Representantes de OLs e transportadoras fazem uma ampla análise do segmento no Brasil

Além de fazerem um balanço do setor, apontarem as perspectivas em médio prazo e indicarem os novos caminhos que se apresentam para as empresas que atuam nesta área, eles também mostram os segmentos de mercado mais promissores para atuação.

Andreani Logística: o mercado está atrás de especialistas, e não mais de Operadores ou transportadoras

“Pelo fato de a terceirização da logística ser um segmento novo, praticamente 15 anos, tivemos um período de crescimento acentuado nos últimos anos com o surgimento de novos Operadores Logísticos e transportadoras, aumentando a competitividade e a oferta de serviços com qualidade. Com o processo de amadurecimento do mercado, a competitividade aumenta, gerando oportunidades tanto para tomadores de serviços quanto para os Operadores Logísticos e as transportadoras.”

A avaliação do segmento de OLs e transportadoras é feita por Piero Grassi Simione, gerente comercial da Andreani Logística (Fone: 11 3515.8204).

Ele prossegue: com o aumento desta competitividade, o grande desafio das empresas é manter a qualidade dos serviços com preços mais competitivos em um mercado completamente complexo, devido ao sistema tributário defasado, que contribui para o aumento dos custos do setor. “Vale destacar que alguns mercados continuam em pleno crescimento, apesar da crise, como o farmacêutico e de análises clínicas. O maior desafio é fazer com que os parceiros entendam que a logística não faz parte somente de um processo operacional da empresa, mas, sim, que ela faz parte do processo de vendas e deve estar muito bem alinhada com as estratégias de marketing e comercial.”

Simione também diz que o mercado está ficando cada vez mais exigente e atrás de especialistas, e não mais de Operadores ou transportadoras.

Enivix: terceirização de vários serviços poderá gerar uma nova demanda para Operadores Logísticos

Antonio de Bonis, diretor geral da Enivix (Fone: 11 3811.3811), também faz um balanço do segmento de OL e transportadora hoje: “grande pressão dos clientes por reduções de custos na prestação de serviços. No momento há um grande volume de solicitações de novas cotações/BID’s, principalmente dos grandes clientes, buscando novos patamares de preços”.

Sobre as perspectivas para a atuação no mercado em médio prazo, Bonis afirma que, de imediato, haverá uma redução de margens que será recuperada somente após a renegociação/redução de custos de locação e pessoal. “Por outro lado, novos segmentos deverão ser trabalhados e a oferta de serviços diversificados poderá ser uma saída. A terceirização de vários serviços poderá gerar uma nova demanda para Operadores Logísticos”, completa o diretor geral.

Ativa Logística: o segmento farmacêutico vem crescendo muito e exigindo mais agilidade

Um dos caminhos que se apresentam para os OLs e as transportadoras é estar preparado para atender às necessidades do mercado, que vem crescendo e querendo, cada vez mais, agilidade, mesmo em época de dificuldade econômica.

“O exemplo disso é o mercado farmacêutico, no qual atuamos. Em 2015, o setor faturou mais de R$ 75 bilhões e comercializou 3,4 bilhões de unidades de medicamentos, volumes 14,11% e 7,38% maiores, em comparação ao ano anterior, respectivamente, de acordo com dados da consultoria IMS Health.”

A análise é de Clóvis A. Gil, presidente da Ativa Distribuição e Logística (Fone: 11 2902.5000).

Elog: alguns mercados sofreram menos o impacto da crise econômica, como a área de health care e tecnologia

“O cenário político-econômico e a pressão sobre custos são os maiores desafios que entendemos que devam ser ultrapassados atualmente. Assim como em outras áreas, o segmento de OLs sofreu queda nos volumes em 2015 e esperamos mais um ano desafiador em 2016. Muitas empresas estão reavaliando seus custos e buscam um parceiro logístico que ofereça maior produtividade e redução de custos. Alguns mercados sofreram menos o impacto da crise econômica, como a área de health care e tecnologia.”

Mauricio Leonel, gerente de negócios estratégicos da Elog (Fone: 11 3305.9999), também comenta que o mercado está bem mais competitivo e oferecer soluções personalizadas para os clientes será vital para todas as companhias. “Os caminhos serão de oportunidades para aqueles que inovam e enxergam as demandas na perspectiva do cliente.”

Braspress Logística: o mercado de eletrônicos também é promissor, e requer pouco investimento

Carlos Taino, superintendente de Logística, e Maurício Petroni, gerente de Negócios Logísticos, da ​Braspress Logística (Fone: 11 2898.6500), também analisam o segmento. Eles dizem que, atualmente, as empresas já têm o conceito de “logística” em um grau mais elevado de entendimento. Todos entendem que se tratam de serviços complementares que atuam desde a origem dos produtos até o cliente final. “Ao longo da cadeia de suprimentos, esses serviços incluem trading, frete internacional, desembaraço aduaneiro, despacho, armazenagem, onde se inserem picking e packing, e distribuição. Nesse cenário, os denominados Operadores Logísticos estão se complementando, agregando novos serviços, e buscando especializações.”

Taino e Petroni também lembram que nesta rota de complementação “percebemos operadores de CDs viabilizando distribuição de produtos e transportadoras cuidando da armazenagem e manipulação de cargas, ambas com comparáveis competências. E isto se produz ao mesmo nível de especialização com o qual cada empresa entende o que será mais viável e ágil ao seu negócio. Por vezes, depositar seus estoques em uma transportadora com um CD menor, minimiza decisões burocráticas que muitas vezes dependem de aprovações internacionais, agilizando rápidas tomadas de decisões e permitindo um atendimento mais personalizado”.

A competitividade vem da excelência logística. Ou, em outras palavras, da Inteligência Logística, que poderá prover a seus clientes, ganhos fiscais, financeiros e logísticos, conferindo maior agilidade, flexibilidade de serviços, competitividade de preços e um pós-venda de alto nível.

O superintendente de Logística e o gerente de Negócios Logísticos da ​Braspress Logística apontam os mercados ainda promissores: os de eletrônicos, que requerem pouco investimento, mas grande gerenciamento de risco, e dos farmacêuticos, com investimentos bastante elevados e alta demanda de especialização, porém ainda fortemente atrativo. E ainda há um grande universo de segmentos, com oportunidades por serem exploradas. Neste contexto, os novos caminhos que se apresentam para os OLs e as transportadoras envolvem parcerias, uniões e complementações de serviços.

Célere Logística: o mercado de e-commerce é promissor, até em função do atual momento da economia

A Célere Logística (Fone: 11 5670.5670) enxerga momentos como o de hoje como oportunidade, pois trabalha como parceiros de seus clientes. De acordo com o diretor de Operações e Novos Negócios da empresa, Gustavo S. Ribeiro, sempre buscando ganho de produtividade através de nível de serviço e melhorias de processo. “Identificamos o mercado de e-commerce como um segmento promissor, até em função do atual momento da economia. E, de uma maneira geral, nossas perspectivas para o médio prazo são de crescimento.”

A Célere também entende que os OLs precisam buscar inovações para atender seus clientes, tanto em termos de tecnologia como de processos.

Braspress Transportes Urgentes: haverá efetiva necessidade de que as empresas façam o mesmo ou mais, com menos e melhor

“Aqui fazemos e faremos diferente, continuaremos acreditando que o momento é de oportunidades e para tanto, trabalharemos triplicado para que a crise, ainda que presente, passe ao lado e não nos afete ou impeça que façamos a Braspress crescer e se diferenciar.”

A afirmativa é de Luiz Carlos Lopes, diretor de operações da Braspress Transportes Urgentes (Fone: 11 2188.9000).

Ele também informa que a empresa atua majoritariamente em segmentos de varejo, portanto na evidente queda de consumo, alto custo financeiro e escassez de dinheiro, é licito imaginar que tiveram queda de faturamento. “Para que isto não ocorresse, intensificamos as ações junto aos mercados, na firme estratégia de avançarmos em especialidades aderentes aos mercados que atuamos e conquistarmos maior participação nos próprios clientes operantes.”

Sobre os novos caminhos que se apresentam para os OLs e as transportadoras, Lopes diz que são desafiadores: “haverá efetiva necessidade de que as empresas se reinventem, façam o mesmo ou mais, com menos e melhor, uma difícil equação, que dá espaço para os mais competentes, na mesma proporção que aniquilam os incapazes”.

CEVA Logistics: aumento da produtividade é uma questão de sobrevivência

Com a crise afetando praticamente todos os setores da economia, temos hoje um cenário bastante desafiador, onde os Operadores Logísticos procuram manter suas margens, ao mesmo tempo em que enfrentam um ambiente inflacionário ameaçador. “Enquanto buscamos o equilíbrio econômico e maior competitividade, temos a inflação corroendo esse ‘offset’. Desta forma, o aumento da produtividade virou de fato uma questão de sobrevivência. Com o mercado oferecendo oportunidades escassas, o aumento do market share acaba sendo uma das maiores chances de crescimento. Por outro lado, só se cresce sendo muito competitivo e agressivo.”

A análise é de Milton Pimenta, vice-presidente de operações da CEVA Logistics na América do Sul (Fone: 11 3556.2382). Ainda de acordo com ele, é preciso focar em redução de custos, eliminação de desperdícios, multiplicação de tarefas, treinamento e capacitação. “Em momentos de oscilação econômica, é muito importante retermos nossos talentos e prepararmos a equipe para a retomada que certamente deverá acontecer.”

Sobre os novos caminhos que se apresentam aos OLs e às transportadoras, Pimenta diz que, se fosse para resumir em uma palavra, ela seria tecnologia. “Em nosso caso, divido em duas áreas: em transportes, nosso maior foco está em ter soluções tecnológicas que nos ajudam a reduzir não necessariamente o custo por quilômetro, mas a quantidade total de quilômetros rodados. Em razão de termos um mercado com cenário inflacionário, é difícil reduzir o custo por quilômetro rodado. Assim, em nossas soluções contamos com ferramentas que ajudam a medir a saturação dos veículos, rotas ideais e também aumento de tempo de ciclo de carregamento e descarregamento de cargas, aumentando a produtividade nas pontas; na área de armazenagem, o foco está no software de controle e gerenciamento de estoque, sequenciamento de peças, assim como em ferramentas paralelas que ajudam a ler as variações do estoque e readequá-lo em tempo hábil, evitando a perda de produtividade, seja nos armazéns ou nas fábricas.”

Columbia: diversificação de serviços e especialização em determinados setores poderão fazer a diferença

O setor atualmente enfrenta grandes desafios, fruto da desaceleração econômica do país. Movimentações reduzidas e perda de escala consequentemente aumentam os custos e obrigam os Operadores e as transportadoras a se reinventarem e desenvolverem novas estratégias, a fim de mitigar eventuais quedas de rentabilidade.

“A infraestrutura segue sendo um ‘complicador’ para o setor, dada à falta de investimentos histórica e, agora, agravada pela crise, exige ainda mais destes players. A diversificação de serviços e especialização em determinados setores poderão fazer diferença, juntamente com a solidez econômica das empresas operadoras para atravessar o momento de baixa.”

Ainda de acordo com João Lordello, gerente de negócios – Logística da Columbia (Fone: 1 3330.6700), não é esperado grande movimento no curto prazo. Contratantes seguem averiguando seus custos e demandando estudos de Operadores, mas mudanças e expansões ainda serão tímidas. Espera-se que no médio prazo os mercados que atualmente sofrem com a retração voltem a crescer.

Expresso Lamounier: segmento de transportadoras que operam como Operadores Logísticos enfrenta “briga de sobrevivência”

“As transportadoras que trabalham como Operadores Logísticos têm passado dificuldades em função da redução que houve no mercado consumidor, ocasionando uma ‘briga de sobrevivência’ de algumas empresas, que já estavam com problemas financeiros antes desta crise. Esta pseudossobrevivência está gerando buracos maiores nestas empresas e prostituindo o mercado, que já não era tão cobiçado pelas OLs pelo fato de os valores cobrados pelos serviços não serem atrativos, além dos problemas constantes que ocorrem nas entregas – personalização e demora nos recebimentos.”

Vilmaria Santana, analista comercial do Expresso Lamounier (Foto: 31 3555.5500), acredita que este mercado, terminando esta crise, terá tudo para crescer, pois a população cresce e com isto o consumo também tem de aumentar (alimentos, produtos de limpeza, etc.). “Em curto prazo, as perspectivas não são boas em função da situação que o país está passando, todavia, a médio e longo prazo, esperamos uma mudança nas atitudes das empresas do ramo em relação à técnica de fazer a precificação, não se esquecendo de levar em consideração os custos e as margens de lucro. Desta forma, o setor poderá crescer sustentavelmente.”

Expresso Arghi: os novos desafios são fazer o cliente entender o valor agregado na prestação de serviço de qualidade

Na opinião de Rafael Borghi, diretor operacional da Expresso Arghi (Fone: 11 5583.1834), os novos caminhos e desafios que se apresentam para os OLs e as transportadoras são fazer com que o cliente entenda o valor agregado na prestação de um serviço de qualidade. “Tentar trazê-lo para discutir a operação e os detalhes que envolvem todo esse processo. Quebrar a barreira da discussão de redução de custo em cima do preço do transporte, que é algo que mais se fala atualmente junto aos embarcadores, principalmente aqueles com mercadorias de alto valor agregado, perecível, urgente, que necessitam de um serviço exclusivo e que demanda muita atenção, informação e proatividade do transportador.”

Expresso Salome: os novos caminhos são fazer da qualidade o principal instrumento de conquista e manutenção de cliente

“Estamos em compasso de espera, agregando novos clientes para manter o nível de faturamento. Temos uma demanda reprimida, mas, com expectativa para o segundo semestre.”

Ainda segundo o gerente do Expresso Salome (Fone: 11 3392.5300), Luiz Claudio Ramalho de Souza, as perspectivas da empresa para a atuação no mercado em médio prazo é manter a sua estrutura, para a retomada do mercado. “Os novos caminhos que se apresentam para os OLs e as transportadoras são fazer da qualidade o principal instrumento de conquista e manutenção de cliente”, completa Souza.

DB Schenker: OLs e as transportadoras devem focar na excelência e otimização operacional

Segundo Ricardo Ubiratan Silveira, head of contract logistics and Supply Chain management Brazil da DB Schenker Brasil/Schenker do Brasil Transportes Internacionais (Fone: 11 3318.9201), de modo geral, os OLs e as transportadoras têm sido abordados por seus clientes no sentido de prover reduções de custo ao longo de suas cadeias de abastecimento. Na busca por essas reduções, essas empresas têm implantado iniciativas de otimização de suas operações através de programas de excelência operacional, implementação de ferramentas tecnológicas, metodologias de gestão inovadoras e investimento em pessoas. “No entanto, a permanecer o cenário de pressão acentuada pela redução de custos, associado a uma redução significativa da demanda, há o risco de que uma boa parcela dessas empresas não tenha os recursos financeiros e operacionais necessários para se manter competitivas neste ritmo.”

Silveira diz, ainda, que a maioria dos mercados no Brasil passa por uma fase de retração. Até mesmo segmentos consistentes têm experimentado uma redução em suas operações. De qualquer forma, um mercado que mantém uma tendência de crescimento é de e-commerce, que em sua esteira fomenta as atividades de armazenagem e distribuição com características de fracionamento e capilaridade. É possível, também, que alguns nichos de negócios – como agronegócio e cadeia do frio – continuem apresentando oportunidades interessantes no curto/médio prazo. A crescente preocupação com a sustentabilidade e a criação de novas leis voltadas à preservação do meio ambiente também podem alavancar os canais reversos de distribuição, criando novas oportunidades neste segmento.

“Em qualquer tempo, mas principalmente agora, o OLs e as transportadoras devem focar na excelência e otimização operacional e na avaliação e reestruturação de sua equipe. Um time motivado e bem preparado e uma operação com excelência e competitividade podem atender às necessidades dos clientes de forma a mantê-los. Também será preciso manter os esforços de crescimento em meio à crise, reavaliando a estratégia de atuação, se necessário. Ações como o lançamento de produtos e serviços, certamente serão um diferencial. Por fim, é importante que essas empresas estejam abertas a aumentar a interação e colaboração com seus clientes, parceiros e mesmo concorrentes para identificação e implantação de ações que gerem valor em suas cadeias de abastecimento.”

Silveira vai mais longe. De acordo com ele, os novos caminhos para os OLs e transportadoras passam pela inovação tecnológica e de gestão, na excelência operacional e gestão adequada de seus recursos humanos. “Acreditamos que cada vez mais o foco do Supply Chain das empresas será no serviço ao cliente – ao invés de foco na qualidade ou produto – e na tomada de decisões com base na demanda real da cadeia, e não em históricos e previsões. Além disso, vemos a possibilidade de um novo ciclo de parcerias, fusões e aquisições nesta indústria, motivado, de um lado, pela necessidade de recursos financeiros por algumas empresas e pela oportunidade/disponibilidade de ativos a um custo competitivo, de outro.”

Comfrio-Stock Tech: mercado de armazenagem de frio começou o processo de profissionalização há menos de uma década

O mercado de logística no Brasil passou por fortes mudanças a partir da década de 90. Isso se deve ao processo de redução de alíquotas de produtos importados. Após esse período, começou uma forte consolidação do setor, trazendo grande dificuldade para a maioria das empresas nacionais. “Trata-se de um segmento de grandes proporções, em que apenas empresas com escala e alguma sofisticação podem participar com sucesso.”

Ainda de acordo com Evandro Calanca, CEO da Comfrio-Stock Tech (Fone: 41 3525.8228), o mercado de armazenagem de frio começou o processo de profissionalização há menos de uma década, período em que alguns conglomerados e fundos de investimento passaram a se interessar pelo segmento. O mercado brasileiro é carente de armazenagem de frio e, portanto, representa uma oportunidade para as empresas mais estruturadas. As regiões mais carentes são o Centro-Oeste, Norte e Nordeste.

Além disso, o mercado de distribuição “last mile” deve sofrer muitas mudanças e se consolidar em plataformas logísticas mais robustas, profissionais e mais sofisticadas. “Ou seja, os próximos anos são promissores, porém, serão necessários grandes investimentos, o que requer grandes esforços diante da atual crise financeira”, completa Calanca.

DHL Global Forwarding: mercados como o de commodities agrícolas e o de saúde têm se mostrado mais resilientes

Após um longo ciclo de crescimento dos volumes transportados, o mercado logístico nacional está vivendo um período de queda nestes volumes, dado a desaceleração da economia brasileira. Isso lançou um novo desafio aos Operadores, que devem focar sua atenção, agora, na eficiência e redução de custos logísticos e inovação, ao invés da expansão da capacidade de transporte e armazenamento. Esse desafio não é pequeno, mas também abre oportunidades. “Talvez as mais visíveis, pela desvalorização do real, sejam as exportações que lentamente vêm se recuperando. Outra oportunidade, porém, é a revisão das cadeias logísticas como um todo, buscando racionalizações.”

Eduardo Rodrigues, diretor de marketing e vendas da DHL Global Forwarding (Fone: 11 5042.5500), diz, ainda, que no atual cenário econômico, os players de mercado estão mais abertos a rever questões como mudança e combinação de modais, revisão da frequência de entrega e compartilhamento de contêineres. Mercados como o de commodities agrícolas e o de saúde têm se mostrado mais resilientes.

“Embora esperemos um 2016 ainda bastante desafiador, nossa perspectiva é que o País volte a crescer nos próximos dois ou três anos, acompanhado de uma recuperação dos volumes transportados. Acreditamos, também, que a lenta recuperação das exportações, as quais já estão se refletindo nos dados oficiais de 2016, também ajude o País neste momento.”

Rodrigues também crê que o diferencial dos Operadores Logísticos seja ocupar efetivamente o papel de especialista logístico, revendo todo o processo e buscando ganhos mensuráveis. Isso tudo, mantendo a confiabilidade da operação e padrões mínimos de qualidade. Manter seus próprios custos sob controle, certamente, também é um diferencial. “A inovação é outro caminho.”

DHL Supply Chain: Operadores devem ser consultores estratégicos em logística

A inversão das expectativas no mercado brasileiro, de expansão para retração econômica, teve um impacto direto no mercado logístico nacional: a redução dos volumes movimentados de modo geral. “Os Operadores precisam rapidamente adaptar-se a esse novo cenário, desenvolvendo soluções que visem ganhos de eficiência ou até redução de custos na movimentação de mercadorias. Desta forma, mais do que nunca, os Operadores devem ser consultores estratégicos em logística, auxiliando o cliente a tomar decisões que transformem a cadeia de suprimentos e quebrem antigos paradigmas e requerimentos especiais, bem como possam gerar reduções de custos sustentáveis. Só assim, as empresas podem capturar ganhos significativos, sem prejudicar o nível de serviço. Com isso, os Operadores também abrem novas oportunidades, com projetos mais sofisticados. Nesse movimento, estamos vendo cada vez mais a revisão ou combinação de modais, diminuição das frequências de entrega e até compartilhamento de estruturas de armazenamento.”

A análise do segmento feita por Maurício Barros, vice-presidente de operações da DHL Supply Chain (Fone: 19 3206.2200), é complementada pelas perspectivas em médio prazo. “Obviamente, esperamos um 2016 ainda mais desafiador do que 2015. Porém, à medida que o cenário político e econômico fique mais claro, acreditamos que o mercado começará lentamente a reagir. Com isso, vamos continuar nossa estratégia de busca de novos clientes e investimento em produtos específicos, como novas soluções de co-packing, logística in plant (inbound to manufacturing e outras oportunidades de melhoria dentro das fábricas) e serviços de LLP (Lead Logistic Partner).”

Referindo-se aos novos caminhos que se apresentam para os OLs e as transportadoras, Barros diz que fortalecer o aspecto estratégico do Operador Logístico é um caminho sem volta. Segundo ele, o mercado demanda um aumento na flexibilidade, agilidade de ação e redução de custos. “Isso aumenta a complexidade das soluções logísticas, que agora passam a envolver a participação de vários parceiros. Inovar e agregar valor aos serviços logísticos são outros imperativos.”

Grupo Farrapos: setores como o de produtos relacionados à saúde e estética e PET também são promissores

Hoje, o mercado de transporte e logística enfrenta como principal dificuldade a recessão econômica do país. “É um setor que sente diretamente a retração e as consequências da má performance de seus clientes. Ainda assim, existem setores que são promissores e mostram crescimento considerável, mesmo em tempos de crise, como o e-commerce, produtos relacionados à saúde e estética, produtos farmacêuticos, PET, relacionados à tecnologia, entre outros.”

Já falando nas perspectivas para a atuação no mercado, Ismael Zorzi, diretor executivo do Grupo Farrapos Logística (Fone: 85 3052.3146), diz “em um cenário econômico instável, as empresas devem sempre se reinventar, principalmente no ramo de transporte. Devem estar atentas às tendências de mercado como segmentos promissores e novas tecnologias e inovações em serviços. Nesse setor é preciso muito esforço para estar no mesmo lugar, para avançar são necessários dedicação total, planejamento e estratégia bem fundamentada em estudos de mercado”, finaliza Zorzi.

GAT Logística: alguns transportadores oferecem apenas “preço, ao invés de qualidade de serviços”

Para Carlos Pereira, gerente comercial da GAT Logística (Fone: 11 2413.7700), a análise do momento atual do segmento continua a mesma dos anos anteriores, onde a concorrência entre Operadores Logísticos e transportadoras continua acirrada – “porém temos um agravante: devido ao atual cenário econômico, embarcadores que buscaram a terceirização de suas operações logísticas estão estudando alternativas para redução de custos, muitas vezes não se preocupando com qualidade, segurança, licenças ou até mesmo retroagindo sua estratégia de internar novamente suas operações por questão de sobrevivência no mercado. Este movimento, infelizmente, abre portas para concorrência desleal com transportadores sem conhecimento de outras áreas da logística, oferecendo apenas ‘preço, ao invés de qualidade de serviços’”.

Por outro lado – ainda segundo Pereira –, o mercado continua promissor em vários segmentos onde as empresas procuram a parceria do Operador Logístico para propor soluções inteligentes que tragam, ao mesmo tempo, reduções de custos às empresas e aumento de volumes ao Operador Logístico.

“Mesmo com um cenário desfavorável, isto não significa que os Operadores Logísticos deixaram de realizar seus investimentos em infraestrutura, licenças, sistemas de gestão e qualificação de seus profissionais. É necessário entender a importância de agregar valores às atividades logísticas dos embarcadores, eliminando o conceito de apenas redução de custos.”

O gerente comercial da GAT Logística também aponta os novos caminhos: intensificar cada vez mais a qualificação, adequação de infraestrutura, tecnologia da informação, gestão de qualidade, estar atento e buscar flexibilidade às necessidades dos clientes que se alteram constantemente diante de um cenário econômico tão volátil.

Terra Master: concorrência desleal prejudica o setor

“O que vejo hoje no segmento é a concorrência desleal feita por alguns transportadores, aplicando valores que não pagam ao menos o custo do transporte.”

A frase é de Thiago Veneziani, diretor da Terra Master em Logística e Transporte Eireli – EPP (Fone: 13 3299.5500). Ele continua: “acredito que o melhor caminho seria uma fiscalização mais exigente, obrigando o cumprimento das legislações em vigor. Hoje nosso setor é muito bom em legislar e fraco no que se diz respeito ao executivo, à fiscalização em si. Muitas vezes, o cliente, por não saber, acaba contratando essas empresas que não cumprem com suas obrigações tributárias, securitárias, previdenciárias e demais, visando somente o preço, e não dando conta do prejuízo que pode ter.”

Ibex Transportes: cargas baratas nem sempre são sinônimo de qualidade nos serviços

“Hoje vemos uma mudança significativa no comportamento do consumidor, que tem cada vez mais adquirido seus produtos através do e-commerce, surgindo assim uma grande oportunidade para o nicho de mercado: o porta a porta. O Brasil é um dos países que registra a maior taxa de crescimento em e-commerce no mundo, por isso eu acredito que 2016 será um ano marcado pela expertise e todo esse cenário gerará benefícios para o país, para as empresas e para o consumidor final, colaborando para que empresas idôneas e que buscam a séria renovação de seus serviços tenham grandes chances de saírem fortalecidas da crise.”

Esta análise é feita por Washington Moura, presidente da Ibex Transportes (Fone: 11 2078.9191). Ele também aponta que em um ano de cenário econômico desfavorável, a junção entre tecnologia e serviços cria oportunidades ilimitadas, mas também gera diversos desafios, entre eles a necessidade inerente de aprimorar o contato com os diversos públicos de interesse.

“No atual cenário, temos que levar em consideração não apenas o controle financeiro para garantir a saúde da empresa, mas trabalhar, também, de forma excelente toda a cadeia. É preciso cada vez mais conhecer seu consumidor, e vejo que as empresas que sobreviverão a essa ‘onda’ são aquelas que, além de um excepcional modelo de gestão, entendem muito bem seus públicos, seja ele o seu colaborador, acionista ou cliente final.”

Moura ainda diz que a expressiva evolução do e-commerce torna o país foco de uma expansão futura, fazendo com que as empresas busquem a renovação para acompanhar essa tendência. “Cargas baratas nem sempre são sinônimo de qualidade nos serviços e, além disso, não são garantia de idoneidade, ética e corresponsabilidade.”

O presidente da Ibex Transportes complementa dizendo que, a partir daqui, empresas rentáveis, que conseguem reverter seus resultados em lucro, serão aquelas que, além da saúde financeira, têm atreladas a sua gestão a qualidade na prestação de seus serviços, expertise nos negócios e a pontualidade em suas obrigações, sejam elas fiscais, trabalhistas ou com clientes.

“Como em todos os segmentos, a atuação dos OLs e das transportadoras também enfrenta situações de riscos com a retração do mercado, que tem feito com que muitos dos grandes contratantes caminhem para a incorporação das atividades de logística em seu plano de negócios, e o reflexo dessa decisão penaliza consequentemente alguns serviços. Soluções básicas deverão ser adotadas como caminho para a sobrevivência nessa atuação, além da profissionalização, o planejamento é uma questão fundamental na cadeia de distribuição, com maior sinergia desde a saída da mercadoria até a entrega ao cliente final.”

Moura acredita que, além disso, o compartilhamento de estruturas operacionais entre empresas, não necessariamente que atuem no mesmo segmento, proporcionará uma redução nos custos operacionais, tornando possível o repasse desse benefício para o produto final, estimulando o consumo.

TPC Logística: com o crescimento de vendas em marketplace, existe uma maior diluição de entregas

Ao fazer uma análise das perspectivas para a atuação das empresas do segmento no médio prazo, Rubiane Anholeto, gerente comercial do Grupo TPC Logística (Fone: 11 3572.1751), o faz por tópicos. “Hoje, com o crescimento de vendas em marketplace, as compras não são consolidadas, existe uma maior diluição de entregas em pontos de vendas, reduzindo o volume dos pedidos e a exigência do transporte fracionado e picking nos armazéns; o e-commerce é a principal força motriz dos investimentos em logística no futuro – segundo o estudo de grandes empresas de logística, nos próximos quatro anos o e-commerce mundial deve crescer 23%; as indústrias de medicamentos e cosméticos são as que mais crescem no país – perspectivas de crescimento na casa de dois dígitos para os próximos anos.”

Com relação aos novos caminhos que se apresentam para os OLs e as transportadoras, as respostas também são pontuais: as indústrias são carentes de um bom nível de transporte nas regiões Norte e Nordeste do país; as empresas cada vez mais buscam contratar mão de obra terceirizada temporária ou para realização de operações in house para solucionar um gargalo logístico; as empresas investem na área, na infraestrutura e em sistemas; carência das indústrias sobre conhecimento dos softwares e sistemas de mercado para o picking fracionado e WMS.

Pacer Logística: hoje, o atendimento personalizado é uma tendência no segmento

“Esse é um ano bastante desafiador e, apesar do cenário de retração econômica do País, a Pacer acredita que o segmento de transporte e logística ainda é promissor. Muitos clientes potenciais não conhecem as soluções que um Operador Logístico pode oferecer e há, também, um grande espaço para desenvolvimento junto daqueles que buscam os serviços de transporte e logística para que possam ter o foco totalmente direcionado em seu core business.”

Otimista, Alexandre Caldas, presidente da Pacer Logística (Fone: 21 3161.8600), diz que a empresa vem investindo forte em seu setor comercial, com foco em alavancar as operações nos segmentos de transporte de carga fracionada, assim como as operações multimodais, que incluem transporte rodoviário e aéreo. “A estratégia de investir no transporte de carga fracionada é uma forma de aumentar a rentabilidade por viagem.”

E ele continua: hoje, o atendimento personalizado é uma tendência no segmento. As empresas precisam ser criativas para se manterem ativas no mercado.

Painel Transporte e Logística: cada vez mais as grandes empresas de transporte irão se especializar em determinados segmentos

O setor de transporte vem sofrendo, há muitos anos, com a defasagem dos custos de seus serviços, além de sofrer com o atual cenário em que se encontram as rodovias brasileiras. “Apesar das dificuldades, existem alguns nichos e mercados promissores a serem explorados, como de produtos químicos, que muitas empresas deixaram de transportar devido aos riscos e às burocracias para manter as licenças de operações. Certamente, as transportadoras mais preparadas poderão tirar proveito destas oportunidades”, diz Cleberson Heckler, gerente geral da Painel Transporte e Logística (Fone: 16 3707.6800) – antiga Amazonas Logística.

Ele também acredita que os caminhos da segmentação serão uma boa oportunidade para um futuro breve. “Cada vez mais as grandes empresas de transporte irão se especializar em determinados segmentos. O negócio será se tornarem experts em determinado segmento de produto, para agregar valor ao seu serviço.”

Panalpina Brasil: uma grande mudança que deve ocorrer é a redefinição do modelo de negócio baseado em não se ter ativos

Gustavo Paschoa, diretor comercial e de vendas da Panalpina Brasil (Fone: 11 2165-5700), é outro participante desta matéria especial de Logweb que destaca que o momento difícil que passamos, quando todas as empresas estão hoje focadas em reduzir seus custos e otimizar seus processos, gera para os Operadores Logísticos um momento de oportunidade única, pois é uma abertura para apresentar soluções e serviços diferenciados, que focam nestas mesmas reduções e otimizações.

Obviamente, continua Paschoa, existem segmentos mais afetados que outros; “no setor automotivo, os desafios neste momento são bem distintos de outros setores, como o de bens de consumo ou de cuidados pessoais e saúde. Além disso, temos os desafios temporais. Teremos um 2016 diferente de 2015, porém os diferenciais dos Operadores farão a diferença entre crescer, encolher ou se manter estável. Entendemos que é neste momento que devemos focar nossos esforços em inovação, trazendo novos serviços e novas soluções aos clientes.”

O diretor comercial e de vendas também salienta que os grandes desafios ainda continuam: a carência de uma infraestrutura eficiente, as mudanças fiscais e regulamentações, entre outros, criam uma dificuldade ainda maior para que possam inovar e brindar seus clientes com excelência operacional. “Mas foco no trabalho, investimento em inovação e coragem em tomar decisões necessárias é o que fez, faz e sempre fará a diferença. Problemas sempre existirão, sejam mais ou menos agudos. Temos que nos desafiar a fazer mais com menos e atender as demandas segmentadas, temporais e/ou pontuais, pois é assim que conseguiremos manter nosso crescimento.”

Sobre os novos caminhos que se apresentam para os OLs e as transportadoras, Paschoa enfatiza que o maior desafio, sem dúvida, será o de se reinventar e inovar em um mercado que está em constante mudança. “Novas tecnologias e estratégias customizadas por segmento de mercado já são e continuarão a ser o caminho para oferecer diferenciais e inovações ao nosso mercado.”

Ele também informa que outra grande mudança que deve ocorrer para o mercado de OLs e transportadoras no Brasil e no mundo é a redefinição do modelo de negócio baseado em não se ter ativos. “O que vemos hoje são grandes corporações investindo em ativos para criar vantagem competitiva, mesmo este não sendo o seu core business. Temos como exemplo disso a aquisição de aeronaves cargueiras pela Amazon para fazer o escoamento de produtos da Ásia para os EUA, anunciada recentemente na mídia.”

ID Logistics: hoje temos no Brasil um amplo mercado para crescimento da terceirização das operações logísticas

Marcos Bagnolesi, diretor comercial da ID Logistics (Fone: 11 3809.2600), também participa desta avaliação de segmento de OLs e transportadoras e declara que, no cenário brasileiro de retração econômica, os Operadores Logísticos se tornam excelentes opções, permitindo flexibilidade aos seus clientes. “Neste período, onde as empresas estão cortando gastos extras, os Operadores Logísticos buscam oportunidades na melhoria de processos para ajudar a reduzir os custos de seus clientes.”

Bagnolesi também acredita na estabilização da economia, que levará o País a retomar o crescimento. Ao mesmo tempo, segundo ele, é necessário focar nas oportunidades e necessidades atuais, como a readequação de custos das empresas, aumento da flexibilidade e velocidade das adequações necessárias aos novos volumes, além de investir nos segmentos que, apesar da dificuldade geral, acabam encontrando o caminho de crescimento e expansão.

“Hoje temos no Brasil um amplo mercado para crescimento da terceirização das operações logísticas, permitindo ao cliente focar com maior intensidade em seu real core business. Além disso, a terceirização garante vantagens competitivas, visto que os OLs conseguem trabalhar sua expertise visando melhoria contínua nos processos, tecnologia e sinergia entre suas operações.”

JSL: as oscilações atuais favorecem a indústria de alimentos, mas não o setor automotivo

Adriano Thiele, diretor executivo de operações da JSL (Fone: 11 2377.7000), afirma que o Brasil tem avançado em diversos setores nos últimos anos, mas durante muito tempo ficou estagnado na sua estrutura logística. “Há uma defasagem de infraestrutura e excesso de burocracias que atrapalham um maior desenvolvimento do setor. E hoje, ainda há muito para avançar. Para as empresas, a melhor forma de contornar as dificuldades do mercado é investir na qualidade do seu serviço. A economia funciona em ciclos, o que favorece diferentes setores em momentos distintos. As oscilações atuais, por exemplo, favorecem a indústria de alimentos, mas não o setor automotivo.”

Já se reportando às perspectivas, Thiele se diz otimista. “São nesses momentos de dificuldades na economia que as empresas procuram ganhar eficiência, reduzir custos. E, consequentemente, começam a pensar diferente, inovar, desenvolver soluções mais inteligentes. Um reflexo disso é a busca pela logística eficiente, que pode melhorar significativamente a eficiência e a competitividade de uma empresa. E com todos revendo os seus processos para ganhar eficiência, surgem as oportunidades para empresas que têm o know-how da logística.”

O diretor executivo de operações também acredita que o planejamento e o compartilhamento das decisões entre gestores, a equipe e o cliente são peças-chave para que se consiga o envolvimento e alinhamento com todos, a fim de alcançar os melhores resultados e, assim, prosperar. “Também é muito importante dosar a autonomia das pessoas e, principalmente, definir bem as responsabilidades de cada um para que tenham foco na meta e nos resultados esperados. Outro ponto importante é buscar equipamentos e implementos que tragam melhor performance e aumento da capacidade de carga, tendo como consequência a redução de custos aos clientes e, ainda, proporcionando um diferencial perante aos concorrentes.”

Posidonia: o maior problema hoje para os transportadores marítimos é a infraestrutura portuária e seus altos custos

A análise feita por Alex Ikonomopoulus, sócio da Posidonia (Fone: 21 2203.1759), enfoca o transporte marítimo. Primeiro ele diz que o maior problema hoje para os transportadores marítimos é a infraestrutura portuária e seus altos custos, que geram demoras na liberação de embarcações e cargas, atrasando a cadeia logística como um todo.

“A cabotagem vem se mostrando um caminho natural para onde muitas indústrias estão migrando seus processos logísticos e entendemos que o mercado ainda tem espaço para crescer. Inicialmente, o contêiner foi a força motriz que trouxe a carga para o modal marítimo, mas hoje vemos que embarcadores de cargas soltas e de projeto buscam no modal a solução para o transporte, principalmente no eixo Nordeste/Sudeste-Sul”, diz ele.

Ikonomopoulus também ressalta que a sinergia entre os Operadores Logísticos e as transportadoras rodoviárias, ferroviárias e marítimas é o caminho que se apresenta para que os processos logísticos sejam mais competitivos e para que o Custo Brasil se torne menos prejudicial à concorrência de nossas indústrias, tanto no mercado interno como externo. Em cada etapa do processo logístico, existe o modal que melhor se adéqua ao transporte. Por isso, a sinergia entre os modais é imprescindível, completa.

RTE Rodonaves: “com excessivo fracionamento dos pedidos, a dificuldade na unitização das cargas será ainda maior”

Segundo Murilo Alves, diretor adjunto de mercado da RTE Rodonaves (Fone: 16 2101.9905), o cenário econômico atual afeta diretamente o setor de transportes. “O momento inspira cuidados, pois com a queda da produção industrial haverá uma redução no volume médio transportado por cliente. Com excessivo fracionamento dos pedidos, a dificuldade na unitização das cargas e a necessidade de maior controle sobre avarias e diferenças de inventário serão ainda maiores e contribuirão para uma maior tensão na relação transportadora e cliente. O cenário não é tão pessimista: os mercados de health care e de reposição de peças se mostram como boa oportunidade para o ano de 2016.”

Alves também informa que até 2018, esperam que o país retome sua curva de crescimento. “Isso só será possível se encararmos os gargalos que o país tem postergado no que tange à infraestrutura e, principalmente, à carga tributária excessiva sobre toda a cadeia produtiva.”

Sobre os novos caminhos para as empresas que atuam no setor de transporte, ele diz que inovação será a palavra chave nos próximos anos, buscando uma maior eficiência na cadeia de distribuição e tendo como foco propiciar uma experiência cada vez mais positiva aos clientes.

Vialog: entre os fatores que encarem as operações estão o aumento do combustível e alto índice de sinistros e roubos

Andréa Laurino, gerente comercial, e Eduardo Antunes, gerente geral da Vialog (Fone: 51 3218.7740), também comentam que o segmento de transportes, de forma geral, vive um momento complexo no país. São diversos fatores que oneram e encarecem as operações: aumento do combustível, alto índice de sinistros e roubos, más condições das estradas, etc. “Em contrapartida, o segmento no qual estamos inseridos, transporte de courier, está em crescimento, apesar da crise econômica que estamos atravessando”, dizem eles.

Diante de um cenário econômico complexo – continuam os gerentes –, com queda no consumo e aumento no número de competidores, é mandatório que as empresas busquem eficiência nas suas operações. “Esta eficiência é adquirida através de investimentos em tecnologia, revisão de processos, qualificação de pessoas e o estabelecimento de parcerias estratégicas, que, além de contribuir para o aumento de eficiência, permitem oferecer soluções completas ao mercado com custo competitivo.”

TGM Transportes: a realidade do transporte de carga fracionada é ter seus preços regidos pelo mercado

De acordo com o último levantamento do IBGE, a atividade do transporte teve retração de – 6,5% em 2015, grosso modo, mas a percepção é de que, na prática, esta retração foi muito maior.

“Desde os prejuízos causados pelos dias parados na Copa do Mundo de 2014, o mercado tem se mostrado cada vez mais em recessão. São quase dois anos, agravados pelo último, onde custos como diesel subiram mais de 30% em um ano e os valores dos fretes são empurrados para baixo pelo mercado.” Thiago Granero de Melo, gerente geral da TGM Transportes Cargas e Encomendas (Fone: 44 3229.2700), continua sua análise da situação, hoje, do segmento de OLs e transportadoras. Diferente de alguns segmentos, onde o preço é regido pelo governo, a realidade do transporte de carga fracionada é ter seus preços regidos pelo mercado. Os embarcadores, pressionados pela redução drástica de custos, para poder ter seu preço do produto competitivo, tomam das transportadoras os preços mais baixos. As transportadoras, para ocupar suas ociosidades ou espaços vazios em veículos e terminais, abaixam suas tabelas para ter carga para transportar. O consumidor procura o menor preço na hora da compra por conta de seu endividamento, desemprego de 10% instalado no País e dificuldade no credito. O varejista, o atacadista e outros intermediários que ficam entre a indústria e o consumidor buscam produtos mais em conta, o fornecedor com a melhor oferta, valendo-se de poder de compra e barganha e, também, apertam o transportador para que fique alguma margem entre a compra e a venda. “Este circulo vicioso é infinito e predador. Como o transporte fracionado atende diversos segmentos, cada um com sua variante, vejo que quanto maior o mix de segmentos dentro da transportadora, menores são os reflexos da crise, pois se em algum momento têxteis, por exemplo, estiver em forte queda, alimentos pode estar em um ritmo melhor.”

O gerente geral não vê perspectivas muito boas para os próximos meses, ele crê que a crise política para este ano esteja mais inflamada que no ano passado. “Por mais que sejamos otimistas convictos e obstinados, está claro que muitos reflexos de 2015 virão à tona neste ano. Desde reflexo da inadimplência pelo desemprego batendo na casa dos 10%, como na instabilidade econômica pela dúvida sobre o futuro do governo federal. Para agravar, o Estado tem criado mecanismos e diretrizes fiscais que cada vez mais dificultam o trabalho das empresas – um exemplo foi a mudança recente no rateio progressivo do ICMS entre os estados, e incentivos como a desoneração da folha tiveram suas alíquotas elevadas. De qualquer forma, cada empresa deve olhar para dentro e fazer sua economia, reduzindo custos, otimizando processos, racionalizando sua operação e elevando faturamento com maior agressividade comercial.”

Melo também aponta os novos caminhos que se apresentam para as transportadoras: as oportunidades estarão abertas exatamente para aquelas que se adequarem mais rapidamente à nova realidade do mercado: maior eficiência por baixo custo, o antigo low cost, low fare.

Transportadora Sulista: em momentos difíceis, a concorrência faz negócios “impossíveis”

A crise afetou muito o segmento: redução da atividade econômica, redução do volume de cargas, mercado com frota ociosa, muita concorrência. Em um momento de baixos volumes de carga, há muita frota disponível no mercado e a concorrência se aventura fazendo negócios “impossíveis”. “Devemos acompanhar este ano com muita cautela. Passos firmes. Sem muita ousadia. Isto com certeza nos deixará preparados, com saúde para colher os frutos do retorno da atividade econômica neste pais.”

A análise é de Josana Teruchkin, diretora executiva da Transportadora Sulista (Fone: 41 3371.8200).

Transtassi: hoje, com os fretes e as margens se achatando, quem não se inovar não sobreviverá

No atual cenário econômico é necessário encontrar oportunidades ainda mais escassas e concorridas no mercado, e o segmento de transporte rodoviário de cargas esbarra em várias dificuldades, como a péssima condição das estradas e os aumentos de combustíveis e tributos que não cessam.

“Assim, as perspectivas em médio prazo, que podemos considerar entre um e dois anos, não são muito boas, pois o mercado e a economia em retração fazem com que todos os setores deixem de investir e até mesmo existir. No Brasil, o termômetro da economia se baseia no transporte rodoviário, haja visto que o País tem a maior parte de suas mercadorias transportados por esse modal.”

Diante deste cenário, Michell Tassi, gerente comercial da Transtassi (Fone: 35 2101.1600), aponta o novo caminho que se apresenta paras os OLs e as transportadoras: inovação. “Essa é a palavra chave para todos os OLs e transportadoras, pois hoje, com os fretes e as margens se achatando, quem não se inovar, reinventando sua empresa, não sobreviverá. Na contramão dos valores caindo, estão os custos, que sobem e infelizmente são repassados a nós, quer queira ou não. Então, o cenário atual e futuro é de olhar para ‘dentro de casa’ e diminuir nossos custos que vazam todos os dias, principalmente os que são mais difíceis de enxergar, como a produtividade.”

Grupo TGA: desbravar é importante, porém, mais importante ainda é não perder o foco

Diretor executivo do Grupo TGA – Logística Transportes Nacionais e Internacionais (Fone: 11 3464.8181), Adilson Gomes dos Santos diz que é certo que a crise atual pela qual passa o Brasil é um fator preocupante para os setores de logística e transporte. “Temos visto, em geral, o mercado retraído, em termos de investimentos e inovações. A parcimônia com a qual os clientes têm agido na hora de contratar serviços, a alta do dólar e os escândalos políticos vivenciados pelo nosso país – que acabam afetando também o nosso mercado, uma vez que alguns segmentos importantes estão envolvidos, como o da construção civil e energia, por exemplo – estão no rol dos problemas ‘macro’ que afetam Operadores e transportadoras.”

Ela informa, ainda que, o único caminho que veem neste momento específico é o da reinvenção. “A crise é para todos e não há outra forma de competir se não houver diferenciação. Seja no âmbito do melhor custo-benefício oferecido ou no do atendimento ao cliente ou, ainda, na participação em outras frentes de negócio. Sobre este último, que ele esteja, obviamente, dentro do core business da empresa, pois desbravar é importante, porém, mais importante ainda é não perder o foco.”

Wilson Sons: empresas devem ter capacidade e expertise para realizar operações integradas ao longo de toda a cadeia logística

Thomas Rittscher III, diretor executivo da Wilson Sons Logística (Fone: 11 2102.6500), avalia que o mercado de Operadores Logísticos hoje aponta para um caminho com empresas mais especializadas em segmentos e que tenham capacidade e expertise para realizar operações integradas ao longo de toda a cadeia logística. “Como ainda são poucos os Operadores que têm essa capacidade, o mercado encontra dificuldade em identificá-los. Os mercados mais promissores são os que estão passando à margem de toda a crise que estamos vivendo, como o de cargas de projeto associado a projetos de energia renovável, o farmacêutico, etc.”

Ele também acredita que a tendência é que os Operadores Logísticos passem a oferecer soluções integradas e específicas para cada segmento. Também existem oportunidades de colaboração entre os Operadores Logísticos na busca por mais eficiência.

TA: os novos caminhos que se apresentam incluem elevação do grau de competitividade e flexibilidade

Em função do cenário recessivo pelo qual a economia brasileira passa, o principal desafio é o de se manter o mais bem posicionado possível, ou seja, estar atento e preparado para as novas oportunidades em um mercado altamente competitivo e volátil. “De outro lado, buscar incessantemente otimização de custo e elevação da produtividade. A construção destes dois pilares fará, no curto e médio prazo, a diferença dos OLs que estarão operando em futuro próximo.”

Omar Passos, diretor da Divisão Logísticada TA (Fone: 19 2108.9001), continua: os mercados, de uma forma geral, sofrem grande volatilidade atualmente, seja pela retração do consumo, seja pelo impacto cambial, contudo alguns deles possuem elevada capacidade de reação em um curto espaço de tempo, com isso não se pode ignora-los no cenário de curto prazo. Alguns segmentos merecem destaques, como farma, HSE e alimentício, dentre outros.

“Os novos caminhos que se apresentam para os OLs e as transportadoras incluem elevação do grau de competitividade e flexibilidade. O desenvolvimento de parcerias estratégias com empresas que atuam de forma complementar a nossa, buscando otimização de despesas, é um dos principais trajetos a serem perseguidos no curto e médio prazo”, conclui Passos.

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