Sob a ótica dos operadores logísticos

Como se apresenta a armazenagem pelo ponto de vista dos operadores logísticos? Como será o futuro? Quais as tendências. Apresentamos a seguir as opiniões de alguns dos mais significativos representantes desta área.

Inteligência

Eduardo Marafanti, diretor geral da Hércules Sistemas Logísticos destaca que, no século XXI, todo o investimento e preocupação dos operadores logísticos deverão ser focados nos dois mais preciosos e importantes bens a serem armazenados: "dados e cabeças".

"A mercadoria dos clientes precisa ser recebida, armazenada e despachada no tempo certo, nas condições contratadas, a custo de mercado e utilizando-se o que há de melhor em termos de equipamentos de movimentação e armazenagem. Até aí o operador não faz mais do a sua obrigação e isto é o mínimo que se espera de uma empresa séria que opera neste segmento", diz ele.

Para que isto seja realmente bem feito, para que os serviços logísticos possam agregar valor aos clientes dos operadores, é preciso usar uma ferramenta fundamental e escassa no mercado, de acordo com Marafanti: "a inteligência".

"A inteligência está justamente em transformar os dados e as informação e, com base neles, desenvolver soluções específicas para cada cliente que necessariamente passam pelos sistemas de WMS/Contábeis e pelos Processos Operacionais que irão movimentar e armazenar mercadorias. Somente com sistemas e processos inteligentes o operador pode realmente prestar serviços de qualidade aos seus clientes. Receber, armazenar e despachar mercadorias, qualquer um pode fazer, agora, fazer isto bem feito…………..é outro assunto", diz o diretor geral da Hércules.

Portanto, segundo ele, as tendências de armazenagem estão muito mais ligadas a investimentos direcionados aos "dados e boas cabeças" do que a qualquer outro aspecto que, por mais importante que possa parecer, é, na realidade, um coadjuvante com maior ou menor importância.

Alta seletividade

Para Wander Sinigaglia, gerente de projetos da Target Logistics, a armazenagem ganhou uma maior importância estratégica na logística das corporações visto as vantagens comparativas que ela oferece. Só que, por outro lado, as empresas passam a ter mais um custo agregado ao seu produto.

Em razão disso, segundo Sinigaglia, as indústrias vêm empenhando esforços na padronização de suas embalagens, visando a otimização de seus processos e operações, minimizando os custos logísticos na distribuição. "O sucesso desse trabalho ainda não é certo, visto que as estratégias de marketing das indústrias focam a necessidade de manter a participação de mercado e manter seus produtos sempre competitivos, levando as indústrias a reduzirem o ciclo de vida de seus produtos, aumentando, assim, a quantidade de novos lançamentos e inovações. Com isso, há um sensível aumento da quantidade de SKU’s a serem gerenciados pelo operador, o que requer uma infra-estrutura e tecnologia altamente capacitadas para atender a essa enorme seletividade de produtos na armazenagem.

Diante desse cenário, segundo o gerente de projetos da Target, temos uma tendência na armazenagem que atenda a uma alta seletividade, com estrutura que tenha flexibilidade e suporte para responder rapidamente às oscilações da demanda, com velocidade, com qualidade na gestão das informações e acuracidade dos estoques, mantendo, ainda, o melhor nível de serviços.

"Ao que parece, a tão sonhada padronização não virá tão cedo, o que faria com que os operadores tivessem melhores condições de planejar e definir seus investimentos na infra-estrutura para atender às necessidades do mercado, minimizando os riscos sobre o retorno desse investimento", argumenta.

Com esse cenário tão complexo, ainda de acordo com Sinigaglia, o operador não pode cuidar, ainda, da responsabilidade que é assumir eventuais perdas sobre os estoques sem uma remuneração adequada para esse risco e para o investimento tecnológico que se faz necessário, nem tão pouco assumir investimentos em ativos logísticos, que certamente seriam custeados pelos embarcadores, sem uma adequada remuneração dos serviços, com base na correta mensuração dos volumes e suas oscilações que a operação possa sofrer, permitindo que o operador defina uma estrutura de armazenagem viável que garanta custos competitivos.

Armazenagem frigorificada

"Na minha opinião, uma tendência que se vislumbra claramente no mercado de terceirização de atividades logísticas é o crescimento expressivo da demanda por serviços de armazenagem com controle de temperatura (em câmaras climatizadas, refrigeradas, etc.) e, consequentemente, da utilização de veículos apropriadamente equipados para a distribuição aos pontos de vendas." A análise é de Steve Stacey, vice-Presidente da McLane do Brasil.

A especialização na "cadeia do frio" demanda uma série de investimentos, não só em equipamentos e instalações, mas, também, em processos e recursos humanos, sendo natural que as empresas procurem cada vez mais as parcerias com os Operadores Logísticos, a fim de evitar desembolsos de capital em projetos desta envergadura.

"Como tendência, não tenho dúvidas de que este é um negócio em evolução, já que boa parte dos players deste segmento possuem apenas 5 anos de atuação no mercado. Finalmente, acredito que a estratégia de aliar o investimento em tecnologia e infra-estrutura de ponta, com qualidade de serviços compatível, seja a chave para o sucesso neste negócio", conclui o vice-presidente da McLane.

Carrossel

Vinícius Pires, Supply Chain Technology Head da Danzas Logística, prefere fazer sua análise em termos de equipamentos.

De acordo com ele, "há pelo menos 10 anos, o sistema de armazenagem e picking chamado de carrossel vertical vem se colocando como o mais avançado depósito automático vertical para itens com baixo estoque volumétrico e alta demanda de separação (high movers)."

Para o representante da Danzas, as maiores vantagens deste sistema incluem produtividade na separação de pedidos (velocidade de picking); integração com ERP, WMS e outros sistemas; Sistema de Gestão de Informações; e diminuição da área de estocagem (ótima utilização do pé direito do armazém).

"O investimento neste tipo de tecnologia não é muito comum no Brasil, mas já podemos encontrar projetos de automatização que contemplam esta tecnologia com resultados financeiros muito vantajosos, e também fornecedores globais de sistemas logísticos capazes de suprir esta demanda, que ainda é baixa, mas que deve estar aumentando nos próximos 3 anos", complementa Pires.


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