Tecnologia é a base para um futuro global do Supply Chain, ligando cadeias instaladas em vários locais

E ela inclui da Inteligência Artificial ao Big Data, passando pela conectividade 5G, softwares diversos, Inteligência Amplificada, que busca combinar inteligência humana com Inteligência Artificial, e a utilização de blockchain na logística.

Que vivemos em uma época altamente tecnológica não resta a menor dúvida. A tecnologia está presente no dia a dia das nossas atividades pessoais e profissionais.

Mas, no nosso caso em particular, como ela é aplicada na Supply Chain? Quais as novidades que podem ser vislumbradas quando à aplicação da logística na Cadeia Logística?

Apesar de a tecnologia estar caminhando de maneira bem rápida, a maior novidade que poderíamos esperar para os próximos anos seria a mudança de mindset das empresas. “Falamos muito sobre o papel da tecnologia na logística – e em outros setores de um atacadista distribuidor –, mas isso ainda é visto como algo que pode esperar. Porém, para quem quer se manter competitivo no mercado, é hora de começar a pensar em implementar tecnologia na operação e sair da dependência de planilhas e pessoas.”

Fabricio Santos, diretor da onBlox Software Logístico, empresa do Grupo MáximaTech, completa este seu alerta destacando que existem diversas tecnologias que facilitam praticamente todas as etapas do processo logístico, e elas podem ser implementadas de acordo com a necessidade de cada empresa. Além disso, é esperado que as empresas organizem seus processos baseadas em tecnologia de maneira cada vez mais “redonda”, ou seja, tentando aplicá-la a todas as atividades para evitar que falhas aconteçam em algum dos processos.

“Em termos de funcionalidades e equipamentos, podemos perceber que as novidades virão a partir das necessidades dos consumidores e das faltas que eles perceberem nos sistemas que utilizam. Isso significa que, à medida que as tecnologias como IA, ML e Big Data forem se tornando cada vez mais acessíveis e potentes, essas novidades precisarão ser implementadas na cadeia de abastecimento.”

Outro ponto importante – ainda segundo Fabricio – é que a logística está cada vez mais voltada para os cuidados com o meio ambiente, portanto, isso também pode impactar nas melhorias, que buscam a redução de papéis, melhor organização das embalagens, otimizando matéria-prima e cubagem dos caminhões, entre outros aspectos.

Rafael Alvarez, diretor de logística da Raízen, também destaca que a tecnologia está e estará cada vez mais presente em todas as etapas da cadeia de suprimentos. Existem ferramentas e tecnologias que são realidade, tendem à sofisticação e aprimoramento nos próximos anos, como a automação para operação e gestão de ativos, utilização de dados estruturados e “quentes” para tomada de decisão, utilização de dados para modelos preditivos e melhoria na acuracidade de informações, conexões entre sistemas e monitoramento em tempo real e preditivo. Toda essa tecnologia, somada à internet das coisas, será a realidade cada vez mais presente em Supply Chain, diz Alvarez.

“Podemos esperar cada vez mais a utilização de tecnologias na automatização de processos e substituição de tarefas manuais e repetitivas. Isso garante informações mais centralizadas e processos mais padronizados. A tecnologia logística vem para agregar valor ao dia a dia dos profissionais, que podem focar em outras tarefas e demandas que precisam do ser humano.”

Ainda segundo Caio Reina, CEO e fundador da RoutEasy, algumas tendências para os próximos anos que andam lado a lado com a tecnologia aplicada à Supply Chain são as dark stores – mini hubs exclusivos para armazenamento, separação e envio de produtos –, o uso de veículos elétricos, a chamada logística verde, que investe e prioriza a sustentabilidade, e o investimento em otimizar a logística reversa.

Carlo Itani, líder de Logística para América do Sul da EY, ressalta que, dentre as tendências impactando a logística 4.0 no Brasil, podemos destacar o avanço da conectividade 5G e da regulamentação na logística para viabilizar modelos de negócio inovadores – a exemplo de normas relacionadas ao uso do espaço aéreo por drones; plataformas de crowd shipping; dark stores em áreas de alta densidade demográfica; uso de patinetes; veículos autônomos, entre outros.

Isabel Nasser, CEO e fundadora da Kestraa, também acredita que nos próximos anos podemos esperar ver uma maior adoção de tecnologias avançadas para a Logística 4.0, como veículos autônomos, drones, cobots e Inteligência Artificial. Essas tecnologias permitirão aos usuários monitorar processos de produção e transporte, otimizar rotas de entrega e prever demandas. Além disso, a IA poderá ser usada para automatizar tarefas operacionais, como triagem e empacotamento de produtos.

A IA também está entre as novidades apontadas por Rodrigo Castro, CTO da SOU.cloud. Para ele, a adoção de componentes de Inteligência Artificial será um vetor de desenvolvimento das operações, especialmente no que diz respeito à Inteligência Ampliada, em que ação humana e virtual se complementam, especificamente na implementação de soluções imersivas, visuais, adicionando camadas virtuais ao ambiente físico em tempo real. “Também acredito que haverá um crescimento acelerado de processos automatizados de baixo custo, conhecido como low code, e a redução proporcional de headcount gerencial por maior eficiência nas operações.”

Voltér Luís Trein, CRO da eSales, por seu lado, aponta que as novidades para os próximos anos são uma consolidação efetiva de modelos preditivos, de uso de algoritmos e de grandes bases de dados para tomada de decisão. Ou seja, usar os dados de malha ferroviária de entregas de milhares de empresas que podem estar interconectadas para ver qual é o melhor modelo de distribuição. Se faz sentido uma determinada empresa operar em uma região do país ou é melhor ela se concentrar em outra. Esse é um importante detalhe que os dados podem dizer.

Um grande ponto que os dados vão poder trazer através de modelos preditivos é saber o que determinado distribuidor ou determinado varejo precisa comprar através dos modelos de venda que estão sendo apurados na nota fiscal de venda, na nota fiscal de distribuição. Há uma grande tendência do uso cada vez mais massivo dos dados para uma tomada de decisão mais assertiva. Além disso, o evitar desperdícios, a economia verde, fazer o processo de logística reversa, reciclar os materiais e fazer com que a distribuição aconteça de um modo mais econômico, pensando no aspecto tanto financeiro, mas também no aspecto de economia verde, de redução de carbono, de redução de consumo de materiais fósseis. Tudo isso vem em um formato mais inteligente e racional no uso dos equipamentos que os dados vão prever. “O x da questão está no uso dos dados para que possamos ser mais efetivos”, completa Trein.

Ricardo Mota, presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Estado do Rio de Janeiro – CAERJ, também fala em logística verde.

Partindo da premissa de que “A sus- tentabilidade é a chave para reconstruir melhor”, nos novos modelos de negócios e novos negócios os clientes procuram fornecedores que também os ajudem a cumprir seus compromissos de sustentabilidade, e seguramente podemos replicar a afirmação de Ajay Gambhir, do Instituto Grantham para Mudanças Climáticas: “Tecnologia de comunicação, digitalização e tecnologias de nuvem são essenciais para a transição para uma economia de emissão zero.”

Olhando à frente – continua Mota –, temos que acompanhar as inovações que a indústria de tecnologia vem desenvolvendo no presente.

Primeiramente observa-se uma intensa movimentação para a modernização das operações mais críticas do mundo na era da indústria 4.0, e que se concentra nas redes de missão crítica.

Em seguida aparece a expansão do uso da Simulação de Armazém, mediante o uso da tecnologia Metaverso, que consiste na criação de réplicas virtuais de objetos ou processos para reproduzir o comportamento de suas contrapartes do mundo real.

“Já a automação robótica de processos prossegue em expansão, e embora não seja mais novidade, segue a curva de inovação em desenvolvimento na Indústria de Automação Robótica, alheia às crises, ocupando cada vez mais espaço na vida das pessoas em empresas. Notadamente, vem conquistando espaço no transporte por veículos autônomos.

Por fim, temos a aplicação da computação em nuvem na redefinição do gerenciamento de negócios, mais especificamente, a forma como as cadeias de suprimentos são organizadas e o software como serviço (SaaS) se mostra como outra tendência logística já em 2023. “Imagine digitalizar suas operações logísticas com um sistema de gerenciamento de armazém (WMS) no modelo SaaS e acessá-lo de qualquer dispositivo com conexão à Internet! Além da facilidade para a empresa, o maior benefício passa ser a economia em infraestrutura e manutenção”, completa o presidente da CAERJ.

O cliente é a base da análise de Jorge Catani, diretor de Logística da Infracommerce. Para ele, é esperada a evolução da gestão do CRM (Customer Relationship Management, a Gestão de Relacionamento com o Cliente) em atendimento aos clientes de forma automática, com menos interação humana, onde o atendimento robótico é mais ágil e eficaz. Outra tendência é o planejamento de cenários de Supply Chain, seja via S&OP ou outra ferramenta, para ajudar nas informações e tomada de decisões. E a integração de Sistemas de Estratégia Omnichannel, otimizando as operações offline e online, oferecendo mais opções aos consumidores digitais na hora de sua compra e menor custo de frete.

Guilherme Juliani, CEO do Grupo MOVE3, acredita que uma das principais tendências do Supply Chain para os próximos anos é a possibilidade de enxergar a estrutura de trabalho de uma forma geral, desde o momento em que os produtos são recebidos no armazém, a conferência, estoque, separação dos pedidos, embalagem, até a última etapa, a entrega final. Todo esse ciclo sendo monitorado em tempo real, através da tecnologia Big Data e Inteligência Artificial. “Devemos tornar cada vez mais integrada e inteligente a conexão entre toda cadeia, tornando fabricação, aquisição e distribuição mais assertivas, diminuindo perdas de produtos, custos de logística e gestão dos processos”, diz Diego Franco, CEO e fundador da Loocal.

A tendência para os próximos anos em logística é a consolidação e massificação do uso das tecnologias citadas acima, com variações nos tempos para adoção mais generalizada – algumas mais rápidas, outras ainda distantes, pontua, agora, João Roberto Azarito, gerente de práticas na Softtek Brasil. E ele lembra que outras tecnologia começam a surgir como tendências para o futuro: Augmented Intelligence – ou Inteligência Amplificada, que busca combinar inteligência humana com inteligência artificial para desenvolver sistemas que permitam combinar a experiência, o pensamento estratégico e o senso comum do ser humano com a capacidade de processamento e decisões em situações repetitivas da inteligência artificial; e utilização de blockchain na logística, registrando transações, validando documentos e consolidando informações de transações em um mesmo banco de dados acessado por todos os envolvidos.

“O fato é que estamos vivendo uma grande revolução na logística, que vai trazer grandes vantagens competitivas para quem dominar e aplicar tais tecnologias mais cedo. Lembrando que isso também deve trazer mudanças no varejo”, completa Azarito.

Emerson Lourenço, head de Operações da viastore Systems no Brasil, aponta que as principais revoluções nos próximos anos devem estar associadas aos softwares e ao aumento e otimização das aplicações dos conceitos de fábrica e logística inteligente em que toda a cadeia de suprimentos trabalha em rede inteligentemente interconectada. “Podemos ter muitas novidades em software de controle de estoque, monitoramento e robotização de armazéns cada vez mais autônomos”, acrescenta Roberto Schmeing, gerente Comercial da IBL Logística.

Arthur Igreja, TEDx speaker e especialista em Tecnologia, Inovação e Tendências, não tem dúvida de que, com relação à Supply Chain, podemos esperar grandes tendências e uma preocupação maior com a resiliência das cadeias de suprimentos, reflexo do que ocorreu com a Covid e os grandes fechamentos na China.

“Teremos uma grande preocupação em ter parceiros próximos para que possa, efetivamente, contar com eles. E uma integração cada vez maior entre todos os participantes dessa cadeia. Não será mais apenas o fornecedor e quem está comprando. Na verdade, é uma relação cada vez mais simbiótica. E além disso, uma outra novidade do ponto de vista global é a transição das cadeias de suprimentos para outros países. Temos visto um crescimento de Vietnã e Índia. E com relação à tecnologia, o grande elo tecnológico é o blockchain, pois ele ajuda a ter muita rastreabilidade, controle, robustez e uma eliminação gigantesca de papéis e de documentos.”

Thiago Holanda, diretor de Marketing & Vendas, e André Abrami, CEO, ambos da Automni Logística Robotizada, também lembram que o consumidor quer prazos e custos menores e maior controle sobre seus pedidos. No caso do e-commerce – por exemplo, o Mercado Livre – a tendência é a descentralização dos estoques para Centros de Distribuição menores e a terceirização do transporte last mile – já uma realidade em grandes centros urbanos. A orquestração eficiente dessa ampla rede requer bastante tecnologia.

“Por outro lado, ainda vemos uma maior resistência a esse tipo de descentralização no segmento de bens de consumo. A razão mais baixa de preço sobre a cubagem dos produtos demanda uma eficiência ainda maior da logística – exigindo mais tecnologia, como, por exemplo, a robótica.”

Startups

Segundo um estudo da Distrito, existem no Brasil 283 startups do segmento logístico – as logtechs – que captaram mais de US$ 1,3 bilhão em investimentos desde 2011. Então, fica a questão: qual o espaço que as startups têm no ambiente de logística, considerando inovações tecnológicas?

Arthur Igreja ressalta que as startups têm um papel interessante, pois, até algum tempo atrás não se associava startup com a logística. “Mas é interessante notar que não só no Brasil, como em vários outros países, é uma das categorias que mais cresce, sejam de já participantes desse mercado, que identificaram possibilidades para fazer startups, para levar soluções para grandes players ou para muitas empresas, assim como startups que vêm de fora, de profissionais que não atuavam em logística, mas que identificaram oportunidades para acoplar aquela tecnologia em logística, pois é um dos principais mercados globais, um dos mais importantes. Esse movimento de startups no mundo logístico está em efervescência.

Realmente, as startups se tornaram uma plataforma de inovação tecnológica para o setor. Nesse sentido, a ABB vem buscando parcerias no segmento. Uma das inciativas foi o lançamento de uma competição global em 2019 para avaliar 20 startups líderes de tecnologia de IA focadas em solucionar desafios de separação, embalagem e classificação do mundo real.

Ainda segundo Adrian Covi, Gerente de robótica para Bens de Consumo e Logística da ABB Brasil, a empresa buscou um parceiro de tecnologia para desenvolver uma solução de IA robusta capaz de suportar o manuseio autônomo de materiais, permitindo que seus robôs manuseiem itens de uma variedade infinita.

Também para Cesar Augusto Ghilardi, Head de Customer Success na Connect Smart Data, as logtechs têm um papel fundamental na evolução da logística, seja pela redução de custos, seja pela evolução dos serviços. “Diferente de grandes players de mercado, como os sistemas de gestão, que abarcam ponta a ponta do fluxo logístico, as logtechs normalmente são especializadas em uma etapa do processo. Elas já nascem dentro do contexto da Logística 4.0 e suas tecnologias, usando serviços de nuvem, Big Data e Machine Learning. E aproveitam o acesso aos dados de diferentes empresas para acelerar o aprendizado de máquina e fomentar as soluções colaborativas entre os diversos agentes: indústria, embarcadores e canais de vendas.” 

Ainda segundo Ghilardi, a conjunção da especialidade e das tecnologias mais recentes permite que elas possam responder mais rapidamente às demandas do mercado e com menores custos. “Assim, temos empresas focadas no monitoramento de entregas, na visibilidade de estoques, em roteirização, em cubagem, em gestão de frotas e nas entregas da chamada última milha, complexa por envolver a última etapa e o desafio de capilaridade. Bem como empresas que atuam na cotação ou em leilões de fretes e, até mesmo, na logística reversa.”

Como ocorre em outros segmentos, algumas delas já foram alvos de aquisição de grandes empresas de varejo, indústria e tecnologia, que visam adicionar uma vantagem competitiva aplicando suas inovações em operações de larga escala já existentes. Outras delas, ainda que não tenham se viabilizado como negócios, fizeram com que empresas estabelecidas se movimentassem para entregar os mesmos benefícios relacionados a nível de serviço, elevando o mercado. “As evoluções mais evidentes foram nos tempos de entrega, no nível de informação disponível sobre o tracking na cadeia e nos custos de fretes, ainda que estes últimos permaneçam um desafio”, completa o Head de Customer Success na Connect Smart Data.

A análise de Trein, da eSales, vai pelo mesmo caminho. “Há muitas startups na logística, nós vemos um movimento cada vez mais forte, inclusive de grandes empresas, grandes grupos de embarcadores e indústrias trazerem para o seu portfólio startups de logística para que elas possam ajudar a criar novas soluções para o seu dia-a-dia. Nós temos dentro dos venture capitals, que inclusive a eSales participa, várias iniciativas neste sentido para melhorar tanto a logística B2B quanto B2C e muitas empresas fazendo seus próprios ventures para trazer novas soluções de tecnologia. Então, as startups têm um espaço para ter soluções por si só, para criar soluções para outras empresas e, inclusive, criar soluções que complementem portfólios de empresas maiores já consolidadas no mercado. Porque o mercado está muito dinâmico, hoje a visão do B2B separado do B2C não existe mais. Nós precisamos da agilidade das startups para que o movimento seja mais rápido, para levar solução para quem importa, que é o cliente final, seja B2B ou B2C, que é para ele que interessa que a logística seja mais ágil e mais barata, com menos desperdício e menos custo para o planeta e para as pessoas.”

Raphael Carnevalli, diretor de marketing e vendas da Frete Rápido, também aponta que as startups são fundamentais para inovação aberta e otimização dos processos das grandes empresas por conta da velocidade e maleabilidade que o modelo de negócio traz. “Imagine o exemplo: Fazer uma curva de 180 graus com um navio cargueiro. Mudar completamente a direção de um navio de grande porte não é fácil, é feito e pode ser efetivo, mas não é rápido e nem barato. Irá demandar uma série de considerações e ações para que aconteça. Já um barco de apoio pode realizar a mesma curva de 180 graus com muito mais facilidade, agilidade e menos curso. Assim são as soluções desenvolvidas pelas startups e que são aplicáveis em grandes companhias. Aqui na FR por exemplo, somos uma S.A que fornece tecnologia SaaS para médias e grandes empresas. Marcas líderes de mercado como ASUS, Nestlé, GM e Inter têm obtido grandes resultados com nossa tecnologia enterprise. A implementação é sob medida em operações que na maioria das vezes são complexas. Mesmo assim, nos comportamos como startup, para alcançar robustez sem abrir mão da velocidade e alta performance”, completa Carnevalli.

Thomas Gautier, CEO do Freto, diz que quando olhamos para a logística brasileira, encontramos oportunidades para as organizações. Ainda existem muitos processos realizados de maneira manual e analógica que levam as empresas a perderem competitividade. O lado positivo é que há um número maior de empresas dispostas a mudar esses processos. Elas perceberam que não dá para ficar somente apontando questões de infraestrutura, segurança nas estradas, alta da inflação, dos juros e do combustível.

“O Freto, por exemplo, é uma startup que nasceu envolvendo tecnologia de ponta e inteligência de dados, agregando valor na jornada do transporte rodoviário integrando o processo end to end: de uma publicação de uma oferta de carga até a entrega no ponto de destino, passando pelos processos de cadastro, contratação, expedição e monitoramento com o pagamento integrado dos transportadores. Isso tudo com transparência, compliance em todo processo e 100% digital.”

Ainda segundo Gautier, apesar dos diversos obstáculos encontrados no caminho, há uma série de estratégias que as startups atuais e futuras podem adotar para reduzir custos e garantir uma logística mais eficiente, com a tecnologia que melhor se encaixa no que se deseja alcançar.

É incontestável que o avanço tecnológico no setor logístico ganha espaço ano a ano, haja visto o crescente número de startups voltadas para logística. “Quando olhamos para o Grupo MOVE3, tivemos um crescimento exponencial do volume de entregas nos últimos dois anos, e foi exatamente por esse motivo que investimos pesadamente em tecnologia operacional e em startups que agregam valor aos nossos serviços, seja desenvolvendo sistemas ou auxiliando nos ciclos logísticos. Em 2022 e no início de 2023 trouxemos para o grupo três startups: a goX Crossborder, especializada em soluções para internacionalização, gestão de comércio eletrônico e que atua na expansão de marcas brasileiras para a Europa por meio de presença em marketplaces ou em e-commerces próprios. Tivemos também a Rodoê, transportadora focada em entregas last mile para e-commerce e a Rede 1 Minuto, especializada na oferta de soluções logísticas com lockers inteligentes para marketplaces e vendas diretas. E nossa mais recente aquisição é a Carriers, transportadora que vem para otimizar ainda mais nossa expansão e expertise nas entregas de encomendas para pequenos, médios e grandes e-commerces”, comenta, agora, Juliani, do Grupo MOVE3.

Ainda falando da importância das startups, Alvarez, da Raízen, cita a criação do Pulse, hub de inovação da empresa que visa potencializar os projetos que envolvem tecnologia e que tem potencial transformacional. “Em agosto do ano passado, abrimos uma chamada especialmente para startups de Supply Chain com o objetivo de impulsionar oportunidades de negócios e promover valor aos processos da companhia, além de gerar impacto positivo na sociedade, com projetos que otimizem as operações de distribuição de combustíveis e logística. As startups trazem uma diversidade de ideias, disrupção de pensamento e soluções inovadoras para o ecossistema de Supply a um custo mais acessível, e, portanto, entendemos que são fundamentais para proposição de soluções inovadoras que atendam cada “dor” específica da forma mais personalizada possível.”

Também destacando que o papel das startups na frente da logística é fundamental, considerando que estas empresas geralmente estão à frente do mercado e trazem tecnologias e abordagens mais inovadoras para o setor, Fabricio, da onBlox, ressalta que dentre as novidades que essas empresas trazem estão o rastreamento e monitoramento, tanto dos pacotes quanto dos caminhões. Tudo em tempo real com tecnologias como IoT, radiofrequência e até mesmo um bom painel computacional. Além disso, as rotas otimizadas são um ponto que as startups podem estar trabalhando a partir de algoritmos e aprendizado de máquina para simplificar o planejamento da rota.

Outro ponto importante – ainda segundo o diretor da onBlox – é justamente o da entrega autônoma e robôs que conseguem fazer trabalhos repetitivos. Há muitas startups no mercado que estão trabalhando no desenvolvimento de entregas por drones e aprendizado das máquinas para que essas ferramentas fiquem cada vez mais próximas da realidade e com resultados positivos. “Existem algumas no Brasil que estão trabalhando em um processo crítico dentro de um Centro de Distribuição, que é o inventário, utilizando drones e reconhecimento de imagens para diminuir o tempo gasto nesse processo e aumentando a acuracidade dos estoques.”

Isabel, da Kestraa, ainda lembra que elas podem aproveitar as oportunidades criadas pela Logística 4.0 para desenvolver soluções inovadoras para melhorar a eficiência e produtividade dos processos de cadeia de suprimentos. As startups também podem desenvolver soluções baseadas em tecnologias avançadas, como veículos autônomos, drones, cobots e inteligência artificial. “Hoje muitas ferramentas e métodos para desenvolvimento de Inteligência Artificial e Machine Learning estão disponíveis na modalidade de código aberto, em comunidades colaborativas. Algumas startups dominam essas tecnologias e podem apoiar empresas em suas aplicações na logística. O ideal é utilizar este recurso na análise de casos específicos, para ter contato com a tecnologia, obtendo ganhos em termos de negócios. Vale ressaltar a necessidade de estar atento aos riscos de continuidade, com soluções desenvolvidas com perspectivas de manutenção e evolução”, coloca, agora, Azarito, da Softtek Brasil.

Castro, da SOU.cloud, outro otimista, aponta que as startups podem ser como golfadas de oxigênio para nadadores em uma travessia. As empresas estabelecidas que souberem desenvolver bons projetos com startups, através de VBs ou mesmo VCs, estarão construindo diferenciais competitivos de alto impacto para seu futuro, além de adotar novas armas na arena competitiva.

“Depois do caso Americanas, vivenciaremos discussões aquecidas sobre operações logísticas e custos operacionais, puxadas por grandes varejistas e investidores, e os modelos tradicionais podem não ser suficientes para chegar à outra margem.”

Além disso, as startups têm se mostrado uma alternativa de investimento para longevidade dos negócios através de seu potencial disruptivo e sua capacidade de antecipar o futuro de forma leve e sustentável, desde que haja atenção à governança, pois empresas e startups mantêm modelos muito distintos de operação.

No caminho contrário vai a análise de Franco, da Loocal. Segundo ele, o mercado de logística no Brasil, apesar de robusto, ainda é um pouco limitado se pensarmos que startups deste segmento tendem a ter que superar certos preconceitos. Por se tratar de uma tecnologia que envolve operação, muitas possuem um custo alto e acabam queimando muito capital.

“Este foi um dos desafios que superamos rápido aqui na Loocal, uma vez que atuamos já em breakeven. Acredito que o maior desafio para startups neste segmento seja construir um modelo de negócio ganha x ganha que diminua seu custo, eliminando o alto burn rate. Existem ainda oportunidades na inovação, acredito que uma delas é exatamente sobre agregar mais processos automatizados em sua tecnologia, diminuindo a necessidade de comunicação entre softwares.”

Custo da tecnologia

Redução de custos. Esta ideia se repete em praticamente todos os comentários anteriores. E, por isso, fica a pergunta: pensando no custo de implementar tecnologia na logística, em que grau o uso desta tecnologia contribui para baratear o custo logístico?

Castro, da SOU.cloud, coloca que esta é uma pergunta que responde com muita frequência e que tem basicamente três pontos fundamentais: em primeiro lugar, investir em inovação é caro, então deve ser tratado como uma estratégia integrada da companhia para que traga resultados de curto, médio e longo prazos. Além disso, deve ter recursos dedicados com metas específicas para medir seu progresso e fazer ajustes ao longo do processo. E, por fim, não se faz inovação sozinho, de forma que é necessário estar conectado com um ecossistema favorável ao tipo de inovação desejada. Resumidamente – diz Castro –, inovação que dá resultado não é uma pauta acessória, mas uma estratégia de posicionamento e gestão e que pode, sim, gerar grande diferencial estratégico para qualquer companhia.

“Essa é uma pergunta muito boa e que tem um grande paradigma, porque quando se fala em tecnologia há a ideia de que ela é cara. Há tecnologia na logística para todos os bolsos: para uma empresa pequena, para uma média e para uma gigante. Não há mais desculpa de que a tecnologia não pode ser implementada porque ela é cara. De alguns anos para cá, a maioria das empresas de tecnologia se consolidou no modelo SaaS, onde é cobrado um pequeno aluguel pelo uso da solução e não mais ter de comprar uma solução, precisar ter servidor e uma estrutura. A partir daí tudo se tornou mais acessível. A tecnologia é um grande catalisador para se reduzir custo na logística. Nós temos soluções de tecnologia para a logística que permitem contratar fretes mais econômicos. Não são mais baratos e sim mais econômicos, com menor valor, de melhor prazo de entrega ou melhor custo. Nós temos soluções que permitem auditar os fretes previstos na tabela como efetivamente foi realizado, temos soluções de logística que permitem controlar os SLAs de entrega, em cima do prazo previsto e realizado, soluções que rastreiam todo o ciclo do pedido, para saber se ele está chegando no prazo adequado, se está chegando na casa do consumidor quando realmente tem alguém lá. E pode fazer uma comunicação reversa, dizendo: ‘se não tem ninguém lá eu volto amanhã’, consegue acompanhar todo esse processo. Permite que tenhamos modelos de logística reversa muito mais eficazes.”

Ainda segundo Trein, a logística pode se beneficiar e muito em todas as suas etapas do uso da tecnologia para melhorar toda a sua cadeia e malha de distribuição, sendo mais assertiva, conseguindo ver onde ela é mais eficaz para operar, qual é o melhor modelo de distribuição, como pode ter um menor custo e ser mais efetivo. Isso faz com que as empresas tenham melhores margens de operação, possam ter um frete mais competitivo e com que toda economia seja mais circular e consiga se beneficiar deste custo menor lá na ponta final para que o consumidor possa pagar menos. “Não que nós tenhamos que colocar custo sobre custo e no fim inviabilizando o consumo das famílias que acabam consumindo menos, comprando menos e fazendo com que a economia retroceda. Valer-se da tecnologia não é um diferencial, é mais do que necessário para qualquer empresa, seja o embarcador ou um transportador, para que ele seja mais competitivo.”

Também para Lourenço, da viastore, os investimentos em tecnologia na logística são vistos, algumas vezes, como impeditivos. Contudo, a implementação de tecnologia na logística cria um alicerce robusto para o crescimento e perenidade futura da organização, o que aumenta a eficiência operacional, elimina desperdícios e, consequentemente, reduz custos.

Ghilardi, da Connect Smart Data, também ressalta que o SaaS permite o acesso de empresas de diferentes portes a serviços que ajudam a reduzir desperdícios na cadeia ou custos de mão de obra – com a vantagem de normalmente alinhar o custo com o volume de uso. Funções de controle baseadas em manipulação manual de dados na produção ou na entrega ou mesmo de planejamento são substituídas em grande parte por tecnologias que padronizam dados, automatizam ações e fluxos e notificam divergências. 

“É claro que as experiências mais inovadoras, como linhas de produção e armazéns logísticos robotizados e entregas realizadas por drones e veículos autônomos, ainda estão mais concentradas nas grandes empresas, que possuem o capital para custear os investimentos em pesquisa e desenvolvimento e que, pelos volumes, justificam e necessitam dessas evoluções, ainda que não tragam imediatamente as reduções de custo. Mas, de maneira geral, as soluções que vem sendo disponibilizadas na última década têm permitido universalizar alguns ganhos de produtividade para todas as empresas.” 

Por outro lado – continua o Head de Customer Success na Connect Smart Data – é importante voltar no ponto da diferenciação. As mesmas tecnologias têm permitido atender diferentes necessidades de consumidores, que estão dispostos a pagar mais por níveis de serviços diferenciados, como produtos personalizados a partir de diferentes combinações de configurações, disponibilidade imediata, prazos de entregas mais rápidos ou a conveniência de agendar com precisão um recebimento. Isso mostra a importância da definição da estratégia logística mais adequada ao modelo de negócio, baseada em custo ou em diferenciação.

“O uso de tecnologia contribui muito para baratear o custo logístico. Sinceramente, não vejo nenhuma razão para uma pessoa que necessite de logística, qualquer um que venda online, por exemplo, não utilize tecnologia a seu favor.”

Segundo Franco, da Loocal, o custo de softwares de gestão é extremamente baixo e muitos canais de venda já oferecem opções gratuitas inclusas. Já existem aplicativos, por exemplo, que permitem pagar apenas por entregas realizadas, podendo repassar esse custo ao consumidor final, ou absorvendo em sua margem. Não há mais o porquê em seguir de forma manual. “O que o cliente pensa estar economizando faz com que ele esteja perdendo o tempo que poderia utilizar para realizar vendas e analisar os dados para aprimorar seu negócio. Fora riscos com custos altos em uma frota fixa, aumento de folha e ameaças que envolvem o trabalhador informal, quando este se torna uma necessidade recorrente.”

Na visão de Covi, da ABB Brasil, a automação de processos é a chave para as empresas reduzirem custos, elevando a produtividade e eficiência. Em um mundo cada vez mais digitalizado, investir em tecnologia/inovação na área é crucial para que as empresas se mantenham competitivas. O custo para quem não acompanhar os avanços tecnológicos certamente será bem maior. 

“E os investimentos em automação robótica têm resultado em ganhos para diversos setores. É o caso da Nestlé no Brasil, que adotou recentemente uma célula robótica colaborativa inédita para a área de paletização de suas fábricas de chocolate. Utilizando um robô industrial e tecnologia de sensores de movimentos, a solução permitiu a entrada, com segurança, de trabalhadores na área operacional para acelerar as trocas de paletes. O resultado foi uma melhora da produtividade do processo de paletização em 53%, reduzindo os custos de manutenção e contribuindo para uma operação mais ágil e eficiente.”

“No caso da Automni, com os nossos clientes sempre começamos por um estudo econômico que resulta em um ROI (return on investment) e um payback. Nosso segmento – bens de consumo – busca paybacks menores do que 3 anos e ROI de pelo menos 10%. O desafio para quem quer adquirir uma nova tecnologia é justamente trazer para o cálculo desses indicadores, de forma numérica, os benefícios que surgirão com a projeto. Esse exercício requer o envolvimento de diferentes áreas do negócio (comercial, fábrica, logística, RH, etc.) e diferentes camadas hierárquicas (operacional, tático e estratégico). Uma solução que grandes corporações têm adotado para conseguir juntar essas áreas e assim justificar o orçamento para a tecnologia, é a criação de um time de inovação cujo papel é facilitar a comunicação entre os stakeholders”, dizem, agora, Holanda e Abrami, da Automni

Sob a ótica econômica, o potencial de contribuição da tecnologia/inovação na logística para a redução dos custos mantém uma relação direta com duas principais variáveis do negócio. “A primeira é a escala: empresas com maior volume de transações, mercados, clientes, produtos, etc. naturalmente possuem maior facilidade para recuperar os investimentos em novas tecnologias. E a segunda é o custo da mão de obra: companhias e economias intensas em mão de obra, ou com custos elevados de folha, tendem a se beneficiar mais rapidamente do aumento de produtividade proporcionado pela nova tecnologia.”

Ainda na análise de Itani, da EY, sob uma ótica de mais longo prazo, uma reflexão final: a história mostra que o custo de não inovar pode inesperadamente se revelar altíssimo – podendo, inclusive, custar a continuidade do negócio ou de um setor inteiro como o conhecemos. “Faz-se necessário, assim, um exercício contínuo – identificar quando a inovação pode trazer economia e aumento de competitividade, mas também quando ela é um imperativo para a sobrevivência.”

Já Alvarez, da Raízen, lembra que o custo de implementar a tecnologia/inovação depende do grau de maturidade que a empresa deseja atingir em sua cadeia de distribuição. “Hoje, é implícito que o diferencial competitivo que permite que uma empresa se destacar frente aos seus concorrentes está diretamente ligado ao seu grau de maturidade da cadeia de Supply, sendo o nível mais avançado o de ecossistema de orquestração, no qual a digitalização e otimização de processos é core para o sucesso da excelência na execução.”

O “custo” da aplicação da tecnologia e digitalização em Supply Chain, na realidade, é um investimento estruturante e indispensável para a sobrevivência de qualquer empresa em um ambiente cada vez mais impactado pela volatilidade de premissas e aumento de competitividade, sem esquecer, obviamente, dos custos operacionais.

Já para Carnevalli, da Frete Rápido, a inovação não pode ser vista como um custo. É investimento. Se é um investimento, também é fato que precisa dar retorno. Tudo vai depender de qual etapa na cadeia de suprimentos, qual a necessidade e o tipo de tecnologia que se quer empregar. “No nosso mercado de e-commerce e para o nosso perfil de cliente, temos conseguido contribuir para a conexão entre os canais on/off e os parceiros de entrega. Nosso principal objetivo é moldar o futuro, ao ponto de que o que chamamos hoje de ‘operação de e-commerce omnichannel’ muito em breve seja apenas ‘operação de e-commerce’.”

Isabel, da Kestraa, aponta que a automatização de tarefas operacionais, como triagem e empacotamento de produtos, pode reduzir o número de mão de obra necessária e, consequentemente, reduzir os custos de produção. Além disso, a tecnologia também pode ajudar a otimizar rotas de entrega, permitindo que os usuários escolham a melhor opção entre várias possibilidades. A IoT também pode ser usada para monitorar processos de produção e transporte, permitindo a tomada de decisões mais informadas.

Gautier lembra que tecnologias como o Freto permitem que o caminhoneiro se programe melhor, tenha uma agenda de entregas antes mesmo de sair de casa ou do pátio onde seu caminhão fica estacionado. Isso era impensável há alguns anos. “O resultado é que a inovação tem reduzido o tempo que um motorista roda vazio em busca de novas cargas. Para ter uma ideia, sem a plataforma, um profissional chega a rodar até 150 quilômetros extras à procura de novos fretes a cada entrega no Brasil. Imagine o quanto essas distâncias representam tanto nos custos e no desgaste do veículo quanto no lado físico e emocional do caminhoneiro.”

Ainda segundo o CEO do Freto, com as novas ferramentas, além de se planejar, é possível escolher as cargas mais adequadas ao seu veículo, à sua experiência e às rotas onde costuma circular. Esses e outros fatores contribuem para reduzir os custos do frete, melhorar as margens das partes envolvidas no processo e ainda tornar o trabalho mais amigável e acolhedor. Fabricio, da onBlox, também aponta que o apoio de ferramentas assertivas é essencial para chegarmos aos objetivos de reduzir custos sem enfrentar percalços.

Diante disso, tecnologias como Gerenciamento de Armazém (WMS) auxiliam na organização do espaço, evitando a perda de mercadorias, seja por armazenamento incorreto ou validade, e permitindo mais economia de tempo e simplificação das tarefas. Tudo isso impacta diretamente no caixa, pois é possível reduzir a quantidade de colaboradores no armazém, direcionando-os para atividades mais estratégicas e evitando excessos de trabalho, como horas extras ou problemas no armazém.

Outra facilidade é também com Sistemas de Gerenciamento de Frotas (TMS), que permitem mais organização das frotas, auxiliando com relação ao gasto de combustível e cuidado com os automóveis, por exemplo, avisando as necessidades de revisões preventivas e evitando gastos emergenciais.

Além disso, Sistemas de Gerenciamento de Entrega (DMS) tornam o processo de entrega muito mais rápido e eficaz. Isso porque eles conseguem mapear as rotas ideais a partir do melhor custo-benefício, organizar a ordem das cargas no caminhão, de modo a aproveitar ao máximo a cubagem do automóvel. Outro ponto fundamental está no controle de gastos dos motoristas nas viagens, com possibilidade de ter o status de cada entrega, o que aumenta a transparência do processo, além de informar dados de check-in e checkout do profissional.

“Todas essas tecnologias trazem grandes resultados para a economia do setor logístico. Quando utilizadas em conjunto podem ser ainda mais potencializadas. Pois devemos entender que logística é um custo, e como todo custo dentro da empresa deve ser medido e controlado”, completa o diretor da onBlox.

Outros benefícios da tecnologia no Supply Chain e na redução de custos são apontados por Schmeing, da IBL Logística: ela pode cruzar informações para identificar fornecedores com custos menores, encontrar formas de obter um maior benefício ou, ainda, avaliar de forma remota a hora de fazer uma parada de um veículo ou equipamento para uma simples troca de peças. “Muitas empresas estão implementando tais tecnologias para ter o controle para um melhor aproveitamento de certas inovações e, com isso, reduzir custos operacionais, através da integração de diversas ferramentas mobile, acelerando a tomada de decisão através do uso de dados precisos e atualizados, garantindo uma melhor prestação de serviço ao cliente.”

E Reina, da RoutEasy, acrescenta: o investimento em tecnologia tem um retorno muito rápido, pois oferece não só processos mais ágeis e de maior performance, mas também é uma ferramenta para aumentar a satisfação do cliente, o crescimento dos negócios e a reputação da marca, e isso tem um grande valor na conquista de market share. Além do retorno momentâneo aparente, a longo prazo, a tecnologia permite ganho de tempo, uma vez que automatiza processos e permite que os seres humanos foquem em atividades e demandas que necessitam do apoio humano.

“A implementação destas tecnologias traz benefícios significativos em termos de custos e incremento de receita, como: redução de inventário; redução de custo operacional; redução de custo de frete; redução no lead time de atendimento; melhoria no nível de serviço ao cliente; incremento de receita, seja pela redução de rupturas ou pelo ganho de competitividade. Em geral, projetos de implementação destas tecnologias acabam se pagando. Porém, não acredito ou defendo tecnologia por tecnologia. Em minha opinião, devemos realizar cuidadosa análise de retorno em cada projeto e adequar os custos às realidades do negócio de forma a obter retorno sobre o investimento”, completa Azarito, da Softtek Brasil.