A marca Volkswagen ingressa no mundo dos caminhões extrapesados em um momento desafiador para a indústria. A demanda por esses veículos cresce no ritmo do agronegócio, mas os limites impostos pela pandemia de Covid-19 influem nos postos de trabalho e na chegada de insumos.
A linha de produção localizada em Resende (RJ) recebe agora o Meteor. O veículo ocupa o espaço de três ou quatro carros pequenos e apenas o motor turbodiesel pesa o mesmo que um sedã médio inteiro. A potência chega a 520 cv na versão de maior capacidade.
O foco no agronegócio levou ainda ao desenvolvimento de uma versão do modelo Constellation voltado para o uso off-road em canaviais e plantações de eucalipto, por exemplo.
A fábrica passa pela etapa chamada curva de aceleração. O ritmo é intensificado para fazer estoque e iniciar a distribuição dos novos caminhões pelas 145 concessionárias espalhadas pelo Brasil.
Com a pandemia, são necessários dois turnos de trabalho para produzir a mesma quantidade que antes era feita em uma única jornada. Todos os funcionários do chão de fábrica estão de volta, exceto aqueles que fazem parte de grupos de risco.
Não houve demissões. O complexo de Resende emprega 4.100 funcionários.
Adilson Domingos Dezoto, vice-presidente de produção e logística da VWCO (Volkswagen Ônibus e Caminhões), diz que horas extras e um terceiro turno são alternativas para atender a um aumento de demanda. Mas há outros fatores que influenciam na maior ou menor eficiência da linha de montagem.
Dezoto explica que a crise na indústria química leva à falta de insumos como borracha, pigmentos de tinta e alguns compostos. Há também escassez de aço no mercado.
Para o executivo, os fornecedores precisam retomar a confiança e voltar a produzir em maior escala, de acordo com a capacidade instalada.
Entretanto, todos passam pelo mesmo problema de adequação aos novos regimes sanitários enquanto se recuperam da ruptura na cadeia de produção causada pela pandemia.
Na outra ponta, a demanda pelos veículos extrapesados se mantém alta. Até agora, a VWCO só oferecia um modelo nesse segmento, o TGX, da marca MAN. Com o Meteor, quer repetir o sucesso obtido no segmento de caminhões leves, em que o modelo Delivery se destaca.
Em uma volta pela pista de testes que faz parte do complexo de Resende, o Meteor mostra o quanto modelos capazes de transportar dezenas de toneladas cada vez mais se parecem com carros de luxo.
O caminhão que custa R$ 590 mil traz câmbio automatizado, direção leve e ar-condicionado. A geladeira instalada entre os assentos dianteiros têm marcador digital de temperatura.
O banco do motorista tem regulagens pneumáticas. O condutor pode escolher o nível de amortecimento de acordo com o piso.
O mercado do Meteor é terra de gigantes, habitada por Volvo FH 540, Scania R500, Mercedes Axor e DAF XF 105. É o segmento mais rentável da indústria automotiva nacional, e todos são produzidos no Brasil.
Fonte: Folha de S. Paulo