Sistema Hidroviário é estratégico para o Porto de Santos

O projeto da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) para exploração do modal hidroviário no Porto de Santos foi o tema da palestra “Novo acesso ao Porto de Santos – Soluções Hidroviárias” apresentada pelo diretor de Relações com o Mercado, Cleveland Sampaio Lofrano, durante o VII Fórum Conheça o Porto, que aconteceu no auditório do Campus Dom Idílio da Universidade Católica de Santos (UniSantos).

Segundo Lofrano, a hidrovia do Porto de Santos é um projeto estratégico para o complexo portuário e para a região metropolitana da Baixada Santista porque “necessitamos de novos acessos ao Porto para receber cargas”. Segundo ele os estudos apontam um potencial em torno de 200 quilômetros de vias navegáveis na região.

Cleveland revela que a projeção de demanda de cargas para o Porto de Santos em 2020 é de 151 milhões t. “Temos a certeza que esse número será amplamente superado, por isso esse projeto é tão importante. O Porto tem que atender essa demanda de forma eficiente e com qualidade na prestação de serviços, sem gerar transtornos a comunidade”, afirma.

O diretor da Codesp explica que foi criado um grupo de trabalho para viabilizar o projeto. O regramento, contendo as normas de navegação, atracação, entre outros já foi concluído e enviado à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para validação da proposta da Codesp. O grupo trabalha também na estrutura da tarifa e na formação do cadastro do operador hidroviário. “Queremos estar com isso concluído até o final do ano”, diz Cleveland.

O consultor Rui Gelehrter, engenheiro naval, destacou em sua apresentação a importância de um transporte multimodal moderno e eficiente, ligando a Região Centro-Oeste ao Porto de Santos. Gelehrter afirma que “após a implantação da Hidrovia Tietê-Paraná somos exemplo para o país”. Segundo ele, “a intensa ocupação urbana verificada hoje exige planejamento para que nossa logística se mostre eficiente, sob pena de não sermos bem sucedidos nos nossos objetivos. Modais como a ferrovia e a hidrovia são estratégicos nesse processo, por transportarem cargas por um preço muito mais barato por quilômetro rodado e por serem menos poluentes”, afirma. Gelehrter alertou também para os riscos de novas restrições ao transporte de cargas na Hidrovia Tietê-Paraná, estratégica para o Porto de Santos.

Já o engenheiro do Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo, Pedro Victoria Júnior, falou sobre a estrutura do sistema hidroviário mundial, sua importância para a competitividade dos países e a situação no Brasil. Ele mencionou que o Brasil apresenta sérios problemas em sua infraestrutura, que afetam sua logística, principalmente, por conta da concentração da nossa matriz de transporte no modal rodoviário.

Victoria Júnior menciona como alternativas para solucionar tais problemas a implantação de plataformas logísticas ao longo dos rios, permitindo a troca de mercadorias a um preço menor e eficiência maior, e a implantação de terminais retroportuários, visando reduzir os custos logísticos e descongestionar os acessos ao Porto de Santos. Essas alternativas são muito praticadas em portos europeus, segundo ele.