram claro que para ser grande é fundamental estar atento aos insights e comportamento das lideranças.
Busarello chamou atenção dos OLs com ensinamentos valiosos durante a palestra “O futuro dos negócios e os negócios do futuro”, mostrando aos executivos que, para crescer, as empresas terão que dividir parte dos seus ganhos com talentos que fazem a diferença. “Esforço você agradece, resultado você remunera”, destacou ao observar uma sociedade com muito trabalho, porém pouco emprego.
“Não dá mais para usar mapas antigos para caminhos novos. Façam cursos rápidos e frequentes. Não adianta ter cultura e inteligência, se não tiver coragem. Temos que aprender a nos jogar em oportunidades frágeis”, orientou Busarello, que interagiu com os participantes, assim como Thomas Brieu, ao falar sobre “A habilidade para lidar com um mundo imprevisível” e dar uma aula sobre a importância do desenvolvimento da escutatória entre C-levels, a fim de que aprimorem sua comunicação em suas relações profissionais e também pessoais.
O medalhista olímpico Gustavo Borges mostrou como transferiu os aprendizados obtidos na piscina para os seus negócios, levando as lições para os Operadores Logísticos durante a palestra Atitude de Campeão. As dicas fazem parte do livro “Um centésimo”. “Ilusão e sucesso não caminham em conjunto. Disciplina é a forma como você treina a sua mente para fazer o que precisa ser feito. Cada ato será recompensado em dobro. Um dos grandes pilares da performance é o pensamento de longo prazo”, disse Borges.
“O Congresso ABOL tem o objetivo de aproximar os nossos associados, enquanto líderes do setor, e proporcionar um ambiente favorável à troca de informações e experiências. O encontro busca também oferecer momentos de debates e reflexões sobre os principais assuntos da nossa agenda e que influenciam diretamente nas tomadas de decisão”, conclui Marcella Cunha, diretora Executiva da entidade.