Novos certificados e condutas de operações estão sendo solicitados pelos embarcadores do segmento, obrigando OLs e transportadores a permanecerem em constante atualização. No entanto, o repasse do valor deste investimento aos fretes ainda é um problema.
Mariana Mirrha
Os setores químico e petroquímico se caracterizam por serem formados por empresas de capital intensivo, além de requererem altos investimentos, alto desenvolvimento tecnológico (pesquisa) e formação em recursos humanos. Tratam-se, portanto, de empresas altamente competentes e exigentes em todo seu fluxo de negócios, desde os suprimentos até a distribuição final. É neste cenário que se desenvolvem os players do ramo logístico que pretendem atender esse segmento.”
O resumo sobre o perfil das companhias que atuam nos segmentos que norteiam esta matéria especial, dado por Henrique Ferlin Guerra e Walter Montagna, diretores da Apoio Comércio e Transportes (Fone: 43 3302.2605), são condizentes com os dados da ABRALOG – Associação Brasileira de Logística (Fone: 11 3884.5930), que mostram a força dos setores para a economia e o mercado global.
Segundo os profissionais, pautados por dados da ABRALOG, somente a atividade de Operador Logístico abrange cerca de 160 empresas, gerando mais de 100 mil empregos diretos e indiretos, e movimenta em torno de R$ 170 bilhões. “Para citarmos as projeções da logística nos ramos químico e petroquímico, podemos utilizar as projeções desse setor, segundo a ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química (Fone: 11 2148.4700), que preveem um aumento do faturamento de US$ 122 bilhões, em 2008, para US$ 167 bilhões até 2020. Essa projeção, caso se conclua, não será possível sem o adequado desenvolvimento da infraestrutura logística”, explicam.
E as dificuldades logísticas dos segmentos químico e petroquímico não são poucas e, muito menos, pouco debatidas. Como avaliam Guerra e Montagna, mesmo sendo exigentes e atuantes, os setores compartilham a mesma precária infraestrutura logística existente no país, tais como portos, aeroportos, estradas e ferrovias, com outros segmentos menos exigentes, como a agricultura e a siderurgia, por exemplo. Também é conhecido o grande entrave que causa a legislação tributária nacional, que leva o OL e o transportador, em alguns casos, a abortarem uma operação perfeitamente viável do ponto de vista logístico, mas inviável economicamente.
Para atuar no setor é imprescindível que o Operador Logístico e o transportador conheçam o mercado e respeitem as diversas legislações que regulam os segmentos, com exigências que são essenciais para a segurança e integridade, tanto do motorista quanto da mercadoria e da população em geral.
De fato, como informa Edson Depolito, diretor comercial da Brucai Transportes e Armazéns Gerais (Fone: 11 3658.7280), tanto para a armazenagem dos embalados como para o transporte dos materiais químicos e petroquímicos, exigências de licenciamento são imprescindíveis e exigidas pelo setor contratante, obrigando os players do mercado a fornecerem, além das certificações básicas, treinamento e desenvolvimento constantes para toda a equipe, em especial mantendo um quadro de motoristas de alto nível, cada vez mais escassos no mercado. “Isso confirma e valida o que disse recentemente um ex-executivo de uma das maiores organizações químicas atuantes no mercado: os motoristas de nossas empresas são verdadeiros ‘embaixadores’ das indústrias químicas, uma vez que adentram diariamente a casa de cada cliente do mercado, representando diretamente o setor”, diz Depolito.
O diretor de operações do Grupo TPC (Fone: 11 3572.1703), Luis Fernando Martinez, acredita que, além do foco em produtividade, estes setores requerem alto nível de excelência em segurança, saúde e meio ambiente. A infraestrutura (rodovias, portos, etc.) ainda é bem precária e aumentam os riscos de acidentes. “Esses são setores em franco crescimento no Brasil, pois estão, na maioria das vezes, relacionados, direta ou indiretamente, ao consumo. O Brasil importa muitos produtos químicos usados como matéria–prima e produz internamente diversos produtos de origem petroquímica. A tendência é de migração nos próximos anos para o uso de materiais orgânicos, contribuindo para a sustentabilidade ambiental. Os problemas de infraestrutura impactam diretamente na logística, contribuindo para o aumento dos estoques e uma maior utilização de ativos de transporte, com consequente oneração dos custos nos setores. Há um espaço grande para otimização da cadeia, aumentando a competitividade dos players destes mercados”, analisa Martinez, seguido pelo gerente de operações gerais de armazém da IBL Logística (Fone: 11 2696.2230), Valmir Adelino de Moura: “há uma demanda crescente nos setores que acompanha o mesmo ritmo do crescimento do PIB brasileiro. Em paralelo, as questões ambientais e a própria necessidade de um controle mais rígido e perfeito da logística reversa pós-consumo merecem um destaque de notoriedade quanto ao crescimento de negócios para este quesito”.
Uma forte tendência de mercado nestes setores industriais são operações logísticas sustentáveis, com foco no aproveitamento de energias, armazéns autossustentáveis, uso de equipamentos menos poluentes, operações mais seguras e com menos possibilidades de erros, valorização do capital humano, tratamento adequado de resíduos sólidos e treinamentos dedicados para fortalecer estas ideias, de acordo com Rodrigo Bacelar, gerente comercial e de marketing da ID Logistics (Fone: 11 3809.3400). “A logística destes setores envolve diversas normas de segurança e inúmeros procedimentos para zerar ou minimizar a possibilidade de riscos. A mais importante é a certificação SASSMAQ – Sistema de Avaliação de Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Qualidade, sistema criado pela ABIQUIM para padronizar as regras e exigências necessárias para o transporte de produtos químicos. Há, ainda, o selo Atuação Responsável da ABIQUIM, que compreende uma série de normas, incluindo a segurança para os trabalhadores, para o meio ambiente e para a carga, ou seja, sustentabilidade”, continua André Ferreira, diretor da Rápido 900 (Fone: 11 2632.0900).
A atuação no segmento exige das companhias uma sólida gestão, como afirma Gennaro Oddone, diretor presidente da Tegma (Fone: 11 4346.2500), que transporta mais de 1 milhão de toneladas de produtos químicos por ano. Para o profissional, as empresas devem estar preparadas para o desenvolvimento de soluções inovadoras que gerem vantagens competitivas para cada cliente com serviços que atendam demandas específicas, tanto em relação aos processos quanto em relação às operações. O setor requer uma atenção ainda mais especial por parte dos operadores, já que as operações de grandes transferências e armazenagem de matérias-primas são realizadas sete dias da semana, 24 horas por dia.
“A transportadora que se propõe a trabalhar com estes segmentos precisa mostrar e provar diariamente que está qualificada para tais serviços e manter vigente toda uma gama de licenças e certificados de diversos órgãos públicos, municipais, estaduais e federais. Contudo, não bastam apenas as licenças, os próprios motoristas precisam ter um curso específico para movimentar tais produtos, o MOPP – Movimentação Operacional de Produtos Perigosos, sendo uma condicionante para a contratação de novos motoristas, o que acaba ocasionando uma redução na oferta e aumentando os custos na contratação destes. A própria frota disponibilizada precisa ser diferenciada e nova para proporcionar uma maior segurança durante a viagem”, afirma Marcus Sartori, coordenador administrativo da Transal Transportadora Salvan (Fone: 48 3411.1000). Ele continua: “muitas empresas embarcadoras, não contentes com a qualificação da transportadora, mesmo que ela possua o SASSMAQ, criam suas próprias regras e exigências, aumentando ainda mais os custos de operação para os transportadores. Se não bastasse, exigem ainda Seguro Ambiental e contrato com empresas de atendimento emergencial, cujo mercado é restrito e monopolizado. Tudo isto que foi mencionado poderia ser tratado com naturalidade por todos os prestadores de serviços, se ao menos os custos impostos pelas exigências tidas como ‘necessárias’ fossem completamente cobertos pelos fretes praticados pelo mercado. Mas, infelizmente, isto não ocorre por conta da irresponsabilidade de embarcadores e transportadores que movimentam estes produtos na clandestinidade, apenas visando aos ganhos financeiros e não se importando com os riscos da operação”.
Para Alexandre Dorti, técnico de segurança, e Donizete Palma, gerente geral, ambos da Transportes Aiapuá (Fone: 11 2412.6603), é possível notar que muitas companhias do setor não atendem às exigências, e nas vias se percebe o descumprimento de regras, através de sérios acidentes fatais e com danos ao meio ambiente. “As empresas devem, no mínimo, contratar as OLs e transportadoras que possuem SASSMAQ. Desta forma já estarão atendendo à legislação. Infelizmente, observamos que muitas contratantes apenas se preocupam com o preço, promovendo a concorrência desleal com as empresas que agregam em seu custo um alto investimento para atender a toda a legislação”, apontam.
DESENVOLVENDO PAPÉIS
“Há muito tempo que nosso governo não olha para o setor de transportes. Ou melhor, olha e cria mais exigências.” Críticas como essa de Sartori, da Transal, são bastante comuns nestes dois setores quando se começa a discorrer sobre o que precisa ser mudado para que eles cresçam.
Dentre os exemplos dados pelo profissional para o desequilíbrio entre o atual e o ideal para o setor estão a Lei 12.619/2012, que regulamenta a profissão do motorista rodoviário, a desoneração da folha de pagamento e as novas exigências de licenciamento para transporte, criadas por órgãos federais. “A Lei 12.619/2012 simplesmente aumentará o custo de operação em mais 30% em todos os segmentos. Será que esse custo as transportadoras conseguirão repassar aos preços dos fretes? A desoneração da folha de pagamento foi atribuída, inicialmente, a diversos setores produtivos, depois para alguns setores de prestação de serviços, até o transporte. Agora, pasmem: exceto o transporte rodoviário de cargas, que é responsável pela movimentação de aproximadamente 70% de tudo que pode ser transportado no Brasil. Tudo isso sem contar as novas exigências de licenciamento para transporte criadas por órgãos federais, como o IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Isso tudo aconteceu só em 2012. E nossas estradas continuam do mesmo jeito”, destaca o executivo da Transal.
Quem também lista a série de iniciativas que o OLs e transportadores devem seguir para atuar com produtos do segmento é Fabio Gomes, diretor de administração da Transduarte Logística e Transportes (Fone: 51 3584.3500). “Para operar com transporte de produtos químicos classificados como perigosos, contamos hoje com um decreto–lei, nove leis, doze decretos, 56 resoluções, 11 portarias, 17 regulamentos técnicos, uma instrução normativa, 18 normas brasileiras, quatro regulamentos de avaliação e conformidade, 11 normas regulamentadoras e três deliberações para cumprir. As indústrias exigem, através da ABIQUIM, que seus parceiros possuam padrões de gestão e excelência para fins de firmar alianças comerciais. Estes padrões podem ser configurados em sistemas de gestão – aqui citamos o SASSMAQ, que é, na verdade, a evidência do atendimento de todos os quesitos legais ambientais somados ao cumprimento das obrigações da pessoa jurídica perante seus colaboradores, quando se trata de saúde e segurança, à sociedade, se tratando de responsabilidade socioambiental, e seus públicos de interesse, quando falamos de qualidade total. Isto implica em níveis de desempenho diante do atendimento, bem como mitigação de problemas relacionados a acidentes e incidentes no transcurso do transporte. Isto implica no aumento de investimentos por parte dos Operadores Logísticos em detrimento da necessidade de atendimento destas obrigações, como também na qualificação de todo o processo logístico contratado”, salienta.
Para Sartori, da Transal, cada vez mais as empresas embarcadoras utilizam os veículos das transportadoras como “depósitos”. Esse fato demonstra como ficou caro produzir em excesso e criar estoques altos. “Assim, é comum afirmar que os estoques de uma empresa estão em movimentação, pois a grande maioria produz sob pedidos antecipados. Diante deste contexto, o papel das transportadoras é importantíssimo, já que o carregamento dos produtos ocorre com as embalagens ainda ‘quentes’, e sempre com entregas para ‘ontem’. Por outro lado, não há espaço para erros ou atrasos de entrega, já que se trata de pedido exclusivo e sem estoque de reposição. Como é impossível prever acontecimentos que podem atrapalhar o bom andamento dos serviços, como trânsito congestionado, acidentes, enchentes, obras nas rodovias e até mesmo quebra de veículos, um bom relacionamento entre o prestador de serviço e o embarcador, e até mesmo o destinatário, é essencial. O objetivo sempre é prestar um serviço de qualidade, e seu cliente precisa ter certeza que é isto que você quer fazer, mesmo que eventualmente isto não ocorra. Eliminando estas incertezas, é certo que você tem mais que um cliente, e, sim, um parceiro”, afirma.
Outra questão levantada, desta vez por Guerra e Montagna, da Apoio, é a formação de recursos humanos, ainda muito escassa para atender toda a demanda. Segundo os profissionais, no Brasil encontram-se empresas que vieram de diversos ramos de atividades (principalmente do transporte) e se denominaram Operadores Logísticos, assim como empresas multinacionais que aqui se instalaram, além de outras nacionais que enxergaram o vasto potencial desse mercado e vêm prestando um bom serviço. “Por outro lado há também os que se ‘mascaram’ de Operador Logístico e causam muita dor de cabeça e uma péssima imagem do setor. Cabe ao tomador responsável separar o joio do trigo. No caso do transporte dos produtos denominados perigosos, são os tomadores do serviço, apoiados nas entidades de classe, que procuram manter o melhor nível de exigência e segurança dessa atividade, orientando os transportadores sobre as características dos seus produtos e, ao mesmo tempo, cobrando ações e condutas cada vez mais responsáveis. Apesar das dificuldades, há, do nosso ponto de vista, um aumento da conscientização dos riscos que envolvem essa atividade no Brasil”, salientam, seguidos por Ricardo Molitzas, diretor de operações logísticas da Santos Brasil Logística (Fone:13 3209.6011). Segundo ele, “fatores devem ser respeitados por todos os que participam da operação, pois estes devem ser muito bem treinados e alertados sobre os procedimentos operacionais e sobre riscos físicos, químicos e biológicos. Há necessidade de profissionais qualificados para interpretar as legislações e garantir a segurança na cadeia logística. Os usuários deste tipo de serviço precisam sempre estar atentos se as empresas são capacitadas e certificadas para a atividade, em virtude das leis rigorosas para este segmento, consultando, inclusive, suas associações, como, por exemplo, a ABIQUIM”.
Depolito, da Brucai, também ressalta as dificuldades encontradas para dar conta dos compromissos que OLs e transportadores assumem como prestadores de serviço. “Atravessamos o constantemente a cidade de São Paulo e temos grande atuação em rotas de tiro curto. Desta forma, na maioria das vezes sentimos que existe falta de programação adequada das partes envolvidas, no sentido de que deveria ser mais elástica e mais bem dosada, recomendando melhorias da parte dos embarcadores e dos recebedores em geral. Isso faria com que operações atendidas dentro do Estado de São Paulo e da Grande São Paulo pudessem atingir total perfeição, sem colocar em risco nossa sociedade, sem ampliar custos desnecessários e, principalmente, aprimorando e respeitando-se esse mercado de características essencialmente perigosas e bastante cruéis, que nos expõe constantemente a riscos de acidentes e incidentes.”
Tomado ao “pé da letra”, não é possível operar sem atender aos pré-requisitos, porém, na prática, o que se observa é a ainda permanência de alguns OLs inabilitados operando, quer seja no transporte e/ou na armazenagem destes produtos. Isso é o que acredita Moura, da IBL Logística. No entanto, segundo ele, como a maioria dos fabricantes possui matrizes externas (multinacionais), que são as determinadoras dos pré-requisitos que são exigidos para o transporte dessas cargas, os OLs precisarão se ajustar às exigências de qualquer forma. Mas enfatiza: “novamente, a questão custo x benefício tem de ser muito bem avaliada, pois já é mais que sabido e maduro que qualidade e certificações custam e devem ser pagas pelo embarcador. É preciso sair da retórica de cobrar sem querer repasses de custos, a conta não fecha. Os OLs têm se visto às voltas com uma série de exigências legais e, principalmente, em relação às questões dos motoristas (treinamentos e descanso obrigatório) que devem ser atendidas e, por outro lado, com as restrições de tráfego nas grandes cidades que causam impactos enormes em suas estruturas e recursos operacionais”, finaliza.
O que se pede ao contratar?
Para contratar os serviços de qualquer Operador Logístico ou transportadora, os clientes dos segmentos de químico e petroquímico mantêm uma lista de pré-requisitos. Os entrevistados dessa matéria especial listaram algumas das principais características que OLs e transportadoras devem atender para atuarem e crescerem no setor. Os principais? Certificações e atestados em dia, como ISO e SASSMAQ, além de certificados que legitimem o transporte e a armazenagem de carga perigosa pela companhia.
• Conhecimento e cumprimento à legislação do setor;
• Comprometimento com a carga;
• Segurança garantida para a carga, meio ambiente e colaboradores;
• Treinamento e capacitação de equipes, com cursos como MOPP e direção defensiva;
• Pontualidade na coleta e entrega;
• Disponibilização de informações sobre as operações;
• Tecnologia atualizada;
• Sistemas de rastreamento de carga;
• Sistemas online de segurança nos veículos, como GPS;
• Capacidade de investimentos;
• Frotas adequadas e renovadas, com constantes manutenções;
• Infraestrutura apropriada para atender a demanda atual, com capacidade para suprir futuros crescimentos de demanda;
• Credibilidade perante o mercado;
• Experiência no setor;
• Planejamento e controle corretos nas roteirizações de frotas.
A palavra da ABIQUIM
De acordo com a ABIQUIM, a indústria química brasileira é a 6ª no ranking da indústria química mundial e tem a 3ª maior participação no PIB industrial. O setor de produtos químicos de uso industrial, com faturamento líquido de US$ 71,2 bilhões em 2012, representa 48% do faturamento líquido de toda a indústria química brasileira, movimentando aproximadamente 46 milhões de toneladas/ano de produtos no estado sólido, líquido e gasoso.
O grau de terceirização do transporte é muito grande, sendo que o uso de frota própria ocorre apenas em alguns setores específicos ou para alguns produtos com característica de periculosidade ou operação específica. Estima-se que aproximadamente 40% dos volumes são transportados a granel líquido e sólido em veículos tanques, contêineres ISO e caminhões graneleiros.
A matriz de modo de transporte da indústria química segue o praticado pela matriz nacional, com a predominância do setor rodoviário, representando aproximadamente 60% da carga movimentada, seguida do ferroviário, marítimo (incluindo a cabotagem) e dutos. Em função da especificidade dos produtos, como valores, produtos perigosos e quantidades (considerando, também, a infraestrutura disponível no momento no setor ferroviário), a indústria química utiliza este modal em menor escala que a matriz nacional, suprindo com o uso da cabotagem, que se verifica mais amplamente utilizada por este setor.
“A atuação integrada entre o embarcador, transportador e recebedor é uma tendência na área de logística e uma realidade no setor da indústria química, tanto operacionalmente, como em responsabilidades legais e voluntárias compartilhadas. A indústria química e petroquímica terceirizou diversos serviços de logística ao longo das duas ultimas décadas, e hoje se verifica que vários desses serviços, como controle de estoques, armazenagem, transporte, destinação e tratamento de resíduos, são executados pelos prestadores de serviços de logística. Isto proporciona o foco nos negócios para o setor da indústria química e petroquímica e agrega valor para os serviços de logística”, explica Gisette Nogueira, assessora técnica da equipe de gestão empresarial da ABIQUIM.
E continua: “verifica-se que os prestadores de serviços de logística estão preparados com sistemas de gestão e implementação de práticas de qualidade, processos eficientes, recursos materiais com alta tecnologia e profissionais capacitados. No entanto, em função das peculiaridades do setor, esta integração da cadeia produtiva requer que a indústria química e petroquímica transmita, também, aos seus clientes e fornecedores de serviços logístico os valores e práticas ligados ao ‘Atuação Responsável’. Questões relacionadas à saúde, segurança e ao meio ambiente vêm assumindo considerável importância nas relações comerciais, na percepção dos fornecedores de serviços e clientes e, consequentemente, na respeitabilidade perante o cidadão. Dessa forma, criou-se o conceito de difusão para a cadeia produtiva, que se inicia com o ‘Programa de Parceria’, mantido com transportadores, distribuidores de produtos químicos, empresas de serviços ambientais e de emergência com produtos químicos e outras empresas ligadas à cadeia de produtos da indústria química”.
Segundo a profissional, foram instalados 19 conselhos setoriais no âmbito do Plano Brasil Maior – dois desses conselhos são voltados para a indústria química e petroquímica brasileira – com a participação de associações, trabalhadores, empresas públicas e privadas. A ABIQUIM apresentou uma agenda com 13 demandas prioritárias que abrangem disponibilidade de matéria-prima, desoneração de investimentos, infraestrutura e logística, Pesquisa & Desenvolvimento e capacitação de mão-de-obra.
ABIQUIM: Problemas e ações em andamento nos conselhos setoriais e grupos de trabalhos interministeriais, da área de logística
Restrição ao transporte de cargas químicas nas ferrovias.
Ação: Remover as restrições ao transporte de produtos químicos em ferrovias.
Gargalos ferroviários entre os principais polos petroquímicos brasileiros.
Ação: Priorizar (no PAC) os investimentos nos trechos ferroviários que estrangulam os fluxos de produtos entre as empresas dos diferentes polos petroquímicos, tendo como objetivo principal a necessária interligação de polos químicos, portos e mercados consumidores.
Gargalos ferroviários no acesso aos principais portos com potencial de uso para produtos químicos.
Ação: Priorizar (no PAC) os investimentos no acesso por ferrovias aos principais portos com potencial de uso para produtos químicos.
Insuficiência da malha brasileira de gasodutos.
Ações: Estimular a finalização do Plano de Expansão da Malha de Transportes (PMAT) da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), viabilizando o seu conhecimento pela indústria e adoção de providências necessárias para a expansão; Autorizar a provocação de terceiros ou potenciais investidores, de modo a permitir maior abrangência do PMAT; Estudar um conjunto de estímulos fiscais e financeiros para a realização acelerada de investimentos numa rede integrada de gasodutos.
Acesso aos gasodutos existentes.
Ações: Manter atualizados os dados relativos às capacidades dos gasodutos existentes, por parte da Agência Nacional do Petróleo (ANP), divulgando, periodicamente, os gasodutos disponíveis; Estabelecer diretrizes para a uniformização do acesso no âmbito dos estados federados, de modo a orientar e permitir o uso racional da malha dutoviário e, em especial, permitir o acesso ao gás matéria-prima.
Uso inadequado das zonas primárias dos portos causa problemas em série (custos, prazos, inviabilidade de várias atividades).
Ação: Definir critérios de uso das áreas portuárias primárias que permitam remover os gargalos logísticos, deslocando cargas da zona primária para as secundárias. O espaço restrito das zonas primárias tem as características de um bem público e deve ser compartilhado de forma racional, otimizando as possibilidades logísticas do sistema.
Os setores químico e petroquímico são alguns dos abrangidos pelo Prêmio Top do Transporte. Veja os resultados de 2012 na revista Logweb 129 que está disponibilizada no Portal Logweb: www.logweb.com.br.
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