O presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), Sergio Gaudenzi, sugeriu que a transferência do Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, o Galeão, para o governo do Rio de Janeiro ou mesmo para a iniciativa privada desequilibraria as contas da estatal, responsável por administrar 67 aeroportos brasileiros.
De acordo com Gaudenzi, é com as receitas obtidas com 12 aeroportos lucrativos – entre os quais o Galeão ocupa lugar de destaque – que a Infraero obtém parte importante dos recursos utilizados para pagar suas contas e manter os investimentos em outros 55 equipamentos que, hoje, dão prejuízos à estatal.
“Como é que eu faço com os aeroportos [deficitários] na hora em que eu entregar [os lucrativos]?”, questionou Gaudenzi. “Os recursos vão ter que sair do Orçamento da União. Ou seja, todo cidadão vai pagar [pela manutenção e melhoria da infra-estrutura aeroportuária], mesmo quem não viaja de avião”, afirmou anteontem (26).
A transferência da administração do Galeão para o estado do Rio de Janeiro é defendida pelo governador Sérgio Cabral que na última quarta-feira (25) informou que irá encaminhar à Casa Civil uma proposta nesse sentido. Cabral afirmou que faria parcerias com a iniciativa privada para administrar o equipamento, segundo ele, mal aproveitado.
Gaudenzi afirmou que, apesar de ser uma empresa pública vinculada ao Ministério da Defesa, a Infraero apenas recebeu da União a concessão para explorar o aeroporto, não interferindo na decisão do governo de atender ou não o pedido do governador do Rio de Janeiro. “Eu tenho uma opinião contrária [à transferência], mas não sou eu quem resolve. Se o governo decidir que o Galeão deve ser privatizado, ele pertence ao governo”. Gaudenzi, no entanto, afirmou não ter ouvido de qualquer representante do governo federal “nenhuma fala no sentido da privatização”.
O presidente da Infraero também antecipou alguns pontos da conversa que teve ontem (27) com o secretário de transportes do Rio de Janeiro, Júlio Lopes, e com deputados federais pelo estado. Além de discutir a gestão e os problemas do Galeão, Gaudenzi disse que iria apresentar detalhes do cronograma físico e financeiro das obras de revitalização dos terminais de operações 1 e 2 do aeroporto, além da reforma do pátio, pistas e do sistema de sinalização.
A assessoria da estatal afirmou hoje (27) que apenas os deputados Otávio Leite (PSDB), Ayrton Xerez (DEM) e Fernando Gabeira (PV) compareceram à reunião. E informou que após duas licitações mal-sucedidas, em que nenhuma empresa se habilitou, a Infraero está prestes a realizar uma nova concorrência para escolher a construtora que tocará o projeto de reforma e modernização do Terminal 1.
O custo da reforma do Terminal 1 está estimado em R$ 135 milhões e a previsão é de que a obra dure cerca de 24 meses. Quando concluída, a reforma elevará a capacidade do aeroporto dos atuais 7 milhões de passageiros anuais para 10 milhões.
Gaudenzi, no entanto, havia comentado que antes de iniciar as obras do Terminal 1, será preciso concluir a ampliação e a modernização do Terminal 2. “O grande drama no Rio de Janeiro é que eu não posso fechar o aeroporto. Eu tenho que trabalhar com ele funcionando. E será preciso deixar o Terminal 1 só no osso e refazer tudo em duas etapas, pois ele está muito ruim.”
A ampliação da capacidade do terminal de 8 milhões para 10 milhões de usuários anuais deverá custar cerca de R$ 284,5 milhões.
Fonte: Agência Brasil
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