O setor de implementos rodoviários apresentou no primeiro semestre deste ano uma redução em suas vendas de 9,35%. O número foi apresentado durante coletiva de imprensa com Alcides Geraldes Braga, novo presidente da Anfir – Associação Nacional de Implementos Rodoviários (Fone: 11 2972.5577), que também falou sobre as alterações feitas na concessão de crédito através do Finame e sobre as expectativas da Associação para os meses finais do ano.
No mercado interno, a produção de linha pesada, que inclui a família de reboques e semirreboques, apresentou retração de 13,32% (as vendas caíram de 29.314 para 25.410), com o transporte de toras tendo o pior desempenho do semestre: uma queda de 42,19%, se comparado com o mesmo período, do ano anterior.
Da lista de 15 produtos, apenas três tiveram desempenho positivo: Carrega Tudo, com 30,32%, Dolly, com 1,82%, e Silo, com 6,12%. “Esses três itens, que destoaram dos demais, contribuíram para que o resultado não fosse pior. Mas, eles pertencem à área de construção, estão ligados a datas e calendários. Produtos como esses têm um desempenho diferente porque apresentam um apelo maior pelo prazo das obras, então não se pode pensar nas questões do Finame, tem que se cumprir o contrato. Agora, no geral, vemos que os setores que não são sazonais estão piores do que no primeiro semestre de 2011”, explicou Braga.
Já em carrocerias instaladas sobre os chassis dos caminhões (linha leve), a maior queda foi em baú lonado, com 40,55%. Uma das surpresas foi o aumento de 6,45% no volume de vendas de tanques, item esse que reduziu mais de 30% na indústria dos pesados. No total, o setor de carrocerias também fechou em baixa, com retração de 7,46% (queda de 61.658 para 57.056).
Segundo Mario Rinaldi, diretor executivo da Anfir, essa demanda de tanques na linha leve aconteceu por conta das restrições impostas ao setor. “Esse crescimento, na verdade, representa apenas uma mudança de transporte no setor de distribuição, por conta das restrições de circulação de veículos dentro de cidades como São Paulo”, afirmou ele.
Os vários números negativos do balanço foram atribuídos pela Anfir a um conjunto de fatores, entre eles a demora do governo em alterar as regras de financiamento via Finame.
Anunciado em abril deste ano, o plano PSI4 do BNDES reduziu a taxa de juros para aquisição de máquinas e equipamentos de 8,7% ao ano para 7,3%, no caso de grandes empresas, e de 6,5% para 5,5%, no caso de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). Além disso, ele também reduziu as taxas para compra de ônibus e caminhões de 10% para 7,7%, estendeu o prazo máximo de amortização de 96 meses para 120 meses e aumentou o nível máximo de participação do BNDES, elevando de 80% para 100% (MPMEs) e de 70% para 90% (grandes empresas).
Segundo Braga, apesar de o PSI4 ter sido favorável para o setor, houve demora na tomada de medidas e a reação do mercado não foi a imaginada. “Esperávamos que ele fosse melhorar rapidamente o mercado, mas, apesar de ele estar melhor, não está como queríamos. Nossa dúvida agora é saber o que os meses que restam podem render para melhorar esses meses que foram ruins”, afirmou o presidente da Anfir.
MERCADO EXTERNO
Ao contrário do mercado nacional, que apresentou queda em todos os seus setores, o balanço sobre a venda para o mercado internacional apresentado pela Anfir obteve resultados positivos.
Segundo os números mostrados pela Associação, entre os meses de janeiro e junho de 2012 foram vendidos para o mercado externo 2.349 itens, o que representou um crescimento de 31,01%, se comparado com o mesmo período do ano anterior (em 2011 foram vendidos 1.793 itens).
“Não vemos nada de diferente que possa ter criado esses números, são coisas pontuais que acabaram se mostrando positivas para o mercado. Nossa exportação é muito voltada para a América do Sul, e nunca foi superior o suficiente para mudar o panorama”, explicou Braga.
EXPECTATIVAS
Para os próximos meses, as expectativas da Anfir ainda são de retração do mercado. Segundo os dados apresentados pela Associação, o setor deve fechar o ano no vermelho, com um saldo total negativo em 11,55%.
Na linha dos pesados, a queda deve ficar em 14,49% e, na linha leve, a baixa deve ser um pouco menos acentuada, chegando a 10,85%. No mercado externo, as exportações, segundo os estudos da Anfir, devem continuar com a balança positiva, e fechar o ano com saldo de 4,25%.
“O segundo semestre não deve ser pior que o primeiro, mas também não deve reverter muito que aconteceu nos últimos meses”, afirmou Braga.
Ainda segundo o presidente da Anfir, apesar das expectativas até o final do ano não serem positivas, o cenário para 2013 deve melhorar por conta das mudanças já realizadas na concessão de crédito e dos grandes eventos esportivos que serão realizados no Brasil (Copa do Mundo e Olimpíadas), além do incentivo do governo para a realização de 40 Parcerias Público-Privadas (PPP’s).
“Em 2013 as obras para esses grandes eventos vão bater na nossa porta e, querendo ou não, um mercado vai acabar puxando o outro. Vai ser mais uma reação à força do que uma melhora econômica do mercado”, concluiu Braga.
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