O grupo Votorantim iniciou na última quinta-feira (23) operações em sua mais nova fábrica de cimento no país, em meio a uma das crises mais fortes do setor nos últimos anos, mas de olho no potencial de crescimento da região centro-norte do país no médio prazo.
A unidade, instalada em Primavera (PA), tem capacidade para produção de 1,2 milhão de toneladas de cimento por ano e é a segunda da maior fabricante brasileira do insumo no Estado e a terceira da empresa na região Norte.
A fábrica consumiu investimentos de R$ 860 milhões para ficar pronta e inicia suas operações em meio a uma expectativa de retração do consumo de cimento do mercado interno de 15% neste ano, afirmou o presidente da companhia, Walter Dissinger.
“A fábrica de Primavera é o fim do ciclo Brasil de investimentos”, afirmou o executivo. “A região cento-norte é uma região de crescimento no médio prazo. Há grande deficit nos segmentos de infraestrutura e imobiliário na região do centro-norte, sobretudo no Pará”, afirmou Dissinger, acrescentando que Estados como o Amapá continuam importando cimento, algo que a Votorantim deverá suprir com a abertura da nova unidade.
De janeiro a maio, as vendas de cimento no Brasil acumularam queda de 13,9% em relação a um ano antes, a 23,2 milhões de toneladas, segundo dados de associação que representa os fabricantes do insumo, Snic.
“Estamos esperando que o mercado caia cerca de 15% neste ano, depois de recuar 10% no ano passado. Mas vemos sinais positivos nas medidas que estão sendo tomadas pelo governo que devem levar a uma retomada na indústria, o que deve ajudar no consumo do cimento. Acreditamos que isso deve ocorrer no ano que vem”, afirmou Dissinger.
“É muito difícil falar que vai crescer (o mercado) ano que vem, mas realmente essa retração forte com certeza vai desacelerar bastante ou mesmo passar a crescimento”, acrescentou o executivo.
Com a abertura de Primavera, a Votorantim Cimentos se volta a projetos de melhoria da eficiência no Brasil, apostando em substituição do coque por outros insumos em seus fornos, enquanto segue mirando em expansões fora do país, com foco em países como Estados Unidos, Marrocos, Turquia e Bolívia.
“No Brasil, são projetos de eficiência energética, vamos aumentar investimentos nisso. Não temos planos para novas expansões de capacidade no Brasil nos próximos 18 meses”, afirmou Dissinger.
Segundo ele, nos EUA a Votorantim Cimentos considera como mercados de crescimento importante a região dos Grandes Lagos e a Flórida, com o consumo de cimento nestas regiões subindo dois dígitos no ano passado. Do outro lado do Atlântico, a empresa está vendo o mercado marroquino crescendo este ano a um ritmo de 4% a 5%, enquanto permanece de olho na Turquia, onde o PIB avançou 4% no primeiro trimestre sobre um ano antes. “Estamos vendo uma oportunidade enorme de participar no mercado de Anatólia”, disse o executivo.
Dissinger afirmou que a Votorantim Cimentos segue com planos de abrir seu capital em bolsa de valores, mas a perspectiva é no médio prazo. “Naturalmente, neste momento o mercado não está muito propício para fazermos um IPO. Defendemos a janela certa para que isso ocorra.”
Na frente de aquisições, o executivo comentou que a Votorantim Cimentos não tem planos para compras de ativos no Brasil, mas que segue estudando oportunidades fora do país.
Fonte: Folha de S. Paulo