A WayCarbon, considerada a maior consultoria estratégica com foco em sustentabilidade e mudança do clima na América Latina, acaba de anunciar o lançamento da Freight Emissions API, solução desenvolvida para auxiliar as empresas no cálculo da emissão de gases de efeito estufa (GEE) da operação de transporte rodoviário, contribuindo para a agilidade no cálculo de milhões de trechos que fazem parte da logística cotidiana das organizações.
A ferramenta permite que as companhias transponham seu principal desafio ao lidar com esse tema, que é a variabilidade das informações disponíveis. Mais especificamente, a API, solução que realiza a interface entre aplicações, pode receber desde informações completas, como distância percorrida, tipo de veículo e peso, por exemplo, até informações menos detalhadas, como o valor gasto com combustíveis.
O cálculo resultante pode ser usado para diversas finalidades, desde a inserção nos escopos 1 ou 3 do inventário de emissões de GEE da companhia, até a mudança de estratégia no planejamento logístico.
Segundo o último relatório ‘Estimativas Anuais de Emissões de Gases de Efeito Estufa’, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, as emissões de GEE do modal rodoviário no Brasil atingiram 123 MtCO2 em 2020, o que representa 7,4% do total emitido no país, naquele ano. Os veículos de maior porte, como caminhões e ônibus, são responsáveis por metade do total atingido no setor.
Carla Leal, diretora de Digital da WayCarbon e responsável pelo lançamento, avalia que a solução oportuniza um olhar estratégico sobre as emissões oriundas desse segmento, prática ainda incipiente no Brasil. “As empresas possuem operações logísticas muito complexas que, dependendo da atuação, podem ser responsáveis por um volume significativo de emissões de gases de efeito estufa. Por essa razão, criamos uma API que permite calcular as suas próprias emissões, de forma integrada aos sistemas de logística. A solução abre muitas oportunidades para que as companhias aprimorem as estratégias de descarbonização.”
A Freight Emissions API foi desenvolvida com a possibilidade de integração com diferentes aplicações do ecossistema de gestão das empresas, de modo a oportunizar a descarbonização em áreas distintas da logística com eficácia e dinamismo, como explica a executiva. “Ao incorporar informações sobre emissões de GEE aos sistemas ERP, por exemplo, a empresa pode adicionar essa informação aos seus dashboards de gestão da cadeia de suprimentos, provendo possibilidades de monitoramento e o estudo de alternativas para redução das emissões de GEE, como o estabelecimento de centros de distribuição em outros locais ou a substituição de fornecedores de transportes. Outro exemplo é a integração aos sistemas de roteirização de fretes, quando as empresas podem passar a comparar o volume de emissões de GEE entre rotas alternativas, incorporando essa variável ao processo de decisão da roteirização.”
A Rodoclube, empresa de tecnologia focada em trazer soluções que atendam às necessidades do transportador de ponta a ponta, foi precursora na adoção da ferramenta. “Em 2022, percorremos 43 milhões de quilômetros e percebemos que era muito importante olhar para toda a parte ambiental. Assim, surgiu o Estradas Verdes, que irá contemplar diversas iniciativas, como a gestão das emissões de gases de efeito estufa, logística reversa e tratamento de resíduos, por exemplo” conta Matheus Chiquito, conselheiro da Rodoclube.
“A Freight Emissions API, desenvolvida pela WayCarbon, nasce como a primeira iniciativa do Estradas Verdes. Por meio da API, poderemos calcular as emissões de gases de efeito estufa para as mais de 207.000 operações logísticas que realizamos no ano passado, bem como passar a calcular para cada trecho rodado em 2023. Estamos sempre atentos às mudanças tecnológicas que podem contribuir para a redução das emissões de GEE da logística. Enquanto as tecnologias não se tornam técnicas e financeiramente viáveis, também iremos oferecer a possibilidade de neutralização do frete”, explica Maurício C. Cavalheiro, conselheiro da Estradas Verdes.
Desafios para a descarbonização da área de logística
O setor de logística possui desafios característicos, pois precisa de soluções capazes de contabilizar as emissões entre todos os elos, de transportes próprios a terceirizados, como caminhões que fazem os trajetos dos fornecedores às fábricas, ou veículos leves que realizam o último trecho, como a entrega aos clientes, considerando a variação das emissões dos diferentes tipos de combustíveis utilizados por esses diferentes tipos de veículos.
O aumento ou redução do uso de biodiesel no diesel, ou a variação no percentual de etanol na gasolina, por exemplo, fazem com que as emissões de GEE de um mesmo trecho possam ter variações no volume em dois períodos distintos, ainda que o transporte tenha sido realizado pelo mesmo veículo.
O desafio particular na rota para descarbonização requer investimentos e soluções específicas de acordo com as barreiras do segmento. Carla explica que a nova solução da WayCarbon considera as dificuldades da área. “A gestão das emissões do setor de logística requer uma solução digital própria, com uma visão holística, por tantas variáveis características que possui. Os desafios da logística passam por questões como substituição tributária, qualidade da infraestrutura, disponibilidade e custo da adoção de novas tecnologias, dentre tantos outros. Lançamos a ferramenta com essa atenção, visando contribuir com dados que viabilizem a incorporação da questão climática como parte desse cenário mais abrangente.” Todas as empresas que utilizam frota rodoviária podem contabilizar suas emissões com a solução.
A API integra sistemas provendo flexibilidade para a criação de diferentes tipos de aplicações, como:
– Aprimoramento de cálculo do inventário de emissões de GEE – Empresas que possuem metas de redução, em especial empresas que possuem metas baseadas na ciência (SBT) ou Net Zero, devem contemplar as emissões de GEE da sua frota própria e de sua cadeia de suprimentos, sejam essas emissões parte do escopo 1 ou do escopo 3 de seu inventário. A API permite que quaisquer formatos de informações disponíveis sejam calculados com a metodologia correta. Quanto maior a acurácia da informação enviada, maior a precisão no cálculo do volume de emissões de GEE; Roteirização de frete – Em um país em que o principal modal de transporte é o rodoviário, frequentemente o custo do frete é componente relevante para as margens financeiras dos negócios que envolvem a distribuição de produtos. Assim, o tema da roteirização do frete tende a levar em consideração diferentes variáveis, como a distância, segurança e legislação tributária. Com o uso da API, as emissões de GEE podem não apenas ser conhecidas, como também precificadas, passando a incorporar a inteligência de decisão da roteirização final; Análise de viabilidade econômico-financeira da substituição de frotas – A eletrificação de frotas é tema recorrente no setor e passa por inúmeras considerações, como a disponibilidade de metais para a manufatura de baterias, a disponibilidade de infraestrutura para abastecimento nas rodovias e a viabilidade técnica para grandes veículos, apenas para citar algumas delas. A quantificação e precificação das emissões de GEE, a projeção de cenários baseados em precificações futuras advindas de taxações de emissões de GEE, ou créditos de carbono, e o posicionamento da empresa na agenda climática também são considerações essenciais na construção de modelos econômico-financeiros para avaliação da viabilidade dessa transição tecnológica. A Freight Emissions API provê os dados necessários que podem ser incorporados aos modelos de análises estratégicas de substituição de frotas; Frete neutro – A neutralização do frete deve sempre ser entendida como uma estratégia complementar a outras iniciativas de mitigação que a empresa já possua. A simples compensação das emissões – ou, em outros termos, a aquisição de créditos de carbono em volumes equivalentes às emissões, sem outras medidas de redução, – é uma prática inadequada e que pode expor a empresa a questionamentos. Transportadoras que queiram oferecer o frete neutro aos seus clientes ou empresas com logística própria que compensem suas emissões precisam se assegurar de que estejam agindo em consonância com as melhores práticas preconizadas por cientistas e especialistas em mudanças do clima.