O relatório de auditoria sobre o sistema de controle do espaço aéreo, o X-4000, aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), vai deixar os controladores de vôo “de alma lavada”, na opinião do presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Proteção ao Vôo, Jorge Botelho. Isso porque o documento confirma as falhas no sistema que já haviam sido apontadas pela categoria e ainda identifica outras deficiências.
Em entrevista à Agência Brasil, Botelho disse que, em diversos momentos, os responsáveis pela administração do sistema de controle aéreo afirmaram que os controladores de vôo estavam mentindo e que não havia problemas no X-4000.
“E [com o relatório do TCU] fica comprovado que os problemas existem. Tudo aquilo que já se tinha falado em termos de falha dos equipamentos, de falha de manutenção e outras que podem comprometer a segurança, desde já, ninguém poderá mais dizer que nós controladores estávamos mentindo”, afirmou.
De acordo com Botelho, dois relatórios já haviam sido apresentados pelo sindicato. Um em 1994, quando o X-4000 estava sendo implementado no sistema de controle de aproximação no Rio de Janeiro, e outro em 1996.
Um dos pontos que o sindicalista destacou no documento do TCU foi o da relação do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e a Atech, empresa contratada para a manutenção do sistema. De acordo com o relatório, a firma não está cumprindo o contrato de manutenção e foi contratada sem licitação, o que pode representar, segundo o tribunal, um ato antieconômico para a administração pública.
Botelho chamou atenção para o fato de que nos últimos meses o governo tem aumentado o volume de investimentos na modernização de aeroportos e do sistema de controle. “Porém, os gastos são justamente com a Atech, o que gera suspeita entre os controladores", disse.
“A gente fica preocupado com isso porque não está havendo e não houve transparência e não se configura que, a partir de agora, haverá um tratamento sério dessas questões no sentido de cobrar dessa empresa, de ser uma coisa realmente favorável à administração pública”, completou.
Procurado pela Agência Brasil para comentar o resultado do relatório, o comando da Aeronáutica enviou nota na qual disse que só vai se pronunciar sobre o assunto depois que receber o relatório do TCU.
O comando ressaltou, no entanto, que a nota divulgada pelo tribunal de contas traz a explicação de que as falhas observadas ocorrem em equipamentos complementares, que isoladamente não comprometem a segurança de vôo.
“O sistema de controle de tráfego aéreo conta com aproximadamente 13 mil profissionais e mais de 5 mil equipamentos, com disponibilidade diária acima de 98%, atuando diuturnamente em um espaço aéreo equivalente a três vezes a dimensão do país. Rotineiramente, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) empreende esforços para a melhoria do serviço prestado à sociedade brasileira”, assinala a nota.
Fonte: Agência Brasil
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